sexta-feira, 20 de março de 2020

O Meteoro


Salvador, a caminho de Belém, 18 de março de 2020.



O astrônomo certamente sabe que um dia virá um meteoro.

O Meteoro que nos fulminará.

Mas existe um outro Meteoro.

Este, interno da Terra, para nos confrontar.

Aquele nascido de nossa falta de amor.

Aquele nascido de nossa violência à terra.

Lá vem o Meteoro.

Um Meteoro que impacta a consciência de que podíamos tê-lo evitado.

E nem precisaríamos de telescópios de alta tecnologia para vê-lo.

E sim, a visão da alma coletiva reprimida.

Chegou o Meteoro, Li.

Não o Meteoro do pessimista que se veste de Apocalipse com seus cavaleiros.

Nem o Meteoro otimista que se intitula tão inteligente que pomposo afirma que "sairemos desta com toda certeza" sem a empatia aos que dormem nas calçadas.

Mas às pedras que sabem que nos atiramos uns nos outros.

Se não conscientes, a primeira pedra no meio do caminho.

O Meteoro realista que só será parado se transformarmos nossa conduta.

Passou o Meteoro deixando-nos um novo Setembro.

Deixou a conduta da fina flor da solidariedade.

E saudade.

E prestação de contas dos negligentes e tacanhos.

Lá, longe, o Meteoro.

O Meteoro Vírus se foi ou terá sofrido uma mutação, resultado de nossa teimosia?

E na microscopia da humildade aprendida, acredito na rainha-menina que o tempo dirá Fortaleza.

Para enfrentar o Meteoro.

Somos orbitais e libertos ao mesmo tempo.

Não ilhas, apesar das paredes.

Pantoja Ramos
Publicado no Recanto das Letras



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