quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A abelha é nativa; o mel, clandestino

As abelhas indígenas sem ferrão (Meliponíneas) são nativas do Brasil e sempre voaram por aí, de flor em flor, produzindo mel de ótima qualidade. Ops, mel não, porque o alimento produzido pelas abelhas indígenas não pode ser chamado de mel. A legislação vigente se baseia nos padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras (Apis mellifera e Apis mellifera scutellata) - esse que está nas prateleiras de qualquer supermercado. Para ser “considerado” mel, o produto das abelhas indígenas deveria ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e, no mínimo, 65% de açúcares redutores (tem 50%). Por isso, o “mel” de jataís, mandaçaias, borás, uruçus e tubunas continua desconhecido. E clandestino.


http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos%20paladar,a-abelha-e-nativa-o-mel-clandestino,4671,0.htm

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cacique Raoni recebe título de cidadão honorário de Paris

Agência Brasil
Renata Giraldi
O cacique Raoni recebeu o título de cidadão honorário de Paris, a capital da França. Ele está no país em campanha pela suspensão das obras da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A prefeitura de Paris informou que a escolha de Raoni foi feita baseada na atuação em defesa da Floresta Amazônica e dos povos indígenas do Brasil.
Os franceses o consideram uma espécie de símbolo de luta pelos direitos humanos, pelo desenvolvimento sustentável e pela conservação da biodiversidade. Raoni é 12º cidadão honorário de Paris.
Na capital francesa desde a semana passada, o cacique tem o apoio na campanha contra Belo Monte de atores como Marion Cotillard e Vincent Cassel, além do diretor James Cameron, do filme Avatar.
Ao receber o título, Raoni usava trajes indígenas. Ele pretende ficar em Paris até o próximo mês.
Na semana passada, ao chegar a Paris, ele recebeu uma lista com mais de 100 mil assinaturas em apoio ao fim das obras de Belo Monte. O abaixo-assinado foi lançado há cerca de um ano pelos responsáveis pelo site Raoni.com.
A construção da usina foi alvo de ressalvas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). O organismo multilateral pediu a imediata suspensão do processo de licenciamento da usina. Em junho, o governo obteve licença para dar continuidade às obras.
Belo Monte será a maior hidrelétrica totalmente brasileira, considerando que a Usina de Itaipu é binacional (em sociedade com o Paraguai), e a terceira maior do mundo. A usina terá capacidade instalada de 11,2 mil megawatts de potência e reservatório de 516 quilômetros quadrados.
floresta, França, Xingu

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Organizações debatem em Belém prioridades para a Amazônia na Rio+20


27/09/2011 09:40 - Portal Brasil
A Amazônia será um dos focos das discussões da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), a Rio+20, que o Brasil vai sediar em junho de 2012. Para definir as prioridades da região a caminho da economia verde, um grupo de organizações da sociedade civil, representantes de governos, povos tradicionais, empresários e movimentos sociais estão reunidos nesta terça-feira (27) em Belém para definir uma agenda amazônica para a conferência.
A ideia é debater como aplicar o conceito de economia verde à região, melhorando os indicadores de desenvolvimento sem comprometer a conservação da biodiversidade. Entre os temas que irão nortear o debate estão a inclusão social e educação, a gestão e consolidação de áreas protegidas e os desafios para efetivar a regularização fundiária nos estados amazônicos.
Também estão na pauta as grandes obras de infraestrutura que os governos têm planejado e levado adiante na região, como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA).
O Seminário Regional sobre Economia Verde da Amazônia: Amazônia Rumo à Rio+20 faz parte da iniciativa Diálogos Nacionais, que já discutiu a agenda das regiões Sul e Centro-Oeste para a conferência. As propostas serão apresentadas ao governo e deverão subsidiar o documento que o Brasil apresentará à ONU com as contribuições para o debate.

domingo, 25 de setembro de 2011

Borracha natural, a bola da vez - artigo de Rodrigo Souza Santos

 A seringueira é uma árvore de grande porte e ciclo perene pertencente à família Euphorbiaceae. Dentre os gêneros dessa família, destacam-se a mamona, a mandioca e a seringueira. A classificação atual do gênero Hevea compreende 11 espécies de seringueiras, tendo como seu centro de origem a região Amazônica, nas margens de rios e lugares inundáveis de mata de terra firme, ocorrendo preferencialmente em solos argilosos e férteis. A espécie Hevea brasiliensis é considerada a mais importante do gênero por possuir a maior diversidade genética e alta produtividade de látex (borracha natural). Além de ser nativa do Brasil, a seringueira também está presente na Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana.

