domingo, 29 de junho de 2025

Crônicas, passageiro: delinquência

 


- O senhor escreveu esse texto?

- Sim.

- Que assinatura empresarial de IA você usou?

- Não tenho assinatura.

- Como assim "não tenho assinatura"?

- Eu não utilizo inteligência artificial para escrever um texto.

- Ora, ora, temos aqui um delinquente.

- Por quê eu seria um delinquente?

- Tem pensamentos próprios, escrita própria, sem ser conduzida por nossas diretrizes.

- Professora Fátima, da minha quarta série, ensinou-me a ter autonomia, conversar com o texto, pensar no que é preciso redigir, registrar, gravar sob a forma de letras escritas à mão ou mesmo digitadas os sentimentos, as bem-aventuranças e os perigos de nosso tempo.

- Hã... O que você disse? Ahhh, sim, professora Fátima... sei... aquela comunista... Agora vire-se lentamente e fique de cara pra parede. Os monitores devem chegar em dez minutos...