sábado, 26 de novembro de 2011

Chovia nos olhos de Luzia


Breves, maio de 2007


Vão na canoa a mãe
A filha
A avó, a pirralha
A cria
E remando à noite
Implorando
Se humilha
Esmolando um pão
À míngua

Balançando as mãos
Que pediam
O assombro, o escárnio
Ouviam
Jogando ao rio o resto
De si, valia
O que não servem a mim
A ti, vazia

E a garota na proa
Empilha
A vergonha
As bolachas
A vasilha
É lindo o limo
Pra maresia
Bem melhor
Que este indigno
Das vias

Mendigando no casquinho
No escuro
De dia
Desviando o natural
Da trilha
O imundo disforme
Sugeria
Pra uma saia abaixada
Agia

E as mulheres rezavam
Para Luzia
A santinha da luz
Que via
Se esvaírem pro limbo
A alegria
Então chorava
E nas cabeças
Chovia.
Pantoja Ramos
Enviado por Pantoja Ramos em 26/11/2011
Código do texto: T3358418

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ilha das Cinzas ganhe prêmio FINEP da Região Norte em Tecnologia Social


Foto: FASE

Caríssimos,

Acabei de receber a notícia que a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas – ATAIC, de Gurupá foi o vencedor da categoria Tecnologia Social da Região Norte.

Trabalho exposto: Manejo Comunitário Integrado dos Recursos Ambientais.

Parabéns!


____________________________


FINEP entrega Prêmio de Inovação da Região Norte em Porto Velho


Nesta quinta-feira (24/11), acontece a cerimônia de entrega dos troféus aos vencedores da região Norte do Prêmio FINEP de Inovação 2011. O estado do Amazonas lidera a disputa, com seis  dos nove concorrentes. O evento será na sede da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), em Porto Velho (Sala de Convenções, rua Rui Barbosa, 1112, Arigolândia).
Os primeiros colocados regionais em cada categoria vão concorrer à etapa Nacional, com premiação na primeira quinzena de dezembro, em Brasília. A data depende de confirmação pelo gabinete da Presidenta Dilma Rousseff.
Todos os vencedores estão habilitados a receber recursos não reembolsáveis, que variam de R$ 120 mil a R$ 2 milhões, dependendo da categoria premiada,  totalizando R$ 17 milhões. A verba é para ser usada no desenvolvimento de projetos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Nesta edição, houve sete categorias – Instituição de Ciência e Tecnologia, Micro e Pequena Empresa, Média Empresa, Grande Empresa, Tecnologia Social e Inventor Inovador (apenas para candidatos com patente depositada no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial e efetiva comercialização de suas criações nos últimos três anos). A região Norte não teve concorrentes nas categorias Média Empresa e Grande Empresa. A categoria Inventor Inovador teve quatro inscritos, que não foram pré-qualificados.


Os finalistas, em ordem alfabética, são:
Categoria Pequena Empresa
- Amazongreen Indústria de Comércio de Cosméticos e Perfumaria da Amazônia Ltda  (AM)
- Amazon Dreams Ind. Com. LTDA (PA)
- Ana Maria Reis Vieira (AM)
 
Categoria Instituição Científica e Tecnológica ICT
- Fucapi - Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (AM)
- Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Des. Paulo dos Anjos Feitoza (AM)
- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (AM)
 
Categoria Tecnologia Social
- Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas – ATAIC (AP)
- Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) (PA)
- Fucapi - Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (AM)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Carta do Território da Cidadania do Marajó


Ponta de Pedras, 20 de Novembro de 2011.


O Território da Cidadania do Marajó, através do Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó - CODETEM, juntamente com FETAGRI, Instituto Peabiru, Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sindicatos de Profissionais da Educação, Colônias de Pescadores, comunidades agroextrativistas, comunidades quilombolas, Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó, deputados, vereadores, organizações não governamentais e entidades governamentais federais, estaduais e municipais reuniram-se nos dias 18,19 e 20 de novembro, no auditório de Cristo da Praia, Município de Ponta de Pedras, para realizar o I ENCONTRO DE GESTÃO TERRITORIAL DO MARAJÓ: Um Olhar Marajoara.

