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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

MONTES


Do E-Livro Aforismos do Grande Rio - http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/4069719


Nota da FETAGRI sobre a PEC 241

A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares, entidade que congrega 144 sindicatos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Estado do Pará - Fetagri-PA, vem através desta, manifestar total apoio aos estudantes que participam das ocupações nas escolas públicas de todo o Brasil.

De forma especial, ressaltar nosso apoio aos estudantes paraenses, dos Institutos Federais do Campus de Abaetetuba, Bragança, Castanhal, Conceição do Araguaia, Marabá, Santarém, Tucuruí, e Universidades Federais e demais escolas ocupadas, por reagirem à agenda autoritária e reacionária do governo golpista de Michel Temer.

A FETAGRI-PA reafirma o seu compromisso histórico com a luta pela educação pública, por acreditar que esta é a principal ferramenta para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do campo e da cidade. Condenamos de forma veemente as medidas propostas pela PEC 241/16 que preveem congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, tendo em vista que isso significa o desmonte do Estado de bem-estar social e suas políticas de educação, saúde e assistência que foram preconizadas pela Constituição Cidadã de 88. Essa PEC 241/16, portanto, representa uma agenda golpista de ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e cidade.

Denunciamos os prejuízos das medidas que limitam o acesso dos estudantes ao conhecimento com destaque para a Lei da Mordaça e para a reforma do Ensino Médio, que exclui disciplinas de formação sociocultural como artes, filosofia, sociologia e educação física do currículo da juventude. É inadmissível tamanho retrocesso na formação cidadã do estudante brasileiro. Isso representa um desrespeito a construção histórica dos trabalhadores do campo, das águas e das florestas, que sempre lutaram por uma educação que considere a realidade e as necessidades dos trabalhadores rurais. Luta que sempre foi assumida pela FETAGRI-PA e seus sindicatos nos diversos municípios paraenses.

Condenamos também as propostas de privatização das escolas e a terceirização de seus profissionais por meio de contratações de Organizações Sociais para gerenciar as escolas públicas.

Por tudo isso, conclamamos a sociedade, sobretudo os trabalhadores e trabalhadoras sindicalizadas, para somarem forças junto com os estudantes no enfrentamento ao golpe.

Finalmente, agradecemos aos estudantes pela coragem com que vêm enfrentando o retrocesso que um governo ilegítimo quer impor à sociedade brasileira. A FETAGRI-PA, mais uma vez, reafirma o compromisso de defender o direito à escola pública, gratuita, democrática, laica, de qualidade, socialmente referenciada e para todos/as.

Nenhum direito a menos.

Nem um passo atrás!

Nosso total apoio aos estudantes Brasileiros!



BELÉM –PA 26 – 10 - 2016

DIRETORIA EXECUTIVA DA FETAGRI-PA

sábado, 22 de outubro de 2016

O Viveiro AgroFlorestal de Portel


Heron Macêdo, Secretário de Desenvolvimento Econômico e Antônio Vaz em frente a um dos módulos da UNIP.
Foto: Carlos Ramos


Na semana passada, o Viveiro Agroflorestal de Portel sofreu um incêndio. No enfrentamento da má notícia pela má notícia, prefiro lembrar do que vi em 2013:


"No dia 07 de setembro de 2013, na cidade de Portel, visitei a Unidade Agroflorestal de Portel - UNIP, local de produção de mudas e sementes. O viveiro é gerenciado pela prefeitura de Portel, mais especificamente por sua Secretaria de Desenvolvimento Econômico.




Portão de entrada da UNIP. Foto: Carlos Ramos


Além de produzir hortaliças (alface, chicória, etc), essências agroflorestais (cupuaçu) e espécies de uso madeireiro (paricá, ipê), a UNIP testa formas práticas de produção de mudas. O melhor exemplo é o uso da garrafa pet nas sementeiras e na irrigação, cuja criatividade dos profissionais que lá atuam demonstra que é possível diminuir custos de manutenção de viveiros, fortalecendo seu principal objetivo: recuperar áreas degradadas e oferecer ao município e agricultores alternativas de melhoria de renda e conservação da floresta.


Antônio Vaz, Nogueira Júnior e Heron Macedo são os idealizadores
e lançam a proposta de garrafa pet para as sementeiras. Foto: Carlos Ramos





Copinhos de café reaproveitados
na produção de hortaliças. Foto: Carlos Ramos



Com 2 módulos que podem minimamente produzir 60 mil mudas (inclusive já receberam apoio do IDEFLOR), o viveiro agroflorestal de Portel é vital para o município nesta nova relação com os recursos naturais, hoje visitada por escolas e visitantes. 


Para quem quer reflorestar, é só procurar a prefeitura de Portel e seu viveiro.



Que a UNIP cresça cada vez mais, tal qual os paricás que o rodeiam...".


