domingo, 30 de outubro de 2022

Não há tempo para a ansiedade, nem para o nervosismo

Eu não posso ter medo. Mas eu não posso ser insensível se alguém sofre qualquer tipo de perseguição. Hoje, essa perseguição foi sistemática. Planejada. Gerou ferimentos. Gerou gritos de socorro. 


Fui formado em engenharia, onde muitas vezes perguntam-me: "tu és engenheiro? Não parece. Discutes coisas do social". Na verdade, eu não sei se cometo justiças, mas vejo há 25 anos as injustiças. E sei quando a perversidade toma conta de autoridades. 


Eu percebo nas entrelinhas e nos subtons (como diria Saramago) quando se defende indiretamente tal método de governo. Quando se atua para tratar toda escrotidão dos últimos 4 anos como se fosse algo relacionado a uma partida de futebol. Não. Não com quase 700 mil mortes de Covid. Não com 33 milhões de pessoas passando fome. Não com os parentes mortos ou ameaçados. Não com o racismo estampado nas manchetes.  Não com a incrível coincidência do Brasil ter 851,6 milhões de hectares e o assassino de Marielle Franco ter morado no mesmo condomínio do clã Bolsodeles. Não com o desmatamento da floresta amazônica, nossa maior empregadora, estar daqui a pouco tempo em situação de inflexão. 


Hoje eu acordei sem ansiedade, nem nervosismo. Mas hoje eu acordei com uma vontade danada de enfrentar o carnaval nazista que é o Bolsonarismo direto e indireto.

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