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sábado, 22 de dezembro de 2012

Natal Ribeirinho




Serafim olhou da janela,
sentiu a chuva chegar fria,
não era neve,
mas trazia frio.
Cobriu-se mais ainda na rede
enquanto fazia irmãzinha dormir.

Ariel lavou a louça no giral
enxugou as mãos e foi pra sala sentar
e bordar.
E fazer um tapetinho pras visitas do Natal.
Sentiu o cheiro gostoso da galinha cozida com batatas.
É pra ceia e não adianta pedir agora.

Baltazar desceu do açaizeiro,
junto duas latas na benção de Deus
pois nem era safra.
Fez o sinal da cruz olhando pro céu nublado.
Na noite teriam.
À noite agradeceriam.

Maria acalentava seu filho.
Nenê nascido nesses dias de dezembro.
Ali estava seu Salvador.
Pois agora era mãe devota como as grandes mães.
Viu o quadro da Virgem Maria e seu Jesus no colo.
Ficaram companheiras.

José saiu da água,
martelou firme a palheta do barco,
fez um banco melhor pra poder pilotar.
Olhou o calafeto bem feito dias atrás.
Fez bico ao ver a pintura arranhada, mas tudo bem.
Iriam pra casa da mãe de Ariel.

Na capela ao lado cantaram,
ao Menino Jesus louvaram,
no final abraçaram,
o café esquentaram,
todos na mesa rezaram,
uns presentes trocaram.

Uma saia.
Uma bola.
Um perfume.
Uma boneca.
Uma calça.
Uma risada.

Ceiaram.
Recordaram.
Brincaram.
Cochilaram.
Dormiram.
Sonharam.

"Noite Feliz, Noite Feliz...".

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