quinta-feira, 27 de abril de 2017

"Castanhais Para Sempre", o lema da Comunidade Repartimento dos Pilões, Almeirim-Pa

CASTANHAIS PARA SEMPRE!
E BISCOITOS TAMBÉM!


Dilva Araújo, vice-presidente da Associação dos Micro e Mini Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade Repartimento dos Pilões - ASMIPPS.



quarta-feira, 26 de abril de 2017

Marajó, Reserva da Biosfera/ Parte 1 - Os Campos do Marajó Vieram Primeiro, Não é Senhor?

Uma gente que não se corrige.
Não se convencem que não
deve queimar os campos.
Porque... Ouviste?
Psiu... Porque...
Esteriliza... Ouviste?”.

Dalcídio Jurandir / Chove Nos Campos de Cachoeira.






Carlos Augusto Ramos[1]


Caríssim@s Varela, Arlete, Marinete, Tourinho, Rosalina,
               
       Ao sobrevoar o Marajó entre Belém e Afuá, ou a caminho de Macapá, sempre procuro mergulhar os pensamentos naqueles vastos campos a perder de vista, tentativa de enganar o medo que me acompanha desde a infância no ato de voar. E nessa paz observo imenso verde, os rios, os lagos que oram vivem, oram morrem, só não o maior de todos chamado Lago Arari. Estranho, nesses 15 anos de idas e vindas minhas, parece que ele está secando ou a minha visão me engana? Mestre Varela, já bem avisaste que é preciso perenizar o grande lago marajoara[2], assim como alertas que é preciso primeiro conhecer para amar algo ou alguém, então não amamos ainda o estuário do maior rio do mundo e seu formoso arquipélago, o maior flúvio-marinho do planeta.


     As expedições do professor Rubens Lima e Manoel Tourinho nos anos 1990[3], pouco midiatizadas, mas de uma importância fundamental para o entendimento das várzeas amazônicas, também mostram claramente a necessidade da população abraçar o Marajó enquanto beleza natural e fragilidade em ecossistema: seus solos eutróficos, ricos em matéria orgânica são diretamente relacionados ao trabalho de carreamento feito pelos rios locais, marés que sobem e descem neste equilibrar de sedimentos. São terrenos que ainda escondem nossa História, o que Denise Schaan[4] já demonstrou, porém, sem a aceitação oficial de que nossos sítios arqueológicos precisam de cuidados, o que vale para a riquíssima cultura e memória das comunidades dos campos. São os Campos do Marajó, portanto, um presente para animais e plantas, homens e mulheres, um berçário por exemplo das várias espécies de peixes que circulam pela região a nos alimentar como o jiju dos livros de Dalcídio Jurandir, que um peixe maior come, que outro maior ainda come, até chegar aos Bagres Migradores (Filhote, Piramutaba, Dourada) que engordam no estuário e vão bater longe, algumas vezes lá nos Andes[5].


Durante o período quaternário (começado a 1,8 milhões atrás), transformações tectônicas separaram o Marajó da parte continental, criando a Baía do Marajó e forçando na parte onde localiza-se hoje a divisa entre Chaves e Soure o nascer do Lago Arari e seus canais, conforme demonstrado por Dilce Rossetti, Márcio Valeriano, Ana Góes e Marcelo Thales[6]. Seu aspecto alagadiço deu origem à vegetação hoje existente, algo inusitado por estar em si mesmo, o Lago Arari, sem aquela dependência alta do rio Amazonas em seu estuário. Não imaginava esta gênese do grande lago.




Por tal, temos ali um ecossistema fabuloso, cheio de vida, distinto, que veio antes da fazenda, antes do búfalo, muito antes de nós seres humanos na região. Então, porque não perenizar? Por que não proteger? Ao estudar o mapa do SICAR Pa, o sistema paraense que gerencia o Cadastro Ambiental Rural no Estado e bisbilhotar na parte de áreas consolidadas, deparei-me com o posicionamento daqueles que se inscreveram no sistema autodeclarado de CAR que os campos do Marajó e a adjacência próxima ao Lago Arari não são antes de tudo campo natural: são áreas consolidadas, explicadas em suas legendas como sendo para fins de agricultura ou pecuária.