Esta Carta resume as principais demandas levantadas durante os debates sobre a regularização fundiária na Mesorregião do Marajó, bem como da gestão das áreas já destinadas, seja para uso sustentável, seja para a proteção ambiental. Assim, elencam-se como exigências para o avanço territorial no Marajó:


Eixo I: Regularização Fundiária e legislação agrária
ü  Que a Agência Nacional das Águas se manifeste oficialmente sobre a classificação do rio Pará para fundamentar estratégias de regularização de terras a nível federal ou estadual;
ü  Que o Governo do Estado informe à população e implemente o Cadastro Ambiental Rural – CAR;
ü  Que o ITERPA considere os processos coletivos e históricos de uso da terra por comunidades tradicionais para a sua regularização;
ü  Que a Superintendência de Patrimônio da União ao conceder as terras de sua jurisdição para as comunidades, georreferencie tais áreas para uso coletivo;
ü  Que a União e Estado se manifestem oficialmente sobre a regularização fundiária das grandes propriedades rurais no Marajó;
ü  Que o INCRA e a SPU definam critérios e regularizem as terras centrais da Ilha e da parte continental do Marajó em benefício de produtores rurais e famílias agroextrativistas;
ü  Que o INCRA faça os estudos antropológicos para dar agilidade à titulação de terras coletivas das comunidades quilombolas de Salvaterra, Curralinho, Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras e Chaves em tramitação;
ü  Que o INCRA e ITERPA dinamizem a criação de novos PAEs  e PEAEX’s no Marajó;
ü  Que SPU, INCRA e ITERPA elaborem mapa de jurisdição de suas ações e socializem para a população;
ü  Que a SPU efetive a regulamentação da área coletiva da vila Recreio do Piriá do Município de Curralinho;
ü  Que o ICMBIO priorize em 2012 a finalização dos Planos de Manejo da RESEX Mapuá, RESEX Terra Grande Pracuúba, RESEX Soure, RDS Itatupã-Baquiá e Floresta Nacional do Caxiuanã, esta com atraso de 46 anos! 


Eixo II: Criação de Unidades de Proteção Integral no Marajó:
ü  Que SEMA, famílias tradicionais da ilha Charapucu, Sindicato de Trabalhadores Rurais e Colônia de Pescadores e AMAM firmem Termo de Ajuste de Conduta de 5 (cinco) anos para amadurecer a melhor forma de gestão do Parque Charapucu, em Afuá;
ü  Que ICMBIO, SEMA, MMA, IBAMA, prefeituras dos municípios do entorno e comunidades tradicionais locais discutam a proteção do lago Arari;
ü  Que SEMA repense a Unidade de Proteção Integral da Costa de Soure para uma Unidade de Uso Sustentável, envolvendo a pesca artesanal como estratégia de proteção;
ü  Que SEMA promova seminários para esclarecimentos da intenção da criação de unidades de proteção integral na região central da Grande Ilha do Marajó;
ü  Que SEMA promova seminários para esclarecimentos da intenção da criação de unidade de proteção integral na Ilha Caviana, em Chaves;
ü  Que a SEMA, IBAMA, MMA e ICMBio discutam com a prefeitura, movimento social de Muaná e produtores rurais locais a criação da unidade de conservação de proteção integral nos berçários naturais na região norte de Muaná (Alto Anabijú, Tauá e região de campos);
ü   Que Ministério da Pesca e Aquicultura, IBAMA e Secretaria Estadual de Pesca e Aquicultura implementem os acordos de pesca para contribuir na proteção ambiental do Marajó.

Eixo III: Candidatura do Marajó a Reserva da Biosfera:
ü  Que SEMA elabore agenda conjunta com o CODETEM, FETAGRI, AMAM para acordos na pauta da defesa do Marajó como Reserva da Biosfera da UNESCO;
ü  Que SEMA, CODETEM, FETAGRI, AMAM promovam debates municipais sobre as vantagens e desvantagens da criação da Reserva da Biosfera do Marajó.

Eixo IV: Zoneamento Ecológico Econômico
ü  Que SEMA apóie a descentralização das secretarias municipais de meio ambiente no Marajó para fortalecer a gestão e a implantação do zoneamento ecológico-econômico;
ü  Que os municípios promovam seminários de gestão territorial para indicar áreas para conservação e proteção integral.
ü  Que o IPHAN, Museu Emílio Goeldi e UFPa contribuam no ZEE através da identificação de sítios arqueológicos;
ü  Que a SPU e municípios construam plano de trabalho para a definição das Léguas Patrimoniais;
ü  Que SEMA, CODETEM, FETAGRI, AMAM liderem debates municipais sobre o zoneamento ecológico-econômico do Marajó.

QUE A CASA CIVIL DA PRESIDENCIA DA REPÚBLICA SE MANIFESTE SOBRE A EFETIVAÇÃO DO PLANO DO MARAJÓ.

Destacam-se como pontos marcantes deste evento os esclarecimentos sobre a legislação fundiária atual; a constatação que a candidatura do Marajó a Território da Biosfera precisa envolver os 16 municípios da mesorregião; a necessidade da proteção da fauna e da flora do Marajó ter a participação decisiva dos marajoaras.

Assinam este documento:

Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Marajó – CODETEM
Federação de Trabalhadores da Agricultura no Estado do Pará – FETAGRI
Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó – AMAM
Conselho Nacional de Populações Extrativistas – CNS
Universidade Federal do Pará - UFPA
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Curralinho
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portel
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muaná
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ponta de Pedras
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeira do Arari
Prefeitura Municipal de Melgaço
Prefeitura Municipal de Ponta de Pedras
Prefeitura Municipal de Chaves
Prefeitura Municipal de Curralinho
Prefeitura Municipal de Muaná
Prefeitura Municipal de Breves
Colônia de Pescadores Z-85- Afuá
Colônia de Pescadores Z-59 – Muaná
Colônia de Pescadores Z-37 – Curralinho
SEMAPESCA-Muaná
Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará/SINTEPP-São Sebastião da Boa Vista
Associação Extrativista dos Ribeirinhos do Marajó – ASGRORIMA- Melgaço
Associação Quilombola de Bacabal - Salvaterra
Coordenação das Associações de Remanescentes de Quilombo do Estado do Pará - Malungo
Rede de Educação Cidadã – RECID
Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura – SEPAq
Instituto Peabiru/ Programa Viva Marajó
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER/ regional Marajó
Movimento de Mulheres do Marajó
Vereador Marquinho Baratinha – Curralinho
Vereador Paulo Ronaldo – Curralinho
Vereador Paulo Silva – Curralinho
Vereador Jair Reis – Curralinho
Vereador Edinaldo Silva – Curralinho
Deputado Federal Miriquinho Batista
Superintendência de Patrimônio da União - SPU
Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade – ICMBIO
Secretaria de Estado de Agricultura – SAGRI
Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA
Ministério da Pesca e Aqüicultura - MPA


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Rio terá exibição de documentário sobre Marajó

Na próxima quinta, dia 17 ocorre no Rio de Janeiro apresentação única do documentário "Expedição Viva Marajó", uma produção do Instituto Peabiru e dirigido por Regina Jehá. O filme, de 54 minutos, é um retrato contundente da realidade da população e o ambiente da ilha fluvial localizada no delta do Amazonas. Ele debate as alternativas econômicas para a sobrevivência de comunidades que dependem exclusivamente do extrativismo. 


A exibição fará parte da abertura do VI Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental e contará com a presença da diretora. Além de ser exibido aos personagens do documentário nos 16 municípios do Arquipélago de Marajó, “Expedição Viva Marajó” participou do Festival International de Filmes "Pêcheurs du Monde", do 9º Ischia Film Festival e do 6º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. 