É ainda a melhor referência de viveiro agroflorestal no Marajó.


terça-feira, 18 de outubro de 2016

O Marajó e a Eleição de Vereadoras - 2016

A representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, alertou em maio deste ano para a ausência de mulheres nos ministérios do Governo Temer, o ilegítimo. É difícil esquecer (e conviver) com o corte de 32 para 22 gabinetes de ministérios, onde tomaram posse os novos ministros, todo homens, indicados por Temer, para compor a nova base do governo (1).

Desde a ditadura militar, quando a primeira ministra foi nomeada, no início da década de 1980, foi a primeira vez que um presidente não indicou uma mulher para os gabinetes (1).

Mas se os temerários dão péssimo exemplo, nós marajoaras não estamos tão longe assim quando se tratar de confiar nas mulheres como tomadoras de decisão.

Nas últimas eleições municipais, a sociedade do Marajó decidiu que apenas 15,5% das vagas de vereadores seriam ocupadas por mulheres, percentual menor do que em 2012.



















Melgaço é bi-campeão em zero vagas para as mulheres na câmara de vereadores. São Sebastião da Boa Vista também não elegeu vereadoras.

Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari foram os municípios que mais se aproximaram da paridade.

O machismo e o conservadorismo sombreiam o Marajó.

Mas passa.

Elas hão de acordar...




(1)   Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2016-05/onu-mulheres-alerta-para-falta-de-paridade-de-genero-no-novo-governo-temer

sábado, 15 de outubro de 2016

Jê-nacional











Foto dos Pataxós sendo expulsos de suas casas em Cabrália-Ba pela especulação imobiliária.





Belém, 01 de outubro de 2016.



Cortaram a minha árvore
Gene a lógica do vil metal
Tupã meu pai
Sou agora o dono
De um raciocínio que não sai

Mataram os irmãos meus
Filhos da terra que conheci
Mãe que é Gaia
Queria cantar justiça
Ou colorir a vida como jandaia

Canta Jandaia
Canta Jandaia
Verde e amarelo
É a vida com que há de mais belo

Rapto também eu convivi
Dor da carne e sangue inocente
Banto eu sinto
Tendo mil cabelos
Sou o que sou jamais eu minto

Voa Jandaia
Voa Jandaia
A Liberdade
É uma Jandaia com Alteridade

Vim em grande confusão
Um estrangeiro de mão tão alva
Quanto medo
Se eu não entendi
Foram poderosos que me erraram o enredo

Pede Jandaia
Pede Jandaia
Discernimento
É o que nutre, melhor alimento

Somos um juntado de muitas almas
Somos cantores de boas novas
Passarinhada
Se somos falhos
É que as asas não estão saradas

Voem Jandaias
Voem Jandaias
Um carnaval
Quando a felicidade nos é normal


Pantoja Ramos
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5778649

Pataxós expulsos por especuladores imobiliários e pelo Estado Brasileiro

Pataxós de Cabrália - Ba, expulsos pelos especuladores imobiliários.

São indígenas viventes da mesma região em que se concentrou a Seleção da Alemanha. 

Legado da Copa do Mundo?

































terça-feira, 11 de outubro de 2016

Lamberto, O Traumatizado: 20 anos

Lamberto, O Traumatizado e seu filho Simone (outro traumatizado) curtiam a ressaca da aprovação da PEC 241 no Congresso Nacional, que congelaria por 20 anos os gastos com saúde, educação e assistência social, sem tocar na fortuna dos banqueiros e dos bilionários-a-quem-nós-pagamos-o-pato.

"Pai, eu queria entender o que acontece de agora em diante".

"Filho, pega o dicionário".

Simone veio com o pai dos burros.

"Dá aqui que eu te mostro. Olha só, Estado: conjunto de poderes políticos de um país. Agora deixe-me ver... Nação: conjunto dos habitantes de um país. Viu?".

"Não, e aí?".

"Ontem, dia 10 de outubro de 2016 o conjunto de poderes políticos de um país (representados pela maioria de 366 congressistas) se tornou oficialmente adversário do conjunto de habitantes de um país (de 206 milhões de habitantes) por 20 anos".

"E agora?", perguntou o filho.

"Agora é cantar Legião: VenhaMeu coração está com pressa. Quando a esperança está dispersa. Só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão...".




Sem Traumas.




 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Justa Causa


Belém,  09 de outubro de 2016.


