Gurupá, dezembro de 2008.
Fazendo uma prece pra São Benedito
Sentado na vala, um porre tão bonito
Andando que nem um velho periquito
Eu vejo Antônios, tipos esquisitos
“Que raio está na minha frente agora!
Um porre deitado na minha igreja, ora
Sai logo daqui ou eu te boto fora
Casa é de respeito, não onde bebum chora!
Eu olho chegar dois beneditos escuros
Nem pisavam na terra, flutuavam, juro
Dançando contido, um movimento puro
“Me faz a promessa que eu garanto, curo!”
“Ó, Benedito, desse jeito não dá!
Arruma outro canto para tu ficar!
Tô cheio de festeiro que vem a deitar!
Na minha igreja feito a profanar!”
“Mas Antônio, que posso eu fazer?
Eu ralho com eles, eu faço chover
Porém, as festas não ficam a ceder
Quanto mais trovoada, mais tão a querer!”
“Não tem outro modo, te arruma daqui
Pra outra cidade, bem longe tu ir
Eu peço uma ordem, para permitir
Outro município pra tu residir.”
Desculpa, Seu Antônio, escuto o fato
O seu esculhambo pro homi do lado
Me deixa um porre de sina, de fardo
Me meta entre os dois, um conselho dado?
- Tudo bem!
Que tem farreiro incomodando, que seja
Mas rezam fervorosos aos dois, eleja
Que Junho e Dezembro são cânticos, e veja
Quem arruma dinheiro pra sua igreja?
“Seu porre desaforado, o que estás a citar!
Não sou mercenário, sou santo de altar!
Mas concordo contigo, razão é que está
Milhares que vem, rezam, neste Gurupá!
Tá certo, fica Benedito, te dou permissão
Contudo, controla a farra desses beberrão
Não quero orgia, quero sossego então
A festa é religiosa, profana, não!!”
“Tá certo, Antônio, obrigado a chance
brigado seu moço, brilhante seu lance
que é isso, Antônio, que faz neste instante?”
“existe algum mal no fato que eu dance?!!”
Pantoja Ramos
Enviado por Pantoja Ramos em 09/12/2011
Código do texto: T3380277
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