Acordo entre instituições públicas e comunidade vai permitir que, além da estratégia Fome Zero, recursos sejam destinados ao desenvolvimento da reserva extrativista Renascer, no Pará
15/01/2013 às 11h40
Os recursos arrecadados com leilões
de madeira ilegal apreendida pelo governo federal geralmente são destinados à
estratégia Fome Zero, mas um acordo vai permitir que seja encaminhada a
comunidades extrativistas metade dos valores obtidos com o leilão da maior
apreensão de madeira já feita no Brasil pela Polícia Federal.
O Termo de Ajuste de Conduta (TAC)
acertado entre Ministério Público Federal (MPF), Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) e a associação das comunidades da reserva extrativista
(resex) Renascer, no noroeste do Pará, está sendo enviado à Justiça Federal
nesta terça-feira, 15 de janeiro, para homologação.
As negociações para a assinatura do
TAC começaram em 2010. Em março daquele ano a operação Arco de Fogo, realizada
pela Polícia Federal, ICMBio, Força Nacional de Segurança e Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
apreendeu 64,5 mil metros cúbicos de madeira – mais de 23 mil toras, volume
suficiente para carregar 2,5 mil caminhões, em um valor total estimado na época
de R$ 10 milhões. Segundo coordenadores da operação, a apreensão foi a maior já
feita no Brasil pela Polícia Federal.
De acordo com o TAC, o leilão será
realizado dentro de nove meses, contados a partir da homologação do acordo.
Metade dos recursos vai para a estratégia Fome Zero. O restante será destinado
ao ICMBio, para investimento no desenvolvimento sustentável das comunidades da
resex, em atividades como a capacitação dos moradores tradicionais, pesquisas
científicas, estruturas necessárias aos processos produtivos, gestão
comunitária autônoma, entre outras linhas de aplicação.
Os investimentos serão planejados
pelo ICMBio em parceria com as comunidades e detalhes sobre o andamento dos
trabalhos deverão ser relatados ao MPF, para fiscalização do cumprimento do
TAC. O prazo para aplicação dos recursos foi estimado em cinco anos.
O TAC foi assinado pelo procurador
da República Luiz Antonio Miranda Amorim Silva, pela Ministra do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Helena Gabrielli Barreto
Campello, pelo presidente do ICMBio, Roberto Ricardo Vizentin, e por
representantes da associação de comunidades da resex Renasecer.
Denúncia – A denúncia criminal
contra os responsáveis pelo desmatamento ilegal foi encaminhada à Justiça
Federal em junho de 2011. O MPF denunciou uma madeireira e cinco pessoas. Caso
condenados, os denunciados estão sujeitos a penas que variam de um a seis anos
de reclusão e multa, de acordo com cada um dos crimes dos quais foram acusados
(crimes ambientais e formação de quadrilha).
Além dessas acusações, o
administrador da madeireira Jauru, Adriano Dandolini, também foi acusado
de cometer 1.189 vezes falsidade ideológica com documento público, crime punido
com reclusão de um ano a cinco anos e multa.
A denúncia foi feita pelo o
procurador da República Marcel Brugnera Mesquita e agora no MPF o caso está sob
responsabilidade do procurador da República Luiz Antonio Miranda Amorim Silva.
O processo aguarda decisão judicial.
Link para íntegra do TAC
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Ministério Público Federal no Pará
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