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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Repasse Federal para os Municípios do Marajó em Tempos de Pandemia: Migalhas

Caríssimos,

Abaixo apresento as tabelas de Repasses Federais aos Municípios do Marajó em 2019 e dos Valores repassados para o combate à Pandemia causada pelo Novo Coronavírus em abril de 2020.




Esta última tabela dá trabalho, por isso fiz uma versão 2.0 da postagem. 

É que existem duas fontes: a primeira do Blog de Jornalismo Bacana News, que publicou em sua página na internet a portaria 774 de 9 de abril de 2020 escaneada. Nesta publicação, aparecem todos os municípios e Melgaço recebe 28 mil reais como recurso para combater a pandemia. Esta é a tabela que postei no dia 30 de abril de 2020.

Hoje me deparei com o Diário Oficial da União, com a mesma Portaria 774, sem aparecer Breves e Curralinho, por exemplo. E com Melgaço recebendo valores de 291 mil reais.

O que fazer?

Juntei as informações das duas versões, modifiquei os valores de Melgaço, chequei o que estava igual e mantive os dados da primeira versão para as localidades que não são apresentadas na segunda.

"Patuvê". É tudo muito confuso.

O que não muda é que se continua falando de migalhas.

São Migalhas.

Migalhas...



(*) Fonte: Portal da Transparência - http://www.portaltransparencia.gov.br/

(**) Fonte: IBGE Cidades - https://cidades.ibge.gov.br/

(***) Fontes: Bacana News - https://bacana.news/prefeituras-recebem-bom-dinheiro-do-governo-federal-para-combater-o-coronavirus-saiba-quando-cada-cidade-recebeu/?fbclid=IwAR1znu4aC5I1bRr5XnEH5wXx44mc_ZuVGvZdebLy-bjZYEOzmJa6bjHMFVg; Diário Oficial da União/ Portaria 774 de 9 de abril de 2020 - http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-774-de-9-de-abril-de-2020-251969714




segunda-feira, 27 de abril de 2020

Dia da Terra Pairando no Ar



Esqueci de comentar sobre o Dia da Terra. Talvez as notícias tenham me atordoado. Ainda assim, hoje um beija-flor preto e azul entrou no pátio de casa e pairou pertinho de mim enquanto eu digitava.
Veio ver se eu tinha escrito alguma crônica.
- Tá bom, só pela visita e pela leveza, vou te registrar seu sapeca.
Saiu sorrindo.
Pronto.
Viva a Terra!


*Foto: Lago Branco, Almeirim-PA. 

sábado, 11 de abril de 2020

Crônicas, Passageiro: Pedro Barbosa, o Bom, o Mal, o Feio e a Grandeza

Belém, 11 de abril de 2020.


Esta é uma crônica sem floreios.

Porque o homenageado não suportava floreios.

Porque registro palavras sobre alguém autêntico.

Não é mesmo, seu Pedro? Pedro Barbosa, nome eternizado no Marajó.

Conheci Padro Barbosa em 1990, na cidade de Monte Dourado, lá no Jari. Reuniu com meu pai, conterrâneo seu, em casa, buscando eleitores e apoiadores. Sequer vi a cara deste homem, só escutara a voz grave dele se destacando no meio das pessoas na cozinha. Ainda assim, recebi ordem do meu pai de ir falar com meus amigos e estes falarem para os pais deles sobre o tal candidato. 

"E quem é Pedro Barbosa??", perguntavam meus amigos, querendo uma justificativa para irem adular seus pais sobre este voto.

"Ora, ora, é... é primo do Beto Barbosa!".

"Ahhhhhh simmm".

Que coisa feia, Carlinhos. Não sei se consegui eleitores. Tentei. E talvez lutasse mais por tais votos, se soubesse a cena que me ocorreu depois. De um homem que dormiu por quase um dia inteiro em uma rede lá em casa por não ter sido eleito.

"Mãe, por que esse homem dorme tanto?".

"Ele tá triste por ter perdido a eleição". Achava que seu projeto político iria lograr êxito, na exposição de toda uma capacidade analítica do mundo, moço estudado e preparado para ser um legislador paraense, por que não? Ah, eu digo o motivo: é "pusquê" talvez homens inteligentes e sabedores que o Sistema é vil e cheio de fragilidades não podem facilmente ter cargos  de decisão a nível estadual ou nacional ainda mais oriundos de lugares pobres como Portel. É ameaçar a pirâmide. É risco à Democracia por castas.