Áreas consolidadas segundo os CARs inscritos na regiao dos campos no Marajó. Fonte: http://car.semas.pa.gov.br/#/consulta/mapa


Se o Cerrado Amapaense já sofre com os desmandos dos governantes que o jogaram às raposas famintas do agronegócio para os plantios de soja e eucalipto[7], ao que parece, a bola da vez são os campos marajoaras. Talvez não com a sojicultora, nem “florestaranas” (falsas florestas, as plantadas de eucaliptos), quem sabe a trama seja para o arroz em grande escala, laboratório que há na sede municipal de Cachoeira do Arari chancelada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente a cercar aquela localidade[8]. “Não tem para onde crescer esta cidade”, proseiam comigo os cidadãos que moram ou passam por lá.


Certo que o cenário não é bom para o marajoara que entende que é preciso manter a paisagem natural formada há milhões de anos. É possível que uma avalanche de impactos socioambientais e econômicos cheguem à toque de caixa nos quatro cantos do Marajó por grandes projetos, marca dos últimos tempos, de fragilização de direitos fundiários e ambientais no Brasil (Estado que não é Nação desde que aprovou a emenda constitucional que limita por 20 anos os gastos públicos). As pesquisas em petróleo na Costa de Chaves, Soure até o norte do Amapá, a encostar nos recém-descobertos recifes amazônicos[9]; a intenção de aumentar a rizicultura no Marajó na mesma metodologia de licenciamento ambiental e de uso de agrotóxicos começada em Cachoeira do Arari; os portos de transbordo da soja projetados e que já causam especulação por terra e perigo à manutenção da paisagem natural[10]; a predileção pelo termo “áreas consolidadas” dentro dos cadastros ambientais rurais em detrimentos dos campos naturais; os “hunos” que vem do Arco do Desmatamento de Belo Monte numa insana ação de grilagem, ameaças e destruição, que o diga o PDS Liberdade na divisa entre Portel e Pacajá[11]; o uso do CAR para grilar[12]. Todos exemplos infelizmente do dia a dia de quem acredita em um Marajó mais justo, mas que mostra neste fim de década a inexorabilidade da mão do “patrão”, colonizador (latifundiário e escravocrata sob diferentes formas), patriarca (machista) e acumulador de dinheiro (empobrecedor economicamente de muitas vidas).


Se o Estado do Pará é hoje altamente dependente de empresas[13], a ponto de ser refém de uma empresa de recolhimento de lixo, e mesmo o governo federal não ser mais confiável para conservar seus recursos naturais e proteger as populações que dela dependem, talvez tenhamos que oferecer um olhar internacional para a questão. Em 2011 o debate sobre a Reserva da Biosfera do Marajó[14] não logrou êxito, talvez porque naquele momento histórico, a luta contra a malária, o desafio de sensibilizar as autoridades para o baixo número de médicos para atender a população, o questionamento da educação altamente deficitária ofertada e o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes eram as pautas urgentes a serem enfrentadas. Além disso, o Governo do Estado do Pará ao assumir a pasta da Reserva da Biosfera, ao invés de promover um amplo e esclarecedor debate sobre as vantagens e desvantagens da RB, criou um embaraço chamado Parque Estadual do Charapucu, em Afuá, na ânsia de atender condicionantes da candidatura do Marajó, sobrepondo a um Projeto de Assentamento Agroextrativista do INCRA, cujo decreto de destinação ocorrera 1 ano antes da criação do referido parque. Até hoje famílias e técnicos coçam a cabeça para tentar ajustar modos de vida e as categorias de ordenamento territorial no Charapucu. Um atendimento de requisitos para a candidatura do Marajó à Reserva da Biosfera que começou de maneira não tão satisfatória e que não teve a população empoderada do processo.


Entretanto, pode ser que agora seja a hora de reconhecer internacionalmente o Marajó como um bem valioso de toda a humanidade, aliás todos nós reconhecemos ser a Amazônia um daqueles grandes talentos que o Criador nos presenteou e que sofre novamente com a sana de grandes e mirabolantes projetos, cheios de falsos salvadores. É preciso mudar tal estratégia. Precisamos de uma mudança de Era, oportunidade em que se irmana cada vez mais o pensamento de proteção da natureza, apregoada por lideranças mundiais e regionais, seja no Laudato Si[15], do Papa Francisco I; seja no aprofundamento da discussão sobre o Bem-Viver (como o que ocorre neste instante em Tarapoto, no Peru, em seu Fórum Pan-Amazônico); tempo em que os países se posicionam diante do Acordo de Paris, uns mais senhores de nossas responsabilidades diante da Biosfera, outros teimosos e cegos até, influenciados pelo capital financeiro, a depender de seu líder. Trump determina que não seja obedecido o Acordo de Paris, e assim caminha a Humanidade...