Abaixo veja o trailer do filme

 http://www.youtube.com/watch?v=QchQoFiZ3wM

Serviço:

Apresentação do Documentário Expedição Viva Marajó.
Data: 17 de novembro de 2011 às 20h.
Local: Cúpula do Planetário na Gávea, Rua Vice-Governador Rubens Berardo, 100, Gávea, Rio de Janeiro.- Ao lado da Puc-Rio

Fonte da informação: http://www.oeco.com.br/curtas/25440-rio-tera-exibicao-de-documentario-sobre-marajo







Exibição do Filme Expedição Viva Marajó na cidade de Portel, no Marajó.
Foto: Instituto Peabiru

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Onde foram nossos pais?
Carlos Augusto Ramos

Uma família de árvores saudáveis tem uma grande variedade de idades, incluindo muitos filhos, uma quantidade média de pais e poucos avós. Isso significa que a família vai continuar reproduzindo bem. Quando não há um bom equilíbrio entre a quantidade de filhos, pais e avós, a espécie pode ter dificuldade de reproduzir
e manter a população.

Um estudo sobre a andiroba mostrou que havia muitos filhos, mas poucos pais e quase nenhum avô na região de São João de Jaburu em Gurupá, no Pará. A maioria das árvores tinha menos de 25 centímetros de diâmetro. O que você acha que aconteceu com todos os pais e avós? Foram explorados para a extração de
madeira. Os moradores da comunidade têm a prática de explorar árvores acima de 30 centímetros.

No entanto, hoje, por causa da escassez de andirobeiras adultas, os comunitários se arrependeram e estão repensando o uso da espécie. Por exemplo, as mulheres da comunidade ligadas à Associação dos Produtores do Jaburu estão planejando aproveitar as sementes de andiroba para extrair óleo - que pode ser vendido ou usado ao longo de muitos anos.

Fonte: Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica. Patricia Shanley, Gabriel Medina; ilustrado por Silvia Cordeiro, Antônio Valente, Bee Gunn, Miguel Imbiriba, Fábio Strympl. Belém: CIFOR, Imazon, 2005.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ENCONTRO DE GESTÃO TERRITORIAL DO MARAJÓ - Um Olhar Marajoara

NÃO PERCAM!!


Encontro de Gestão Territorial do Marajó.


De 18 a 20 de Novembro, Ponta de Pedras, Marajó, Pará.



FIlme Expedição Viva Marajó

Caríssim@s,

Dia 22 de novembro (terça-feira) tem Exibição do Filme Expedição Viva Marajó de Regina Jeha.

Horário:  18:30

Local: SESC BOULEVARD (em frente à Estação das Docas).

Divulguem e Prestigiem!

sábado, 12 de novembro de 2011

O Trovador do Jari

Abril de 2006.



Eu vim daqui
Terra dourada
Diz "ó Jari"
A namorada

Serras, florestas
Meu caminhar
Trilhas, trilhos e frestas
Onde meus olhos foram apontar
Apontar.

Alta poesia
Nuvens sob os pés
Rosto-céu da guia
Amores, mil véus

Cubram o seu servo
Macios tururis
E sonho um paraíso
De cem cachoeiras, todinhas Jaris
Mil Jaris.

Filhos dos montes
Brios dos dourados
Crianças das fontes
Pureza dos matos

Bem-te-vis da inocência
Vaga-lumes do amor
Exaltando por pura vidência
E jogando sua luz ao te ver minha flor
Minha flor.
Pantoja Ramos
Enviado por Pantoja Ramos em 06/11/2011
Código do texto: T3320495

Sipam começa hoje a instalar antenas na Amazônia para cadastro de famílias em programas sociais - 11/11/2011



Local: Brasília - DF
Fonte: Agência Brasil - EBC
Link: http://www.agenciabrasil.gov.br/ 


Paula Laboissière
Técnicos do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) começam a instalar hoje (11) as primeiras antenas de comunicação via satélite para cadastro de famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza.  Ao todo, nove missões de campo devem percorrer mais de 9 mil quilômetros de estradas e hidrovias na região.

Os equipamentos vão permitir que os municípios tenham sinal de internet, possibilitando o registro online das famílias no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).  O cadastramento faz parte do Pacto Norte – Brasil sem Miséria, lançado em setembro pela presidenta Dilma Rousseff.

