domingo, 9 de fevereiro de 2020

Crônicas, Passageiro: a Hóstia



Belém, pensando no Rio Uruaí, 7 de fevereiro de 2020.


Jesus é o melhor dos homens. Por tudo que li, por tudo que aprendi. E um bom amigo. De tão companheiro, até brinca com a gente.

Na missa de formatura dos alunos da Casa Familiar Rural de Gurupá, onde fui escolhido para ser paraninfo (pensa num lugar lotado), o padre chamou a todos para o momento da Comunhão.

Entrei na fila, cumprindo a orientação sacramental.

Quando chegou minha vez, ao receber a hóstia sagrada das mãos do padre, esta misteriosamente pulou da minha mão e saiu rodando até o final do salão, com Seu Benjamin (do rio Bacá) correndo atrás dela.

Eu, estupefacto, vi naqueles segundos e movimentos uma eternidade. Benjamin conseguiu pegar a hóstia antes dela quem sabe cair na lama da várzea. Veio na minha direção, chegou perto e falou entre os dentes:

- Abre a boca logo...

Recebi a hóstia e com a maior vergonha do mundo saí com a cabeça baixa, tentando fazer de minha mente meu próprio mundo e não perceber as centenas de olhares.

Ainda assim, ouvi de alguém sentado:

- Esse deve ter tanto pecado que até Hóstia foge dele...

Quando tudo terminou, já no barco de volta do rio Uruaí pra cidade de Gurupá, olhei pro céu e podia jurar que ali havia uma nuvem assim pra mim:

🤭


(Baseado... Em fatos reais).



Nenhum comentário:

Postar um comentário