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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Carta sobre a Economia & Autonomia

          

Rio Ubussutuba, Chaves, Marajó, 18 de agosto de 2015.

Caros Teofro e Miguel,
Caríssimas Wanderléa, Loyanne e Marília,

Economia e Autonomia, será que alcançaremos pleno voo de brigadeiro?


Em 2015, tenho cada vez mais certeza que sim. De uma oração subordinada subjulgada até o fim do século XX, evoluiu meu surreal português para uma oração coordenada imperativa de mudanças na esquecida agenda 21. Das tentativas iniciais das comunidades Santo Ezequiel Moreno (Rio Acuti-pereira, Portel) e Boa Esperança (Rio Canaticu, Curralinho), hoje em franco amadurecimento, percebo o espalhar da ideia, o descobrimento da América no semblante de lideranças de Chaves. Uma simples palestra-testemunho do que vocês fazem e pronto: mais exemplos de fundos florestais comunitários a partir do açaí.


Marajatuba e Ubussutuba, em Chaves, possuem suas respectivas comunidades: Bom Jesus e Nossa Senhora de Nazaré nos primeiros resultados de Fundo Açaí. Impressionante o tempo de resposta em apenas 3 meses. De uma informal conversa de grupo. Destacável como interligaram organização, economia e autonomia de projetos.


Hoje entendo o valor das enciclopédias que passaram por mim. Cai a ficha cotidianamente sobre o que aprendi com os personagens da história, um inventor, um libertador, um filósofo. Em comum, a sede pelo resultado de sua ciência. Por conseguinte o altruísmo. Caso contrário, não é humanista. Caso contrário, não é cientista. Centenas de milhares são pesquisadores, poucos humanistas e cientistas de fato.


E digo homens de ciência Teofro Lacerda e Miguel Baratinha pelo Fundo Florestal Comunitário, o bom cheiro dos verdadeiros Pagamentos por Serviços Ambientais. Achei que fosse uma lenda.
E felicito Loyanne, Wanderléa e Marília por consolidarem em mim o termo de defesa do manejo florestal comunitário: Economia com Autonomia.


Sim, porque grandes economias globais não necessariamente fortalecem as capacidades individuais e coletivas quanto à sua soberania. Se eu sempre dependo, sempre alguém quer se aproveitar de mim. Não é a anarquia geral apregoada que se pode desconfiar, só o respeito mútuo de que cada um pode ganhar de maneira justa com o outro.


Quando me falaram que não houve só um inventor da televisão e sim um processo, não entendia. Contudo, com todo este movimento de poupança coletiva, de economia solidária mesmo que não apelidada pelos locais com esta denominação, é visível a reação, o posicionamento e a produção, o tranquilo aproveitar do fundiário conquistado, a hora e a vez do caboclo marajoara!


Oxalá! Em-Nome-do-Pai-do-Filho-e-do-Espírito-Santo-Amém...


Nada científico este final, mas é bom ter fé.


Aos mestres, escrevi.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/5354508

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