sábado, 31 de janeiro de 2015

Poesia de Expedito, o Sindicalista-Poeta

“Vocês que se forma hoje
É o futuro de uma nova era
Era de paz e justiça
É o que todos espera
De homens inteligentes
Que tenham na sua mente
As coisas essenciais
No papel de cidadão
Que exerça sua função
Naquilo que for capaz
Quem tem pedra, joga pedra
Quem tem espinho, joga espinho
Mas eu ofereço flores
Para ser postas em seu caminho...
De vocês vão avante
Tenham um futuro brilhante
Cheio de grande alegria
De homens civilizados
E que você seja mergulhado
Num mar de sabedoria.”
Expedito Ribeiro de Souza, Sindicalista e Poeta Morto no início da década de 1990.
(Discurso de Formatura em Escola do município de Rio Maria-Pa).













Imagem: “Expedito – em busca de outros nortes”, site https://www.youtube.com/watch?v=1D5XZet2YJY

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo na Visão de Milton Santos: Marajoaras, onde nos encontramos neste jogo[1]?


Caríssimos e caríssimas marajoaras,

Milton Santos é um dos principais geógrafos de todos os tempos, reconhecido internacionalmente. Baiano de origem pobre, Santos tornou-se uma referência universal na análise dos efeitos de modelos econômicos capitalistas no dia a dia da população menos favorecida, a grande maioria nestes bilhões de habitantes que somos. Este estudioso ajudou a quebrar a caracterização com que se dividia o mundo no período de 1950 até os anos 1990, marcado então pelo Primeiro Mundo (Bloco de países liderados pelo capitalismo dos Estados Unidos), Segundo Mundo (liderados pelo Socialismo da União Soviética) e Terceiro Mundo (formado pelos países ditos subdesenvolvidos encontrados principalmente no Hemisfério Sul). Foi a ladainha que ouvi enquanto aluno, de um enorme preconceito entre as nações, reduzindo-nos. Saber o caminho que levou a humanidade após o fim da Guerra Fria e entender a influência deste evento em outros países e seus territórios, como no caso do Marajó, é uma forma de nos posicionar diante dos processos em curso. Aqui vai minha pá de provocação e disposição às críticas que surgirem. O importante sempre é a reflexão.

Com a voz agora predominante do antigo bloco formado pelos Estados Unidos, criou-se campo fértil para ideologias que finalmente pudessem levar a cabo o que o capitalismo mais desejava e que é a sua essência: chegar ao cúmulo de si mesmo. Uma dessas tentativas chama-se Globalização. Uma de suas ferramentas metodológicas: Neoliberalismo. O azeite desta engrenagem: a Mídia.  E foi no momento que a voz de Milton Santos me explicava[2] sua visão sobre a nova polarização do planeta humano, percebi como devemos nos identificar cada vez mais fortemente como Marajoaras. Como Marajó! Pois é na nossa identificação e valorização de nossa origem que pode estar uma das formas de melhorar nossas condições de vida, cidadã acima de tudo. Isso passa pelo entendimento do que se passa em nosso tempo. O geógrafo novamente aponta para três mundos: Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.

O Primeiro Mundo desta vez é o mundo que a Globalização deseja convencer você e eu, de beleza, de ostentação, de cartazes, do carrão, da comunicação, da comida, da roupa chique e da “hora”, da atriz, do ator, do cantor e da cantora, estes quatro últimos não propriamente talentosos, porém adaptados a nos enviar uma mensagem que ganhar financeiramente é o ideal na vida. O Homem não seria mais o centro do Universo, e sim o Dinheiro. É um Primeiro Mundo que mostra que lá fora, que a cidade cosmopolita e ultracapital, que os outros são melhores. Empresas multinacionais apostam alto e tem lucrado na mesma proporção para chegar a mim e a você a nos seduzir, com sucesso muitas vezes temos que admitir. São enxurradas de comerciais. São filmes hollywoodianos a fazer bilhões de pessoas consumirem aquilo que lhes é de interesse. Para isso, é lançado o filme e o livro do filme, num piscar de olhos que tiram a vontade aos poucos, de ler e atentar para a arte que nos cerca. Tudo, dinheiro e propaganda estão bem entrosados para manter o estado de coisas. Não é à toa que nas últimas pesquisas do PNUD, órgão que monitora a situação social dos países, 1% apenas da população (elite) será detentora em 2016 de 50% de toda a riqueza mundial. É um jogo de máscaras internacional que tem enriquecido os mesmos jogadores e dado valor à Renda Per Capita (renda por cabeça) em detrimento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para demonstrar o que importa neste tabuleiro que vivemos e sobrevivemos. Uma disputa em que você é apontado como jogador, cujas regras não são claras e são cochichadas por aqueles que irão te fazer perder. Aparentemente libertário, democrático, mas te subtraindo sem que saibas. Tudo combinado.