De acordo com o Sipam, as antenas serão instaladas em localidades de difícil acesso na Amazônia.  Nas cidades amazonenses de Tapauá e Canutama, por exemplo, os técnicos devem enfrentar uma viagem de sete dias de barco.  A Fundação Nacional do Índio (Funai) e as Forças Armadas também devem ajudar nas missões de campo.

A previsão é que a instalação das primeiras 24 antenas – de um total de 166 – seja concluída no final de dezembro nas seguintes cidades: Almerim (PA), Novo Repartimento (PA), Pacajá (PA), Redenção (PA), Laranjal do Jari (AP), Ananás (TO), Apuí (AM), Eirunepe (AM), Envira (AM), Guajará (AM), Ipixuna (AM), Pauini (AM), Tapauá (AM), Canutama (AM), Carauari (AM), Manicore (AM), Novo Aripuanã (AM), Tabatinga (AM), Amaturá (AM), Maués (AM), Nova Olinda de Norte (AM), Parintins (AM), Barreirinha (AM) e Urucará (AM).

Edição: Juliana Andrade

domingo, 6 de novembro de 2011

Escolas da RESEX Mapuá receberão alimentos para merenda escolar

Atendendo ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a prefeitura municipal de Breves, lançou edital para aquisição de alimentos para a complementação do cardápio da merenda que é servida nas escolas da Reserva Extrativista Mapuá, unidade de conservação sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na Ilha de Marajó, no Pará.


O trabalho teve início no ano passado como fruto dos esforços de várias instituições. Por meio da parceria entre a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), o Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS), a Associação de Moradores da RESEX Mapuá (AMOREMA), a Agência Alemã GIZ e o ICMBIO, aconteceu a abertura do edital de chamada pública para aquisição de gêneros alimentícios da produção familiar dos moradores da RESEX Mapuá.

Em atendimento a legislação, no início desse semestre foi realizado um evento na Casa Familiar Rural, na Comunidade Bom Jesus, onde os produtores apresentaram a documentação da Associação de Moradores da Resex Mapuá (AMOREMA) para habilitação e projeto de venda de diversos produtos. Essa documentação foi checada pela equipe técnica da Prefeitura e os alimentos foram inspecionados por uma nutricionista.

Entre os alimentos que serão fornecidos às escolas estão frutas, verduras e alguns itens indispensáveis para os moradores locais como a farinha de mandioca e a tapioca. Segundo a Diretora Benedita Costa "Bena", responsável pela alimentação escolar do município, "os produtos adquiridos da agricultura familiar são ricos em vitaminas, minerais e fibras”.

Segundo o técnico do Conselho Nacional de Populações Extrativistas (CNS), Ivanildo Brilhante, esse é o primeiro registro de compra de alimentos produzidos exclusivamente por moradores de uma Reserva Extrativista para abastecer as escolas da rede municipal. Ele também destaca que são muitas as vantagens quando a escola usa na merenda escolar alimentos produzidos localmente ao invés de comprar itens industrializados produzidos em outras localidades distantes

“Isso gera uma fonte de renda adicional para os moradores da Resex, além de servir como incentivo à produção da agricultura familiar e ao consumo de alimentos mais saudáveis. Com certeza esse trabalho pioneiro irá gerar muitos frutos para fomentar o desenvolvimento econômico e social das populações da floresta, garantindo o uso sustentável dos recursos naturais”, finaliza Ivanildo.

VIVA MARAJÓ

Defendemos a candidatura do Marajó como Reserva da Biosfera inserindo de fato as comunidades tradicionais e as populações das cidades marajoaras ao debater seus problemas socioeconômicos, ambientais e culturais. 

Defendemos um Território da Biosfera, pautada em uma economia responsável e inclusiva.

Marajó importante para a humanidade, de riqueza histórica descoberta a cada dia para cadernos de hoje e de amanhã.

Que abraça o estuário do maior Rio do Mundo.

Que reza ou ora para agradecer pela natureza e para pedir dias melhores para sua gente.

Que rema pelos igarapés, que corre pelos campos, que sobe nas palmeiras, que desce para debulhar e deita para sonhar.