Nessa resistência de manter um ambiente sadio para as próximas gerações, a sociedade marajoara não deveria lutar para que seu fabuloso território fosse reconhecido mundialmente como um patrimônio da vida terrestre? Construir o protagonismo dos moradores locais diretamente neste diálogo junto à UNESCO[16]? Desta vez sem tantos intermediários governamentais, uma vez que o Estado de Exceção se instalou no país. Quem sabe sendo Reserva da Biosfera, o Marajó passaria a ser realmente valorizado pelo Estado Brasileiro, com a devida pressão dos olhos do mundo.

 
“Marajonosfera”, Reserva Planetária da Vida.


Marajó, oxalá, Reserva da Biosfera.







[1] Engenheiro Florestal, Consultor Socioambiental, natural de Portel; consultor da FETAGRI Regional Marajó e Comissão Pastoral da Terra/ regional Marajó.
[3] Considero tais estudos uma das últimas grandes expedições, dignas daquelas que povoavam minha infância regada a Júlio Verne e filmes de Indiana Jones, só que de carne, osso e tenacidade. Recomendo ler : LIMA, R. R. e TOURINHO, M. M. Várzeas da Amazônia Brasileira: principais características e possibilidades agropecuárias. Belém: FCAP. Serviço de Documentação e Informação, 20p. 1994a.
[5] Vejam o caso da piramutaba (Brachyptalystoma vaillantii): a região do Estuário Amazônico concentra 77% dos indivíduos, mas sua migração pode chegar até 1.000 km rio Amazonas adentro – ver http://pt.aguasamazonicas.org/fish/piramutaba/ .
[6] Palaeodrainage on Marajó Island, northern Brazil, in relation to Holocene relative sea-level dynamics, dos autores Dilce F. Rossetti, Márcio M. Valeriano, Ana M. Góes e Marcelo Thales – ver em http://www.dsr.inpe.br/marajo/palaeodrainage.pdf
[10] A Companhia Loius Dreyfus , grande empresa transnacional de commodities, comprou terras no Marajó, possivelmente em Ponta de Pedras,   http://www.valor.com.br/agro/4878686/dreyfus-aposta-em-marajo-para-crescer-no-arco-norte
[14] Reservas da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres e costeiro-marinhos ou uma combinação desses, reconhecidas internacionalmente dentro da estrutura do Programa Homem e a Biosfera (MaB) da UNESCO - Marco Estatutário das RBs; hoje o Brasil conta como Reservas da Biosfera reconhecidas pela UNESCO: a Mata Atlântica e o Cinturão Verde da Cidade de São Paulo; O Cerrado; O Pantanal; A Amazônia Central e a Serra do Espinhaço, no Estado de Minas Gerais – ver em http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/natural-sciences/environment/biodiversity/biodiversity/ .
[15] Vale a pena ouvir a versão da encíclica em formato radiofônico, publicado em http://redamazonica.org/pt-br/laudato-cuidado-nossa-casa-comum/
[16] Órgão das Organizações das Nações Unidas que atua nas seguintes áreas de Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura e Comunicação e Informação.



domingo, 16 de abril de 2017

Professor Benedícrates e as Questões do ENEM ("Gúmeno")


Questões do ENEM(gúmeno) nº 1

Formuladas pelo professor Benedícrates, 
PhDa em Filosofia Greco-Sumana



GEOGRAFIA

A partir da frase do Governador do Estado do Pará, Simão Jatene, "...o que me causa perplexidade é que a gente 40 anos depois de experiência com grandes projetos, a gente continua reproduzindo esse tipo de coisa..." (https://www.youtube.com/watch?v=Lcz0LrEW6Wg) , criticando como foi implantada a usina hidrelétrica de Belo Monte, assinale a alternativa correta:

(a) O Governo do Estado do Pará é quem mais arca com os custos sociais de saúde, educação e segurança pública na região do projeto;

