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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Crônicas do Corte: Lara quer ser Engenheira Florestal

 


Sempre gostei de desenho animado. Acho que meu primeiro entretenimento do gênero foi o viajante e investigativo Gato Félix, passado naquelas noites de Belém do final dos anos 1970, período de minha tenra idade em fase da vida entre Portel e o Jari. Assistir desenhos é um hábito que costumo manter, pois os mesmos além de fazer passar o tempo e exercitar o ócio, ensinam muita coisa (coisas boas e ruins). O Menino e o Mundo, fantástica produção brasileira, que o diga. Não ganhou o Oscar de melhor animação em 2016? Não tem importância. Abriu a mente de muita gente.

E falando ainda em produções nacionais, passei a ser fã do impagável Irmão do Jorel, que me captura o riso até espocar em gargalhadas quando surge “Stevie Magalllllll”, ou a Vovó Ju-Ju com abacate na mão (“come bem”) ou quando tento imitar o duelo de RAP entre as frutas e os legumes (“a guaca é mole / a vida é dura/ cuidado com a quebrada dos legumes/ não tem mistura”).  E num desses episódios, espantou-me ver a melhor amiga do Irmão do Jorel, a pequena Lara, dizer que queria ser quando crescer... Engenheira Florestal[1]! Eu pensei “Uau!”, quantas meninas entre 7 e 14 anos estariam assistindo a Lara falando isso? Milhares? Milhões? Que orgulho ser citada a minha profissão por tão inteligente série animada.

Ao mesmo tempo em que fiquei prosa com a menção, também fiquei pensativo. O quanto iremos aperfeiçoar nossa profissão nas relações de gênero? Meu Deus, não, não, não quero decepcioná-las. Quero fazer o melhor possível. Virão novas e novos profissionais da engenharia florestal talvez despertos pela curiosidade de um desenho assistido. Lara poderia ter dito que desejava ser médica, advogada, bióloga, todas profissões magnificas e decidiu que queria ser engenheira florestal! Espiem! Lara quer ser engenheira florestal. Deem condições para ela tornar possível este sonho, um sonho realizado de perceber a Divindade quando estou em campo, juntando a maravilha de conviver com a natureza ao mesmo tempo em que utilizo a matemática para tentar entender os sinais da floresta, esta que só quer o nosso bem.

E fiquei tão feliz com esses segundos que mostraram a opção de Lara, que decidi escrever.  Ao escrever, neste momento parado na memória, recordei que quando estudante na FCAP[2] nos anos 1990, um professor falou alto que nós estávamos em um curso universitário de uma profissão romântica na tentativa de usar os recursos florestais sem destruí-los. Não ligava. Eu acreditava que poderia proteger mata. Eu constato que jovens seguem melhores do que eu para continuar essa missão.

E acreditarei na menina que decidir pela mesma escolha de Lara.  









[1] Ver o episódio Profissão Palhaço, também disponível na plataforma Youtube.

[2] Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, hoje Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA.




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