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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Sapateado de catita

 

Belém, 22 de outubro de 2020.

 

Seu Carlos, eu não sou maior que o mundo

Nem igual

Nem menor.

 

Só sei que sou parte da Vida

Parte da Natureza

Nascido de uma sumaumeira

Lá das bandas de Portel

Atento quando Larissa fala.

Quando Ana fala.

Quando Fernanda questiona.

Quando Neri alerta.

 

De que preço fazem agora da mata?

Um tal crédito de carbono

Eu desacredito, pois, percebo a mão

A mão não mais invisível do mercado

Olha lá! Ispia! É ela que que carrega a foice da morte!

É, Delfim Netto, o banqueiro sempre volta ao local do crime.

 

Agora a mão se disfarça de proteção

Que bonitinha.. Toda protetora...

De um lado pressiona minha garganta

pelo produtivo que preda sem se arrepender da fumaça

Do outro deixa-me pobre pelo financeiro que especula

Quanto desinteresse... quão salvadores...

 

Repare os novos Pizarros

A ofertar e-espelhos para os nativos

Você não aprendeu ainda?

Você permanece ingênuo?

Tu vais ficar só em Home Office?

 

Não serei remotamente controlado

Não quero esse extrativismo 600 anos

Nem esse cinismo de lasCAR

Não desejo a tal Bioeconomia que não é social e sim S/A

Não quero esse drone a me ameaçar dentro do meu quintal

Dendê é palmada

Eucalipto me esteriliza

REDD me tira o sono da rede

- Você vai ouvir o conselho da liderança comunitária pedindo prudência?

Cuidado lá...

 

Escute a persistência

Escuta a paciência

Ouça a resistência

 

Tua simultaneidade

Velocidade

Globalidade

De nada servirá

Se te tirarem a natureza

O beija-flor

As folhas do chão

 

Lembre-se: o sequestro é do carbono

Não da Amazônia...

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