Foto: Gilvandro Torres de seu Blog/ Projeto Virtual Cultural de Gurupá.
Caríssimxs da Amazônia, do Marajó, de Gurupá.
Este é um texto indignado. Pelo incêndio da Rádio Comunitária de Gurupá. De um tempo nosso agora de luta, de símbolos e de reforço da Memória, aquilo que nos é de mais valioso, repito, a Memória.
Da lembrança da minha primeira entrevista na Rádio Comunitária Educadora de Gurupá, às 5 horas da manhã, realizada pelo "comunicador que vos fala" Sabá Pena naquele ano de 2004. Cheio de sono, cheguei no humilde estúdio todo sonolento e remelento. Ali no cumprimento da promessa feita à Sabá, que alegre todo, tocava Tonico e Tinoco e mandava recados para os "caros ouvintes do programa do Sindicato dos Trabalhadores de Gurupá".
"Aqui estamos finalmente com a presença do engenheiro florestal da FASE, o senhor Carlos Augusto!!".
Eu mais pra lá do que pra cá sonhando com a minha rede ainda junto com meu lençol lá no escritório da FASE. Todo encolhido fiquei na rádio com as mãos debaixo do sovaco para esquentar as mãos naquele fim de madrugada. Tudo escuro ainda.
Sabá falava rápido como todo radialista que se preze.
"Diga bom dia para nós caro senhor Carlos para nosso ouvintes que estão nas suas casas em suas redes suas casas desse nosso querido Gurupá de Deus".
"Bom dia". Quase não sai a voz.
"Bom dia o doutor Carlos está aqui meio sonolento Seu Carlos responda para nossos trabalhadores rapidinho pergunta fácil para começar a nossa conversa COMO SE RESOLVEM OS PROBLEMAS DA AMAZÔNIA??".
"Quuêeeeeee?? PQP".
Saiu no ar meu palavrão de susto. Acordei na hora. Esfreguei o olho e pulou longe a última remela.
"Bom-bom-bom-bom, é... pois é... como se resolvem os problemas da Amazônia ré-ré-ré..."
(Com sorriso amarelo).
Comecei a falar da união das pessoas, da riqueza da floresta amazônica. Do histórico de exploração irracional que temos sofrido. Da grilagem de terras. Do valor das comunidades da floresta. Da união das pessoas (já disse isso né?). Dos projetos mirabolantes que nos chegam de tempos em tempos. Dos conquistadores.
Falei tudo desconexo, discursando como se me dirigisse para uma plateia de milhões.
Acordado, gente, acordado!
Durante o dia ouvi de uma amiga: "Carlos, querem saber quem aquele que discursava tamanha 5 horas da manhã?".
Outro amigo disse: "eu ouvi o PQP! Rá-Rá!". Outro amigo, o Almir, riu da minha situação: "e aí Carlos, como se resolvem os problemas da Amazônia?".
Procuro a resposta até hoje.
Nas perguntas quem fazem aqueles que se uniram para enfrentar a opressão.
Nas ondas de rádio de quem me escutou libertos dos coronéis.
Na Freqüência Modulada do Amor pela Terra e pela Floresta.
Na manhã que nasce com os galos a nos despertar.
No Gigante que acorda sempre que é desafiado: o Movimento Social de Gurupá.
Na pergunta deixada no ar: "COMO SE RESOLVEM OS PROBLEMAS DA AMAZÔNIA?".
Vai lá Sabá Pena!! Deixa eu te imitar?
"Aqui quem vos fala é o comunicador Sabá Pena, da Rádio Comunitária de Gurupá, rádio eterna, lutadora, que apesar do fogo, sempre será reconstruída enquanto houver luta, enquanto houver esperança, não é isso companheirada?? E agora uma música para nosso tempo".
"ESSA LUTA É NOSSA/ ESSA LUTA É DO POVO/ É COM JUSTIÇA QUE SE FAZ UM BRASIL NOVO...".
A luta de todas nós pessoas democratas, que queremos uma sociedade de pessoas felizes, com a felicidade pela justiça social, pelo respeito. #oódionãopassará. #fascistasnãopassarão��
ResponderExcluirLindo tudo isso Meu grande amigo Carlos Augusto...sobre a pergunta ; somente Deus sabe !!...Sobre o atentado na rádio ; um dia vão encontrar o autor desse crime e a punição é consequência.
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