A partir da saída de seu habitat natural, a seringueira passou a ser cultivada em grandes monocultivos, principalmente nos países asiáticos. No Brasil, seu cultivo obteve sucesso nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, na Bahia e no oeste do Paraná. Além de fornecer látex e madeira, essa espécie arbórea, de crescimento rápido, apresenta grande capacidade de reciclagem de carbono (1 hectare de seringueira retira aproximadamente 1,4 tonelada de gás carbônico da atmosfera por ano). As plantas podem atingir até 30 m de altura sob condições favoráveis, iniciando aos 4 anos a produção de sementes e, aos 7 anos, em média, a produção de látex.

A borracha natural obtida pelo extrativismo teve seu ciclo de exploração no século 19 até início do século 20, levando a região Amazônica a um período de grande prosperidade econômica. A partir de 1912 esse extrativismo começou a entrar em decadência, devido, principalmente, a dois fatores: a entrada no mercado internacional de borracha oriunda dos países asiáticos, onde o cultivo se fazia intensivo, e o surgimento da doença conhecida como “mal-das-folhas”, causada pelo fungo Microcyclus ulei, comum nas regiões quentes e úmidas.

Além desse fungo, a seringueira está sujeita ao ataque de pragas, principalmente com o aumento da área plantada e a adoção de monocultura em áreas extensivas. Um complexo de ácaros e insetos está associado ao cultivo da seringueira no Brasil, tendo status de praga, dependendo dos seus níveis populacionais. Destacam-se como pragas da cultura os ácaros e os seguintes insetos: mandarová, mosca-branca, cochonilha-do-coqueiro, percevejo-de-renda além de formigas cortadeiras.

Os países asiáticos Tailândia, Indonésia, Malásia, China e Vietnã são os mais importantes produtores mundiais de borracha natural, respondendo por cerca de 90% do total. Atualmente, o Brasil ocupa o nono lugar na produção mundial, com aproximadamente 1,4% do total. Em âmbito nacional, os estados de São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Espírito Santo são os principais produtores, sendo São Paulo responsável pela maior parcela da produção nacional, o que lhe confere a condição de principal produtor de borracha natural do Brasil. Somente esse estado possui mais de 14 milhões de hectares aptos à heveicultura.

A importância da seringueira deve-se à qualidade da sua borracha que combina leveza, elasticidade, termoplasticidade, resistência à abrasão e à corrosão, impermeabilidade e isolamento elétrico, bem como capacidade de adesão ao tecido e ao aço. Embora a borracha natural, em alguns casos, possa ser substituída pela borracha sintética, a impossibilidade de se produzir quimicamente um polímero com as mesmas qualidades do natural faz com que ela tenha características únicas, sendo empregada, principalmente, na confecção de luvas cirúrgicas, preservativos, pneus de automóveis e caminhões. A indústria de pneumáticos consome aproximadamente 80% da borracha natural produzida. Desse modo, esse produto torna-se imprescindível na fabricação de uma série de artefatos de suma importância na vida do homem moderno, em praticamente todos os países.

No contexto mundial, projeções indicam uma demanda maior que a capacidade de produção e alguns especialistas estimam que no ano de 2020 o consumo de borracha natural será de 9,71 milhões de toneladas para uma produção de 7,06 milhões de toneladas. Nesse sentido, a renovação de seringais antigos e o incentivo à implantação de novos cultivos, além da manutenção de um preço favorável da borracha natural no mercado internacional, são medidas que devem ser adotadas para suprir esse déficit no Brasil e no mundo.

