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sábado, 21 de abril de 2018

Iphan e Museu Goeldi entregam Fortaleza de Santo Antônio de Gurupá recuperada


Foto: Sérgio Alberto

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Museu Paraense Emílio Goeldi realizaram a recuperação da Fortaleza de Santo Antônio, que a partir do dia 20 de abril de 2018 passa a ser conhecido pelo grande público. A exposição Gurupá na Encruzilhada da História apresenta os achados arqueológicos realizados durante as ações de recuperação que iniciaram em 2014[1]. A ideia é que após o período de inauguração, a Fortaleza seja também sede da Secretaria Municipal de Cultura e um Museu Arqueológico aberto à visitação.

Foto: IPHAN


Os pesquisadores do IPHAN e Museu Goeldi encontraram na região mais de 50 sítios arqueológicos na região, o que leva a uma estratégia do projeto para além dos muros do Forte, pois considera-se que a cidade de Gurupá está quase toda assentada em um grande sítio arqueológico. Portanto, há muito trabalho para os jovens historiadores e arqueólogos, riqueza desta ciência para nos empoderar. Para isso, é fundamental a mobilização da sociedade gurupaense para a proteção deste patrimônio, ligada à nossa formação enquanto amazônidas.


Fonte: rede social de Gurupá


A Fortaleza de Santo Antônio, tombada pelo Iphan em 1963 foi construída em meados do século XVII, após a fundação de Belém, em 1616. Naquele momento histórico, as forças lusitanas direcionaram-se a Corupá[2], na calha do rio Amazonas, para expulsar os holandeses instalados em uma construção fortificada armada num lugar conhecido como Mariocay[3], que dava nome à nação indígena local, a quem se tem poucos registros[4].
 
“A história escrita de Gurupá começa com uma guerra”, afirma o Bispo Erwin Klauter[5] sobre a origem da localidade, marcada de batalhas travadas entre holandeses, portugueses e nativos mariocay. Com a vitória portuguesa, restaurou-se as paliçadas e o forte provisório, com nome agora em homenagem ao santo católico Santo Antônio de Corupá, em vigilância apontada para o estuário amazônico. Ao longo dos séculos, o local passou por diversas modificações, momentos de abandono e promessas de restauração, concretizada em 2018 pela mobilização das entidades responsáveis e habitantes de Gurupá.

Foto: Carlos Ramos


Ou Corupá?

Ou Mariocay?
 
Senhora Memória, como és gentil e capaz de amedrontar os opressores...


 


[1] Sobre a recuperação da Fortaleza, acessar o link do IPHAN para mais informações - http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4613/exposicao-arqueologica-marca-entrega-da-fortaleza-de-santo-antonio-do-gurupa-pa
[2] Corupá chamado pelos portugueses, depois derivando para Gurupá pode ter origem na associação de palavras Iguaru = canoa e pába= porto, iguarupaba.
[3]  Os holandeses chamavam de Mariocay o grupo de índios que viviam no local onde atualmente é a cidade de Gurupá. Segundo Gilvandro Torres (http://gilvandro-gilvandrotorres.blogspot.com.br/2015/09/um-pouco-da-historia-dos-mariocay-em.html), acredita-se que os holandeses fizeram amizade com os índios e até comercializavam produtos, num sistema produtivo indígena que envolvia o que vinha das roças, pesca de tartaruga e seus derivados como o óleo, caça de animais silvestre (pele de onça) em troca de espelhos, roupas e utensílios para agricultura.
[4] Girolamo Treccani e Paulo Oliveira estudaram a região e descrevem que única informação disponível  sobre  a presença destes povos  está   esculpida  no  obelisco  do  forte onde se fala da: “aldeia dos Mariocae” e se afirma terem eles pertencido: “a Nação dos  Tupinambá”. Recomendo baixar a Tese de Doutorado de Girolamo Treccani sobre a Regularização Fundiária em Gurupá em http://www.ppgdstu.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/TESES/2006/GIROLAMO%20DOMENICO%20TRECCANI.pdf
[5] KRAUTLER, Erwin, Celebrando a Caminhada, Gurupá, dezembro de 1997, mimeo. 


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