E teimando por suas teses, depois de muita tentativa, foi eleito prefeito de Portel. Não quero arriscar alto, mas estaria bem nas apostas se indicasse que Pedro foi o melhor prefeito daquele município. Foram oito anos em que coincidentemente estive de volta a Portel trabalhando pela ONG FASE e IDEFLOR e percebendo suas ações. O barco da saúde, a Madonna, o apoio às atividades de ordenamento territorial no município, temperadas com sua simplicidade bicicleteira nas ruas me convenceram de seu comprometimento.

No dia em que apanhei do Sarney (mais detalhes disso é melhor contar em uma roda de conversa), lá estava ele no mesmo palanque que eu, convalescente da quimioterapia e do câncer em estágio de superação. O bom murro de Sarney foi acertadamente errada nele e acertada em mim, jovem ainda, cheio das forças para suportar aquele bom galo na nuca. Para Pedro, poderia ter sido um complicador de sua já desgastada saúde. O Bispo Dom Luiz Azcona que também estava no palanque não entendeu nada. Nem eu, que parecia um porre a falar asneiras, resultado do baque. 

Quando Pedro se tornou gestor da Associação dos Municípios do Marajó, nos aproximamos mais, dada a ideia junta que tínhamos de um Marajó necessitado de ser liberto de sua escravidão causada pelo patrão, pelo aviamento e pela depredação dos recursos naturais. E a cada discurso, a cada piada e a cada mostra da oratória franca que fazia ("miserável!" ele dizia) , aparecia na gente o entendimento leve que tudo sim podia ser transformado e transformador. 

Nunca entendi algumas de suas articulações políticas, o porquê da opção historicamente pelo PMDB.  Sei lá, tinha todo o jeito de pertencer à Partido de Esquerda e mais que Esquerda, de Baixo. E reparem, diante dos atuais dias, de tanta gente estúpida, ignóbil em seus mandatos país afora, não exagero em dizer que Pedro fazia bem seu papel, de debatedor de ideias, mesmo nas costuras. 


E foi assim que ouvi uma das frases que até hoje me move: "o Marajó vai cumprir seu destino". 

E foi assim que minha memória se fortaleceu navegável: quando da última vez que nos encontramos, viemos em sua voadeira do Monte Hermom, rio Pacajá até a cidade de Portel, conversando em fim de tarde sobre os jogos de futebol em que ele e meu pai faziam quando moços. Zaga forte, dos clássicos de Camel e Fabril.


Só nunca gostei da alcunha que lhe deram, de feio.

Feio é não ser Grande como Pedro Barbosa.





"Muitas vezes, desgraçadamente, nos sentimentos pequenos demais para lutar pela nossa própria Grandeza".
Pedro Barbosa.








segunda-feira, 6 de abril de 2020

Crônicas, Passageiro: "Controada"



Mano, Mana, eu saí de casa depois de 15 dias pra comprar comida porque o estoque tinha acabado. Minha esposa e eu fomos ao Entroncamento caminhando.

Parecia um dia normal quanto ao movimento de pessoas.


No que esperava fora de um dos atacadōes, passou um rapaz que trabalhava como carregador de mercadoria, sem luva, sem máscara e escarrou na minha frente, apontando para os colegas: "Tu pegou... Tu pegou... Tu também...".


O segundo passou com uma caixa na cabeça ofegante no seu duro trabalho e cuspiu também.


O flanelinha que estava a catar carros para estacionar andava de lá pra cá tocando uma flauta em arremedos de alguma canção.


Um senhor bem velhinho parou diante de mim e pediu-me 2 reais, no que um outro gritou "dá não! É pra cachaça!". Busquei o dinheiro e quando vi, ele já estava longe. Falei baixinho "senhor, vá pra sua casa".


Um rapaz sem máscara, sem luva, dava o panfletinho, de mão em mão para centenas de passantes (imaginei), divulgando o centro odontológico ali perto. 


Saindo do Entroncamento, vi 3 idosos conversando sobre o Mundo. Na esquina.


Tudo isso em lapso de tempo de 15 minutos.


Caminhava calado. "Todas essas pessoas e suas famílias ficarão bem?", pensava.


"Amor, você tá bem?".


"Tô, só queria ficar em posição fetal".


Ela fitou-me como se dissesse:


"Fica em casa".








Imagem: região do Entroncamento, em Belém do Pará - Google Maps.