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domingo, 18 de agosto de 2013

Matéria de 2002 sobre manejo florestal de açaizais nativos no rio Marajoí, Gurupá

Recordar é viver...

Matéria de 2002 sobre o primeiro plano de açaizais nativos aprovado no Pará.

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Comunidade faz manejo de açaizais no Pará
São Paulo - O Ibama acaba de aprovar o primeiro plano de manejo comunitário de açaizais do Pará, que está sendo desenvolvido por comunidades moradoras das várzeas estuarinas do rio Amazonas, próximas à Ilha de Marajó. A grande inovação do projeto, que beneficia 24 famílias, é se concentrar na exploração dos frutos de açaí e não apenas no palmito.

"A utilização dos frutos é mais vantajosa para as comunidades do que o palmito. Com o corte de mil cabeças de palmito, a uma média de R$ 0,25 por cabeça, uma família pode obter R$ 250,00, aproveitando a estipe somente uma vez. Manejando o açaizeiro para comercializar o fruto, a renda média mensal pode chegar a R$ 470,00", explica o engenheiro florestal Carlos Augusto Ramos, responsável pela execução do plano de manejo.
Elaborado pela Associação dos Trabalhadores Rurais do Rio Marajoí (ATRM), do município de Gurupá, em conjunto com a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), o projeto totaliza 72 hectares (ha) de açaizais nativos, com cada família manejando 3 ha, área que não extrapola a capacidade familiar de trabalho.

"Esperamos aumentar a comercialização dos caroços, para extração da polpa, e também do palmito, permitindo a preservação da floresta que está se recuperando", conta José Trindade, presidente da Associação. Segundo ele, a retirada indiscriminada de palmito, para venda às grandes fábricas, tinha reduzido drasticamente os recursos da floresta, como a caça, que diminuiu em 70%.

"As grandes empresas chegavam e compravam o açaí, depois alugavam as propriedades e traziam pessoas de fora para extrair o palmito", conta Trindade. A precariedade que se seguiu, fez com que os próprios moradores começassem a se organizar, a partir de 1988, para mudar a situação. A parceria com a Fase teve início em 1997, quando começou a recuperação da floresta. "Agora, a pesca e a caça começam a voltar", comemora.



Segundo o engenheiro da Fase, o corte do palmito sem o manejo adequado acaba destruindo os açaizais e deixa os ribeirinhos sem o fruto, que é um item básico na alimentação local. "Com o manejo consorciado, voltado para o fruto, as comunidades continuam a ter o vinho (um tipo de mingau de açaí consumido na região) e vendem a polpa para sucos", explica Ramos.


Com o plano de manejo, a comunidade quer conseguir também a certificação florestal e, com isso, agregar ainda mais valor ao seu produto. "Este é o segundo plano de manejo comunitário de açaizais do Projeto Fase Gurupá. O primeiro, aprovado em novembro de 2001, na ilha de Santa Bárbara, no Amapá, já está em execução. Esperamos agora conseguir aumentar o número de comunidades no projeto", diz Ramos.
Contato: Fase, telefone (91) 242-4341
Maura Campanili
http://www.zoonews.com.br/noticias2/noticia.php?idnoticia=548

Foto: FASE.
No detalhe, José Trindade, liderança do rio Marajoí realizando demarcação da área de manejo


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