O Segundo Mundo é dito por Milton Santos como o da realidade. A Globalização como ela é na verdade. Da exclusão, da marginalização, de especulação, das milhares de pessoas retiradas de seus lares por novos projetos, apesar dos estudos socioeconômicos e ambientais mostrarem que outras vias seriam possíveis e menos impactantes. Porque tá na cara que projetos hidrelétricos tem como maior incentivador a indústria do cimento e do ferro, isso os impulsiona, não a capacidade de geração de energia. Aliás, é sim para gerar energia, mas não para os municípios paraenses a princípio, e menos ainda para os moradores daqueles municípios que não estão na cidade. Não, se quer saber, Belo Monte não foi feito para o povo. Altamira é testemunha, terceira cidade mais violenta do país. Prometeram mundos e fundos, só o saque restou. Não, Energia alternativa não é prioridade. Na Ilha das Araras, em Curralinho, existe um projeto de geração de energia solar, gerenciada por empresa privada que atua em todo o Pará com o aval do Governo Federal, através do Ministério das Telecomunicações. Deixa ver se eu entendi: projeto de energia alternativa, de fonte gratuita sob controle de empresa privada de considerável porte? Então foi feito para não dar certo tal iniciativa. Diante da Globalização, somos nós marajoaras, meras caricaturas de turismo aqui e ali, televisionadas no sul-sudeste de que aqui é tudo é paraíso e exótico. Sim, a Globalização em mídia novelesca quando nos visitou, tentou passar isso. Sorte que existem outros canais mais responsáveis que tentam mostrar o que de fato acontece. 

E assusta ver feijão e milho que não geram outras plantas e que são dominadas por uma indústria planetária, a Monsanto. Porque assusta ver a agricultura familiar no Nordeste Paraense ser afundada pelo agronegócio, enganando muitos agricultores pela promessa “a gente planta dendê em sua terra, você praticamente não fará nada e ganhará com isso...”. O que ganhou afinal? Se a característica principal do trabalhador rural é a sua autonomia, sua liberdade, diria que muitos vêm procurando donos, grilhões. Ou estamos acostumados com isso? Com um Estado Brasileiro empossando uma ideóloga que combate o direito dos povos indígenas como a atual Ministra da Agricultura, está arredada a cortina: é o interesse da bancada ruralista mais forte para diminuir mais ainda aquilo que é básico para os povos da floresta e agricultura familiar. Eu besta sonhava ver a EMBRAPA realizando pesquisas no Marajó nos próximos 4 anos. Mas a EMBRAPA é do Ministério da Agricultura. É uma ciência que já tem endereço. Eu ainda aposto que em 8 anos as prefeituras conseguirão atender os 30% mínimos de compra da produção local para a merenda escolar. É a luta da tapioca do norte contra o biscoito do sul. É a luta para uma criança beber água de qualidade na sua escola, lá na sua comunidade. Somos, caros marajoaras, 500 mil almas como diria um sábio da região geradores de poucos votos. Poucos olhares governamentais. Poucos investimentos em mudança de estrutura. Em Chaves chegará o Linhão, um avanço que deve ser reconhecido. Entretanto, nunca vi lugar mais abençoado pelo vento. Vai soprar nossos cabelos e não chegará à tomada. Pra quê chegar isso? Não dá dinheiro, só bem-estar. Não é suficiente. Você vale o que você tem no bolso. Essa é dura realidade do Segundo Mundo dita por Milton Santos. Um fundamentalismo pautado no ganho financeiro. Cadê a Democracia?

Outra humanidade é possível. É o Terceiro Mundo do consagrado Geógrafo. Uma outra forma de Globalização que valoriza a reconhece as iniciativas locais. Que leva em conta o açaí nativo e sua importância social e ambiental para nossa região, não um simples novo produto-exportação mundial. Que visualiza ações concretas de educar o jovem peconheiro a saber ganhar e gastar seu suado dinheirinho na safra, longe dos diversos tipos de entorpecimento e prostituição. Que não tolera mais expropriações dos recursos naturais de forma irresponsável a endinheirar pessoas relacionadas com o Primeiro Mundo, o da ilusão para milhares, a fortuna para pouquíssimos.  O Marajó sabe o que passou pelo palmito, pela madeira, pela borracha. Aprenderá a valorizar a si próprio? Contribuiremos para uma condição humana digna? Um Mundo em que o Ser Humano voltaria a ser Justificável perante a Ecosfera? Neste Terceiro Mundo tem economia, tem comercialização, mas tem justiça. Tem Natureza. Tem Cultura. Tem equilíbrio. Tem tolerância.

Milton Santos incentiva que todos sejam eternos estudantes para mudar a História, pois segundo ele, “a clarividência é uma virtude que se adquire pela intuição, mas, sobretudo pelo estudo...”. Ele se foi fisicamente em 2001, mas mostrou nos últimos olhares para a câmera a fé que tinha de que lá na frente será obtido este Terceiro Mundo.

Sim, porque outro Mundo é possível.




[1] Nota: Recebi crítica e fiz autocrítica de que é preciso relatar o quanto trabalhamos pelo Marajó. Envio assim cartas aos amigos, a forma mais confortável que encontrei para dissertar. Só desejo a reflexão-ação-reflexão, nada mais.
[2] Quem quiser ver o documentário, procurar no site https://www.youtube.com/watch?v=QNV9WJLQZqg

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Cisterna Caseira

Experiência minha em captação de água da chuva para uso em jardins e lavagens em geral.