Não tenho dúvida: Viva Marajó!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Itatupã-Baquiá: Modalidade Pioneira de Regularização Fundiária em Gurupá

Agosto de 2005


E tudo começou com uma discussão sobre plano de uso dos recursos naturais. A comunidade do São João do Jaburu, em Gurupá, preocupada com o futuro de seus habitantes que vivem do extrativismo do açaí, da pesca, da caça e da extração de madeira, iniciou uma revolução silenciosa de reorientação de como usufruir a floresta que a cerca, seus rios, suas plantações. Um verdadeiro código de postura que proporcionou aos moradores locais e de comunidades vizinhas debater temas ambientais cruciais que, enfim, levaram aos questionamentos sobre a situação fundiária em que viviam.

A partir da constatação de que empresas madeireiras que se diziam donas daquelas terras, de fato não detinham documentos comprobatórios de legitima posse, as comunidades da região do Itatupã-Baquiá  prepararam - com o apoio de entidades como FASE, Sindicato de Trabalhadores Rurais de Gurupá, Câmara de Vereadores, ProVárzea e Conservação Internacional - o pedido de criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) primeiramente a nível municipal.  Tal estratégia foi repensada e direcionada para a esfera federal, uma vez que as famílias envolvidas estavam temerosas em relação às práticas politiqueiras ainda correntes no país. Assim, optou-se pela segurança, apesar de mais dificultosa, do reconhecimento por parte do Governo Federal.

A área decretada pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva, assinada em 14 de Junho de 2005, possui 64.753 ha, envolvendo 142 famílias (cerca de 800 habitantes). Trata-se da primeira reserva do gênero implantada no país, apesar de estar prevista na Lei do Sistema Nacional  de Unidades de Conservação – SNUC. A principal característica de uma RDS é o uso responsável do meio ambiente, com a gestão dos recursos naturais da fauna e da flora conduzidas pela população local e IBAMA.

Os próximos passos após a criação da RDS de Gurupá são o cadastramento dos posseiros, a realização dos estudos biológicos e a ampliação do número de planos de uso comunitários, ferramentas que serão fundamentais na elaboração do Plano de Manejo da RDS. As atividades até o momento desenvolvidas que apontam para a sustentabilidade de ações no Itatupã-Baquiá são:
  • Os planos de manejo florestais madeireiros de pequena escala (PMF familiar) aprovados no IBAMA;
  • O manejo de açaizais nativos diminuindo a exploração desordenada de palmito;
  • O aproveitamento de capoeiras para fins agroflorestais – manejo de pau-mulato;
  • O uso múltiplo de andiroba, com plano de manejo em tramitação no IBAMA-Ap e liderado pelas mulheres da região;
  • O manejo sustentável do camarão como forma otimizada de utilização desse recurso pesqueiro;
  • O fortalecimento institucional de associações comunitárias locais como a APROJA, ATAEDI e ATRAEIB .

Nas circunvizinhanças da RDS, existe um movimento de habitantes que também está trabalhando uma proposta de reserva, desta vez, extrativista (RESEX). O objetivo é, portanto, formar um mosaico de modalidades de unidades de conservação, somadas aos projetos já existentes em Gurupá, como os de Assentamento Agroextrativista em áreas de várzea – com a parceria entre GRPU e INCRA, Cessão de Uso Gratuito, Assentamento Estadual Agroextrativista, Remanescentes de Quilombos e titulação individuais, estes três últimos de alçada do ITERPA. Além disso, já tramita no Conselho Nacional de Populações Tradicionais do IBAMA uma proposta de RESEX que abrange os rios Marajoí e Pucuruí.

Um conselho para as comunidades amazônicas desejosas do direito de viverem em uma RDS,  Reserva Extrativista ou outra categoria de regularização fundiária: comecem a discutir o modo como encaram a natureza. No mínimo estarão ajudando seus filhos e netos a permanecerem em seus lugares de origem. Documentos de terra em favor das comunidades tradicionais? Depende do grau de organização em que estiverem.
Pantoja Ramos
Enviado por Pantoja Ramos em 04/11/2011
Código do texto: T3316301