Eu vi meu pai se arrastar
eu vi um trauma tramar
a chave do homem guardar
compra do mês a filar
eu vi o salário
esgotar
hora-extra
que detesta
álcool fez sua festa


Bate o cartão ó João
bate o cartão coração
máquina de opinião
não vejo o dia senão
na novela de uma nação
vai Maria
que acredita
que é sua vida
que é liberta
liberta
do patrão


Fugindo vou pela mata
quase a boca me escapa
"quanto o dinheiro maltrata"
fã de um escravocrata
uma cortina aparta
da sociedade a nata
“Agro é tudo”
menos pro mundo
um solo fecundo
é tão estéril
estéril
o patrão


O ônibus óbvio lotado
de um pescoço esgotado
pressinto o olho cansado
de um modelo adornado
Pro meu dinheiro trocado
e um cobrador anulado
motorista
ativista
freia na pista
pra acordar
acordar
do patrão


Na base de um açaí
que mela o dente a sorrir
que roi às vezes um mari
que rasga um jaraqui
a minha aldeia sentir
a ameaça cair
traz fome
como um drone
sem a alma só nome
só a fama
a fama
do patrão


Carrego o peso dos anos
carrego o peso dos bancos
você que era meu mano
agora se diz soberano
entramos os dois pelo cano
Baixa classe
Média classe
nós daremos a face?
pra bater
bater
o patrão?


Agora o plano de aula
viver a mente na jaula
maneira tão dinossaura
de aperta-lhe a válvula
de abobar a sua lauda
lhe colocar uma cauda
do burrinho
burburinho
escapou um bilhetinho
“Sou distinto
distinto
do patrão”


O meu profeta era livre
assim meus sonhos mantive
Tenacidade decide
cantar um salmo que vive
comerás o pão que te grite
“Sobriedade
Humanidade
Liberdade”
quem tem coragem?
pra derrotar
o patrão
Pantoja Ramos

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5786914

Lamberto, o Traumatizado: Seu Umbiguinho

Lamberto, o Traumatizado, ponderava com seu amigo-pai, Sábio Colares, os resultados das eleições municipais de 2016:

"Colares, você viu? Foram eleitos muitos prefeitos ricos e conservadores. Como se explica?".

 Sábio Colares contou-lhe uma estória.

"Conheci certa vez um homem conhecido por todos como Seu Umbiguinho. Morava lá pras bandas de Pucuruaçu, onde ocorrera mais uma eleição pra prefeito. Disputavam naquele ano os partidos PSAS (Partido Sou A Solução) e o PSdeN (Partido Sentimento de Nós) , um mais ligado ao poder econômico, outro vindo da luta da população por direitos básicos. No meio, o PDdoA (Partido Depende do Acordo). Umbiguinho era gari em um município em que os garis não eram valorizados, tanto nos salários, quanto nas condições de trabalho. Seu Umbiguinho conhecia o candidato do PSdeN, um professor também lascado como ele, que lutava pela educação, pelo meio ambiente e pela justiça aos professores e aos demais trabalhadores, inclusive para que a vida dos garis fosse digna.  Participavam sempre das mesmas passeatas. Reclamavam juntos por melhores salários. Até juntos receberam as mesmas pedradas dos filhos dos grandes comerciantes nos atos de protesto. Eram bons conhecidos. O candidato do PSdeN conseguiu a duras penas projetos para seu bairro. Água, luz, piçarra na rua, mesmo um bico extra de carreteiro de entulhos das casas conseguiu Umbiguinho a partir do esforço do candidato do PSdeN.  Estavam ali no movimento, iguais.

No dia da eleição, o candidato do PSdeN ficou em quarto lugar. O vencedor do pleito foi aquele do PSAS, que ficara com 35% dos votos.

Brancos/Nulos/indecisos somaram 35%.

O candidato do PDdoA com 25%.  

O professor com 5%.    

Refletindo sobre a derrota nas urnas ao passear no bairro, de pobreza espalhada e valas abertas a multiplicar as carapanãs, o candidato do PSdeN ficou encucado quando viu o imenso cartaz do PSAS na casa do Seu Umbiguinho. Guardou a dúvida pra si.

Quando a vida tomou realidade novamente, as mesmas lutas, as mesmas reivindicações, a labuta de sempre, lá estavam o professor e o seu vizinho gari no meio de uma caminhada reclamante. O professor aproveitou a ocasião e puxou conversa com Seu Umbiguinho: "Seu Umbigo, por nada não, mas eu vi um cartaz imenso do candidato do PSAS na porta da sua casa. Sei que o voto é secreto, mas diga pra mim, o senhor votou nele?". 

"Votei sim, professor".

"Mas eu ando junto contigo todos os dias, todos os anos, haja chuva ou sol pra que as coisas melhorem... Puxa, olha, não vou ficar com raiva não, viu? Só me explica porque o senhor votou no homem que nem liga pra gente, do PSAS. O cabra anda até com os comerciantes que mandam dar pedradas na gente!".

"Posso dizer? Na boa?".

"Pode".

"Ele foi lá em casa pedir meu voto. Já o senhor nunca foi. Me senti 'o cara', um patrão daqueles lá em casa pedir meu voto. Aí ele me ganhou...".



Sábio Colares perguntou a Lamberto: "o que tu tiras daí?".

Lamberto respirou fundo e disse: "Esse Seu Umbiguinho....".






Sem Traumas.