(b) O Governo do Estado do Pará não tem recursos para cobrir a demanda social na região de Altamira, mesmo ofertando 15 anos de isenção fiscal para 37 empresas que atuam no Estado (http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-334972-governo-da-mais-15-anos-de-isencao-para-empresas.html)

(c) O Governo do Estado do Pará, ao contrário, sempre tem procurado implantar projetos de ampla participação e ganho popular como a dendeicultura, que ajuda a fixar o homem à terra

(d) O Governo do Estado do Pará tem utilizado políticas sem atropelos e com transparência, como o Cheque-Moradia, nunca utilizado para fins que não sejam o do bem-estar da população


(e) Nenhuma das respostas anteriores




GRAMÁTICA

Nas canções de Chico Science & Nação Zumbi, "Manguetown"; e de Dona Onete, "No Meio do Pitiú", o urubu é o elemento em comum. Eles também conjuntamente retratam:

(a) O esquecimento da periferia e da população mais pobre como faz Zenaldo

(b) O lixo amontoado nas ruas para a alegria dos urubus, marca da gestão de Zenaldo

(c) A fedentina que marca Recife e Marituba, este último recebendo o lixão de Belém, estourando o chorume nestes 4 anos de Zenaldo na prefeitura

(d) A vontade de sofrer reelegendo políticos que não cuidam das valas e lixões da cidade, a não ser no centro nobre, como fez Zenaldo

(e) Todas as alternativas acima




FÍSICA

Assinale a alternativa de materiais com menor capacidade de propagação do som ao se chocar:

(a) Um terçado batendo num mututizeiro alertando para a hora do almoço

(b) Uma colher no prato de um homem que não merendou e descontou a fome no almoço em obra em construção

(c) A chinelada dada pela mãe no glúteo do jovem Whitman que assustou os passantes no dia de Finados com uma máscara de carnaval

(d) A chulipa no braço do amigo que esqueceu de dobrar a camisa e pagou a prenda

(e) As colheres de prata nas panelas de membros da Classe Média que não estudaram História e que são a favor da Reforma da Previdência e Terceirização do Trabalho no Brasil




GEOMETRIA

Um certo presidente não eleito de um país da América do Sul que tem a bandeira com os dizeres "Ordem e Progresso" descia a rampa do seu Palácio no seguinte desenho geométrico:



Com base na figura acima, determine a distância a ser percorrida pelo  certo presidente não eleito de um país da América do Sul que tem a bandeira com os dizeres "Ordem e Progresso" até o povo que o espera:

(a) 12 metros

(b) 6 metros, pois decidiu parar no meio do caminho ao ver a Polícia Militar se juntar aos manifestantes na luta contra a Reforma da Previdência

(c) 1 metro, pois decidiu criar mais uma MP de última hora, retornando para mais um jantar de negócios rega-bofe com os empresários às custas do contribuinte 

(d) 0,20 metros, uma vez que enxergou lá de cima a multidão se aproximando para exigir sua renúncia

(e) 0, pois prefere ficar escondido no Palácio





"A Verdade e História, quando casadas, são sublimes" - Benedícrates




terça-feira, 11 de abril de 2017

CAMPANHA "FICA BERENILDA"




Prezados (as) Companheiros e Companheiras,

A FETAGRI-PA, entidade a qual representa e luta pelos direitos dos trabalhadores Rurais e Agricultores e Agricultoras Familiares do estado do Pará, vem pelo presente encaminhar a todos Sindicatos e Coordenações para aderir a CAMPANHA "FICA BERENILDA".

A Srª Berenilda, moradora do município de Ponta de Pedras -PA, regional Ilhas do Marajó, onde vive a 25 anos juntamente com sua família na sua localidade. Precisamente, no dia 28 de março deste ano, O Tribunal de Justiça do Estado - TJE/PA, determinou por ordem judicial que ela e sua família deve ser retirar em 30 dias do sua localidade. Esta ordem judicial favorece 3 pessoas que nunca residiram nesta localidade.

E como entidade que luta em defesa da classe trabalhadora a FETAGRI-PA, através de sua executiva estadual e juntamente com sua Coordenação Regional do Marajó está participando Firme e Forte nesta Campanha:  " FICA BERENILDA".




Atenciosamente,
EXECUTIVA DA FETAGRI-PA

Camila Castro de Oliveira
Sec. Geral e Sec. de Mulheres

quinta-feira, 6 de abril de 2017

O OVNI de Gurupá nos avisa*

Foto: Manoel Pantoja (Bira)



Caros Terráqueos Amazônicos,

     
      
Primeiramente não me leves ao seu líder.
    

Vos aviso que daqui de cima vejo ovos eclodirem em vários lugares com sentimentos que vós chamais de fascismo, cujo significado em todo o Universo nós denominamos de Escuridão, o Não-Amor, ou melhor para vós entenderes, o Ódio.


Pois eu vejo uma mulher falando para uma mãe que tem um filho que possui aquilo que vossa ciência médica aponta como espectro do Autismo sem esta anunciar a condição do filho. A mulher desavisada diz: “esse negócio de inclusão social na escola é uma besteira... faz é atrapalhar os outros alunos...”. Vi a expressão de dor no interior daquela mãe sobre sua criança. E quantas pessoas pensam assim sobre as crianças humanas com alguma condição só que não tem a coragem de anunciar a seus pares. Os ovos eclodem.


Cuidado terráqueos, os ovos eclodem. São alimentados pelo líder da maior nação dentre vós que foi escolhido por uma multidão de semi-escravos e que encenou de maneira a zombar de um repórter com limitações físicas, porém (vejo daqui), detentor de uma inteligência viva e ilimitada. Limitada foi a percepção dos humanos que preferiram ter um líder que colabora com a eclosão de ovos de desrespeito. O desrespeito à própria espécie.


Fiqueis atentos, pois o calor das criaturas que são preconceituosas de sua própria espécie são energia para os ovos daquilo que indicais como fascismo. Quieto, no silêncio dos céus, ouvi o chefe do maior núcleo de terráqueos do país que os abriga (país que abriga, mas que não cuida de vós amazônicos, como deveria) se dirigir às crianças com certas limitações físicas como “defeituosas”. Quem de vós escolheu tal homem?


Novos ovos eclodem.


Neste assunto sobre o Não-Amor Universal, a escuridão, enxerguei no coração do grande plantador de grãos que se alimenta vorazmente de vossa terra anunciar que “não é justo acomodar um índio e desacomodar uma família”. E do falso soldado e falto mito, escorre a ameaça aos homens e mulheres de linda cor. Como um homem bufão dentre vós pode ser também um cadafalso? Cuidado, terráqueos amazônicos! Trateis o caso com seriedade, a gênese de sua espécie está em perigo pelas palavras que alimentam o ódio àqueles que vivem ao que é mais próximo dentre vós da criação do Universo. Seria inveja da proximidade dos chamados por vós de “índios” ao Ser Supremo? Séculos atrás, minhas caras crianças, vi a mesma cena: um homem chamado Caim, por inveja e ganância, matou outro homem, Abel, que apenas queria pastorear e viver em paz. Tal como hoje no vosso tempo.


Os ovos eclodem.


Entretanto, acredito (o que chega a ser até uma fé humana) que tais sementes ruins podem permanecer inertes por muitos séculos, talvez para a toda a passagem humana neste planeta que visito.


Vejo as crianças humanas da idade do pequeno com espectro do autismo o tratarem como um semelhante, com respeito. A esperança de vós nas suas crianças.

Vejo milhões de humanas fêmeas marcharem contra o Homem do país mais poderoso para evitar que seu fascismo povoe o vosso mundo.


Vejo pinturas nos muros da maior cidade do país que vos abriga dizendo NÃO ao homem que acusa crianças de defeituosas.


Vejo bandeiras ao vento em vossos campos e florestas contra o grande semeador de ódio para os que cultivam a terra de forma justa.


Vejo Abel vencer e nunca morrer.


Se eu resolver pousar em vosso solo por estes tempos e conversar com muitos de vós, pedirei apenas uma coisa diante do que meus olhos viram, minha mente captou e que ocupou a primeira frase desta mensagem:



Não me leves ao seu líder.




(*) OVNI - Observador Voador Não Identificado, visto nos céus de Gurupá na tarde do dia 30 de março de 2017.



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Lamberto, o Traumatizado: Banco Ordinário

Lamberto, o Traumatizado, no retirar do pó de suas velhas caixas de bagulhos, ruínas antigas de uma saudosa infância, encontra um maço de papéis embolado pelo tempo. "Olha, que bacana, meu dinheiro de carteiras de cigarro". Lá estavam as marcas que guardariam os cigarros de seu pai e vizinhos, instrumentos de câncer para uma época mal avisada destes perigos. A propaganda falava mais alto na televisão do que a tosse seca do leito hospitalar. Lamberto mostrou a Bom Colares, o ancião amigo-quase-pai que vivia com ele. 

"Carlton, Minister, Hollywood, John Play Special, Camel..., legal". "Bora apostar na peteca?", desafiou Lamberto. Os dois procuraram bolinhas gude até as encontrar em um saquinho plástico. Uma divertida e rememorada brincadeira povoou aquela tarde onde testemunhavam o filho de Lamberto, Simone (outro traumatizado), Shana (outra traumatizada) e sua filhota Maria Aneci, a serelepe menina de 7 anos.

No outro dia resolveram jogar novamente, desta vez com todos da casa.  

"Vamos brincar de Banco Ordinário" - chamou Lamberto. 

"Banco Imobiliário o senhor quer dizer", tentou corrigir Simone. Bom Colares, que rápido pescou a ideia, reforçou: "é Banco Ordinário Mesmo".

"Vai Colares, eu sou Aquele que Manda no Governo e você o Grande Banco Ordinário". 

"E a gente?", perguntou Aneci. 

Lamberto orientou: "vocês serão O Povo, mas você minha filha Aneci, é a Juventude deste Povo tá?".

"Tá, vô".

"Banco Ordinário, escuta só, Aquele que Manda no Governo que sou eu avalia que não é possível manter as despesas do Povo só com aquilo que ele contribui (Simone e Shana deram uns maços de Hollywood - o cigarro do sucesso cof cof cof ), tu me emprestas dinheiro?".

"Empresto sim, com todo o prazer; toma aqui", respondeu o Banco Ordinário e lançou na mesa uma bolada de carteiras de cigarro só das altas notas, John Play Special, Carlton e Camel...".
"Beleza, agora eu cubro os custos do Governo e eu,  Aquele que Manda no Governo, principalmente mantenho meus privilégios.  Ah Povo, já ia esquecendo, pega o teu", e jogou uma notas de Hollywood (O Cigarro do Sucesso!) todas amassadas e algumas até rasgadas para Simone, Shana e Maria Aneci. Continuou: "Ó, os juros que o Governo cobrará deste empréstimo serão de 14% ao ano", sentencia Aquele que Manda no Governo

Shana, uma parte do Povo, se intromete: "mas foi o Governo que pediu dinheiro emprestado, não seria o normal o Banco Ordinário (quem emprestou) apontar os juros de seu empréstimo?".

Maria Aneci coçou a cabeça e concordou: "é...".

Simone entrou na onda dos questionamentos, sempre estudioso que era: "e 14% ao ano tá alto né? Nos Estados Unidos não passa de 0,25%, até na Índia é menor, 7%.".  

Shana pulou: "é, se é o Governo que decide os juros, devia colocar era pra baixo, não pra cima, pois quem dá dinheiro ao Governo é o Povo, Simone e eu que somos os lascados que trabalham! Assim você enriquece mais e mais o Banco Ordinário às nossas custas".

Maria Aneci botou a mão no queixo: "hummmm...".

O Banco Ordinário olhou para Aquele que Manda no Governo com sorriso amarelo e disse: "ih, descobriram nosso esquema, e agora?".

"Tudo bem, a gente vai baixar os juros, desculpa aí". Estavam com as mãos cheias de maços.

Silêncio.

"Minha jovem, que tal colocar uma carteira de Minister, um pouco do seu dinheiro todo mês no Banco Ordinário pra quando você ficar velhinha pegar de volta?". Sugeriu à Juventude Aquele que Manda no Governo novamente piscando para o Banco Ordinário.

A menina esperta pulou fora: "sai pra lá, se o Povo diz que dá dinheiro pro Governo é também pra ajudar quando a gente ficar velho né? Aquele que Manda no Governo e o Banco aí só querem achar um jeito novo de enganar o Povo, trocando os juros pela minha aposentadoria".


"Ih Sujou!".

O Banco Ordinário e o Aquele que Manda no Governo fugiram.

Todos riram.

Depois de passado o riso, os três se entreolharam sérios.


O Homem, a Mulher e a Juventude do Povo...





Sem Traumas.