Sempre gostei
de desenho animado. Acho que meu primeiro entretenimento do gênero foi o viajante e investigativo Gato
Félix, passado naquelas noites de Belém do final dos anos 1970, período de
minha tenra idade em fase da vida entre Portel e o Jari. Assistir desenhos é um hábito que costumo
manter, pois os mesmos além de fazer passar o tempo e exercitar o ócio, ensinam muita
coisa (coisas boas e ruins). O Menino e o Mundo, fantástica produção
brasileira, que o diga. Não ganhou o Oscar de melhor animação em 2016? Não tem
importância. Abriu a mente de muita gente.
E falando
ainda em produções nacionais, passei a ser fã do impagável Irmão do Jorel,
que me captura o riso até espocar em gargalhadas quando surge “Stevie Magalllllll”, ou a Vovó Ju-Ju com abacate na mão (“come bem”) ou quando tento
imitar o duelo de RAP entre as frutas e os legumes (“a guaca é mole / a vida é
dura/ cuidado com a quebrada dos legumes/ não tem mistura”). E num desses episódios, espantou-me ver a melhor
amiga do Irmão do Jorel, a pequena Lara, dizer que queria ser quando crescer...
Engenheira Florestal[1]!
Eu pensei “Uau!”, quantas meninas entre 7 e 14 anos estariam assistindo
a Lara falando isso? Milhares? Milhões? Que orgulho ser citada a minha
profissão por tão inteligente série animada.
Ao mesmo tempo
em que fiquei prosa com a menção, também fiquei pensativo. O quanto iremos aperfeiçoar
nossa profissão nas relações de gênero? Meu Deus, não, não, não quero decepcioná-las. Quero fazer o
melhor possível. Virão novas e novos profissionais da engenharia florestal talvez
despertos pela curiosidade de um desenho assistido. Lara poderia ter dito que desejava ser médica, advogada, bióloga, todas profissões magnificas e decidiu que queria ser
engenheira florestal! Espiem! Lara quer ser engenheira florestal. Deem condições
para ela tornar possível este sonho, um sonho realizado de perceber a Divindade
quando estou em campo, juntando a maravilha de conviver com a natureza ao mesmo
tempo em que utilizo a matemática para tentar entender os sinais da floresta, esta que só quer o nosso bem.
E fiquei tão
feliz com esses segundos que mostraram a opção de Lara, que decidi escrever. Ao escrever, neste momento parado na memória,
recordei que quando estudante na FCAP[2]
nos anos 1990, um professor falou alto que nós estávamos em um curso universitário de uma profissão romântica na
tentativa de usar os recursos florestais sem destruí-los. Não ligava. Eu acreditava que
poderia proteger mata. Eu constato que jovens seguem melhores do que eu para
continuar essa missão.
E acreditarei
na menina que decidir pela mesma escolha de Lara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário