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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Congresso Médico Amazônico: um recado de um marajoara


Caríssimos,

De 21 a 25 de abril de 2012 estará ocorrendo o Congresso Médico Amazônico, no Hangar (site http://www.congressomedicoamazonico.com.br/).

Sendo marajoara e estudando a problemática da saúde em nossa região, penso que as lideranças poderiam mandar um recado para os médicos que atuam em nosso Estado, lembrando-os de colocar tais questionamentos em sua pauta de discussões. Como cidadão começo minha contribuição com as indicações abaixo descritas:
  • o número de médicos no Marajó está muito longe do ideal. A Organização Mundial de Saúde recomenda que este índice seja de 1 médico para cada 1000 habitantes. Um sonho. Isso significa que em Melgaço, por exemplo, deveriam haver 25 médicos para os seus quase 25 mil habitantes. Mas senão é possível o ideal, qual o humanamente básico? O índice em Melgaço é de 0,08 (zero, zero oito) médicos para cada 1000 habitantes. Enquanto a população marajoara cresceu nos últimos dez anos 27%, o número de médicos não acompanhou este crescimento e não haverá mudança se não houver um chamamento claro e direto às autoridades governamentais e aos médicos sobre esta insuficiência;
  • os salários de médicos em alguns municípios chegam a 30 mil reais, o que traz um peso significativo para as prefeituras que ainda precisam manter no quadro de profissionais para atendimento à população enfermeiros, agentes comunitários de saúde, odontólogos, etc. Não se trata de não valorizar quem se formou e se especializou, porém, precisamos debater o que é justo e administrável em termos salariais;
  • O Ato Médico - proposta que trata do exercício da Medicina e que determina atividades privativas dos médicos, estando entre as matérias polêmicas na agenda do Senado Federal neste ano. Tal matéria (SCD 268/2002) é uma antiga reivindicação dos médicos, que reclamavam maior clareza na delimitação legal de seu campo de atuação. Mas a categoria enfrenta críticas de todos os outros profissionais que atuam na área da saúde, os quais temem o esvaziamento de suas funções e a formação de uma reserva de mercado para os médicos (http://saudeweb.com.br/27278/projeto-ato-medico-causa-polemica-no-senado/). O texto determina, por exemplo, que cabe exclusivamente aos médicos o diagnóstico de doenças, mas outras categorias, como psicólogos e nutricionistas, reivindicam o direito de também atestar as condições de saúde de uma pessoa, que engloba aspectos psicológicos e nutricionais. Para a realidade marajoara de falta médicos, onde fica a possibilidade legal do enfermeiro chefe decidir? Do nutricionista? Do fisioterapeuta? Para agravar, o projeto a ser votado indica que somente os médicos podem chefiar os serviços de saúde. Mas não tem médico no Marajó, lembram? Quem seria o líder? Sendo líder e só ele, aumenta o salário já altíssimo?
  • pediatria é um problema nacional. A procura de especializações em pediatria diminuiu drasticamente. Por outro lado, a população tem crescido, novas crianças nascem e no caso marajoara de termos 32% de nossos pequenos vindos de mães com menos de 21 anos, a pediatria passa a ser fundamental para cuidar dos filhos e das genitoras e genitores tão precoces. Isto realmente preocupa. Tss, Tss;
  • para não falar somente do Marajó, no centro urbano de Belém verifico (um exemplo muito próximo a mim permitiu visualizar esta questão) que os partos normais estão perdendo espaço dia a dia para as cesarianas por conta de serem mais práticas e com maior volume de pagamentos aos obstetras (quanto mais, melhor). A operação de cesariana deveria ser uma alternativa em casos que envolvam a segurança da mãe e do bebê, mas está virando imposição. Senão, encare-se a corrida por leitos na hora das dores do parto.


Hipócrates é o pai da medicina. Criou não somente fundamentos da atividade médica, mas o texto filosófico proferido até hoje pelos formando em Medicina (transcrito abaixo), um juramento. Acho que precisamos rezar juntos para lembrar os médicos de sua arte e sua missão.

Um abraço

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JURAMENTO DE HIPÓCRATES


Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-
ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da
caridade e da ciência. Penetrando no interior dos
lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará
os segredos que me forem revelados, o que terei
como preceito de honra. Nunca me servirei da minha
profissão para corromper os costumes ou favorecer o
crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade,
goze eu para sempre a minha vida e a minha arte
com boa reputação entre os homens; se o infringir ou
dele afastar-me, suceda-me o contrário.

                                                                   (Hipócrates, 450  a.C)

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