quinta-feira, 17 de abril de 2014

O Determinante das Riquezas Futuras

Lastro é um termo que vem da engenharia e que se dirige a qualquer material usado para aumentar o peso ou manter a estabilidade de um objeto. Em embarcações o lastro podem ser pedras e mesmo a água para trazer equilíbrio no balanço de sua viagem. Na economia, o princípio é mesmo: manter a estabilidade econômica de um país para que as pessoas possam também desenvolver-se neste quesito.


O caso mais comum de lastro econômico é a relação entre moeda e ouro. Desta maneira, na medida em que uma determinada nação consegue mostrar em cédulas o quanto tem em ouro denomina-se bastante lastreada. É como se o cidadão dissesse que tem e não é só goela. “Ele se garante”.




Após a segunda guerra mundial, trocou-se a ideia de lastro-ouro por lastro-dólar a partir do momento em que os Estados Unidos dominaram o cenário mundial e venceram a queda de braço da guerra fria com a União Soviética. E impuseram a lógica do dólar como carta maior do baralho, sem a nobreza, raridade e realidade que o ouro fornecia enquanto prevaleceu na Idade Antiga, Medieval e Moderna. A ideologia americana forçou a barra em seu papel-moeda e conseguiu emplacar uma crença que a nota com George Washington era fator de riqueza.


E a casa caiu, como diriam os policiais. Vez ou outra vem uma crise que abala o planeta para o martírio de economistas, banqueiros e especuladores que tem no dólar seu mensageiro de prosperidade. Nada real, tudo virtual, efeito real, neste paradoxo. Era menino, mas não entendia como poderiam sair bilhões e bilhões do Brasil da noite pro dia de acordo com o humor especulativo de megainvestidores como George Soros, o maior deles. Tudo a contento de uma política do ministério da fazenda que só faltava distribuir flores a estes empobrecedores da América Latina e Ásia. Imperadores.


Na montagem de minhas impressões percebi que lastro tem a ver com equilíbrio e autonomia. Quanto mais lastro, mais autonomia. E no comparativo daquilo que move o mundo, percebi que energia é mola propulsora e pode ser lastro. Uau! Será que é por isso que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) causara um transtorno mundial no início da década de 1970 ao perceberem que sem eles e seu combustível o mundo não andaria?


E cá estamos na Amazônia lidando com sua moderna plataforma energética. Muitos quilômetros de linhões interligando hidrelétricas a passar por cima das cabeças dos municípios amazônicos. É verdade absoluta que não dá pra aproveitar esta energia sem o rebaixamento necessário. Mas também é verdade que este processo não tem a mesma velocidade que a vontade de levar energia para o sul do país. E mais verdade ainda que existe uma apatia estatal em trazer alternativas que possam trazer a luz elétrica para os amazônidas, históricos que somos em ser celeiros de produtos extrativistas e não fabricantes de ciência e tecnologia. Não vejo a Constituição de 1988 ser respeitada pela federação quando da sua indicação por uma justa repartição das políticas públicas estruturantes entre as regiões brasileiras.




Só que um dia visitei uma casa movida a energia solar, lá no extremo norte do Estado. A residência pertence a um técnico muito perspicaz de nome Marcus Vinícius, morador da comunidade Morada Nova em Almeirim-Pa, do Sítio do Pica Pau Amarelo (um nome muito sugestivo pela força imaginativa que nos relembra a infância temperada a Monteiro Lobato), a qual contava com:

• 2 placas solares de 140 w a um valor total de R$1480,00;
• 1 placa solar de 80 w a um valor de R$600,00;
• Cabos, controladores de carga e outras peças que, segundo Vinícius, somariam no máximo R$1.000,00;
• Inversor de 1000 w a um valor de R$800,00;
• 4 baterias automotivas de caminhão que juntas somavam R$2.400,00;
• Um custo total de R$6.280,00 nestes equipamentos.

Seu Marcus disse-me usar baterias automotivas para armazenar a energia acumulada durante o dia. Se fossem adquiridas baterias profissionais para a energia solar, o custo total seria de R$8.680,00. Perguntei o que funcionava e ele relatou que sua “montagem” abrigava televisão e seu receptor; lâmpadas (todas da casa); ventilador, liquidificador, computador (notebook) e freezer. Acho que poderia concluir que com o recurso de R$10.000,00, é possível gerar autonomia em energia em uma casa através da luz solar. Bom, eu vi. Aparentemente Seu Marcus não precisa do Linhão e de suas contradições.


O raciocínio que fiz em relação ao lastro econômico me leva a crer que a energia será o determinante das riquezas futuras. Quem desenvolver mais alternativas será, pois, mais rico. Os programas que trouxerem propostas menos impactantes ao meio ambiente serão os mais viáveis. A mulher e o homem que possuírem mais lastro nesta categoria serão cidadãos mais livres. Sentirão mais o vento, irão valorizar mais o sol e assim estarão mais perto da natureza.


Uma essência humana recarregável.


Pantoja Ramos

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4772496 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Fundos Florestais Comunitários

Foto: ATAA, Portel.


Primeira Nota Técnica da Estuário Serviços, em parceria com a ONG Lupa Marajó e associações comunitárias do rio Acuti-pereira (Portel) e associação do rio Pagão (Curralinho). o texto refere-se ao processo de implantação de fundos florestais comunitários a partir da criação de reservas financeiras vindas da comercialização dos frutos de açaí. o autor entendeu esta experiência ser digna de registro por se tratar de alternativa viável para milhares de famílias rurais da Amazônia.

Para baixar, clique abaixo:


http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/4760368