Cisterna Caseira.

A cada 2 dias, 200 litros capto fácil, fácil.

































quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Empate no Projeto Jari - Pará / Manifesto das Comunidades de Repartimento dos Pilões e Vila Nova


Ao longo dos séculos as populações tradicionais da Amazônia têm sido penalizadas pelos processos econômicos de colonização. Saque de riquezas, execução de índios, negros e extrativistas tem sido o  enredo. São estas populações que compartilham todos os tipos de passivos sociais e ambientais, enquanto uma pequena parcela da sociedade concentra as riquezas.
Foto (ASMIPPS) 

No sentido de ampliar os nossos direitos e garantir a vida de gerações futuras, que nós extrativistas das Comunidade de Repartimento dos Pilões e Vila Nova, do distrito de Monte Dourado, município de Almeirim, oeste do Pará, região o Baixo Amazonas, Amazônia brasileira, vimos a público esclarecer sobre o Empate organizado no fim de dezembro de 2014, pela população extrativista contra a exploração de madeira pelo Grupo Jari em nosso território:


1) 240 pessoas, aproximadamente 70 famílias moram no território de 61 mil hectares das Comunidades de Repartimento dos Pilões e Vila Nova há mais de cem anos. Nela sobrevivemos do extrativismo da castanha, cipós, copaíba, andiroba, cumaru, jatobá, preciosa, da pesca, da caça e do cultivo do cacau, mamão e de hortifrutigranjeiros;

2) É a partir dos recursos da floresta que podemos garantir a sobrevivência e a reprodução econômica, social, política e cultural de nossos idosos, adultos, filhos e netos;

3) Esclarecemos que o Projeto Jari, instalado na região desde 1968, período marcado pela ditadura civil militar, passou a controlar enormes porção do território da região. Ao longo dos anos a ação dos
sucessivos empreendedores tem sido marcada pelo desrespeito aos direitos das populações locais, ameaças, coerção pública e privada;

4) No fim do ano passado a empresa passou a extrair madeira de lei do território de nossas comunidades; ação que consideramos ser equivocada, por defendermos que a área pertence há mais de cem anos aos moradores das comunidades;

5) Avaliamos que a medida da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará em expedir o Plano Operacional Anual (POA) ao Projeto Jari, viola acordo firmado em maio de 2013, onde ficou decidido e lavrado em ata, a decisão em não expedir autorização até a resolução sobre a questão fundiária; além de expedir o documento, há indícios de erros técnicos sobre a delimitação da área, ou sobreposição, que merecem ser investigados;

6) Do Grupo de Trabalho participam entre outros, os seguintes entes: Ministério Público do Pará (MPE), Instituto de Terras do Pará (ITERPA), Defensoria Pública do Estado do Pará, Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, Ministério da Justiça (Polícia Federal), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Federação doso Trabalhadores\as rurais do Estado do Pará (Fetagri), Grupo Orsa (atualmente Grupo Jari), Vara Agrária de Santarém;

7) A decisão em organizar o Empate na madrugada do dia 23\24 tem como motivos os elementos citados acima, além da luta, resistência, sobrevivência da população extrativa das Comunidades de Repartimento dos Pilões e Vila Nova.


Associação dos Micros e Mini Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade de Repartimento dos Pilões e Vila Nova.

Rede Comunitária Almeirim em Ação (RICA)

Monte Dourado\Almeirim, Pará- Amazônia, 12 de janeiro de 2015


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Rio Pará


                    



Belém, 07 de Janeiro de 2015.

Rio Pará que não é rio
Leve-me pra longe
Das coisas ruins da vida
Navegue navegue navegue
Vazante vazante vazante
Vazante é meu olhar pra ti

Sobe um turbilhão de água
Sobe um turbilhão de mágoa

Rio Pará que não é rio
Diga que sou inocente
Das coisas que na terra fiz
Vai barco vai barco
Leve-me à liberdade
Decidido é meu olhar pra ti

Bate-me um forte vento
Bate-me um contentamento

Penso num banjo
A tocar para mim
Tá dizendo em suas notas
Que a vida segue

Rio Pará
Pára o rio
E começa a encher

Navego navego navego
Enchente enchente enchente
Enchente é essa fé em mim
Pantoja Ramos

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5094989

sábado, 10 de janeiro de 2015

Censo Escolar 2014 Marajó

Caríssimos,

Envio este pequeno estudo marajoara baseado no Censo Escolar 2014, lançado dia 09/01/15. Como sou pai de um pequenino que está na educação infantil, deixei-me levar pelo carinho de juntar estes números, tal como ele monta seus quebra-cabeças.

Alguns municípios preocupam, outros deram avanços significativos em 2 anos neste primeiro educar escolar de nossas criancinhas.

Sim, são elas sempre a salvação do nosso querido Marajó, assim como nós fomos um dia para nossos pais.

Para vossa análise.


Um forte abraço.