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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ao IFT Núcleo Altamira

Após 16 anos de vida profissional com comunidades tradicionais, esta consultoria voltou novamente a motivar-se para a luta por direitos socioambientais na mesma intensidade quando dos primeiros trabalhos em Gurupá, no início dos anos 2000. Impressionante constatar que mesmo após tanto esforço para colaborar na consolidação dos processos fundiários em favor de famílias agroextrativistas, regiões como Almeirim ainda buscam a segurança a terra em seu reconhecimento, princípio básico de cidadania do campesinato. Parece que tal município esteve no limbo, alheio e alienado à toda conquista obtida na Amazônia em relação aos territórios dos povos da floresta.

Da mesma maneira, surpreendente fora o despertar de um grupo de lideranças que resolvem transformar este questionamento, tardio, porém necessário, em uma rede intercomunitária. Forte e insinuante, a RICA hoje se coloca como uma alternativa de reflexão em uma região dominada pelo modelo empresarial que não colaborou muito a agricultura familiar. A pergunta estava adormecida, o IFT em sua nobre equipe só ajudou que as comunidades levantassem a mão para indagar.

E indagaram. E questionaram. E protestaram. E nunca mais serão os mesmos. Direitos constitucionais são agora buscados, tendo o Ministério Público Estadual a sua voz para equilibrar as forças, historicamente descabidas para o lado de quem tinha condições de pagar um corpo jurídico para manter a situação em quase 40 anos de história.

Este consultor agradece à equipe do IFT pela renovação profissional enquanto cidadão. Somos antes de tudo, isto, pessoas, não máquinas como diria Chaplin. Trazer a esperança da liberdade à alguém é descobrir a América novamente. Indignar-se com uma casa derrubada pelo grande capital é relembrar porque alguns profissionais nasceram para servir a sociedade. Para estes, a ideia de horas/ dia não cabe. Só o que cabe é a justiça, atemporal e espalhada no horizonte. Mas só a enxergam aqueles que têm fé.

Obrigado pela fé.

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