Há uma sinalização do crescimento em larga escala da heveicultura no Estado do Acre, por meio de incentivos governamentais, com plantio de milhares de hectares em regime de monocultura, que irá promover a modernização de técnicas de cultivo, geração de novos empregos e divisas para o estado. Para tanto, faz-se necessário a implementação de tecnologias (abrangendo aspectos fitotécnicos e fitossanitários da cultura), desde a escolha dos clones mais apropriados à região, passando pelo cuidado com as mudas, até a abertura dos painéis de sangria, visando otimizar a produção, prevenir o ataque de pragas e doenças e aumentar a produção de látex e a rentabilidade dos produtores.

Nesse cenário as instituições de pesquisa e fomento desempenham importante papel na geração de alternativas tecnológicas e na capacitação de extensionistas e produtores rurais. A Embrapa Acre tem contribuído para essa finalidade, desenvolvendo importantes pesquisas para melhoria da cultura no estado, tais como: introdução e avaliação de clones de seringueira, estudos com enxertia de copa e painel, rentabilidade para sistema extrativo de látex e monitoramento de doenças e pragas da cultura e, num futuro próximo, com a micropropagação de mudas de seringueira in vitro.
Fonte: Portal Dia de Campo
http://www.painelflorestal.com.br/artigos/9101/borracha-natural-a-bola-da-vez

Marajó Online | O Seu Portal de Notícias do Marajó !: Bibliotecas públicas na Ilha de Marajó

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Exibição do Filme Expedição Viva Marajó em Melgaço.


Dia 25 de setembro: Exibição do Expedição Viva Marajó em Melgaço

A origem exata do rio Amazonas

Mais de 15 anos depois da expedição chamada Amazon Source (1996), um grupo de cientistas peruanos, poloneses e italianos confirmou na quinta-feira (15) que a origem precisa do rio Amazonas fica em um bofedal (zona úmida na região alto andina), aos pés do nevado Quehuisha no Peru, a 5.174 metros de altura sobre o nível do mar. O lugar está localizado na província de Cailloma, região de Arequipa, no sul andino do país.





http://www.oecoamazonia.com/br/blog/318-a-origem-exata-do-rio-amazonas

sábado, 24 de setembro de 2011

Abertas as inscrições para a 4.ª edição do Prêmio ODM Brasil

As inscrições para a 4.ª edição do Prêmio ODM Brasil estão sendo recebidas desde as 8h desta segunda-feira (1.º) até as 23h55 do dia 31 de outubro. O Prêmio ODM Brasil foi criado em 2004 pelo governo federal - por meio da Secretaria-Geral da Presidência da República- pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade (Nós Podemos).


http://www.odmbrasil.org.br/noticias_detalhes/127/-inscricoes-abertas-para-a-4-edicao-ate-31-de-outubro-de-2011

Sema-Ac, Sipam e Ufac discutem eventos climáticos extremos na Amazônia


Carmela Camargo (Assessoria Sema)   
24-Set-2011
O conhecimento sobre possíveis cenários climáticos e hidrológicos pode ajudar e definir políticas de uso e gerenciamento de recursos
A severa seca registrada esse ano no rio Acre foi o tema do Painel de Especialistas “Eventos Extremos na Amazônia: um foco para o rio Acre”, que aconteceu nesta sexta-feira, 23, no auditório do TCE. Promovido pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o evento contou com a participação de representantes do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) de Porto Velho, da Universidade Federal do Acre (Ufac) e de órgãos integrantes da Comissão Estadual de Gestão de Riscos Ambientais (CEGdRA).

A coordenadora de operações do Sipam-Porto Velho, Ana Cristina Strava, apresentou dados sobre o comportamento histórico do rio e o meteorologista Luiz Alves mostrou um levantamento sobre eventos extremos no estado. Reunidos com os demais especialistas, os profissionais analisaram a situação da vazante desse ano e discutiram previsões para o início da cheia.

Para Vera Reis, coordenadora do Painel, o tema tem grande relevância para os acreanos. Os eventos extremos assumem importância significativa no cotidiano das sociedades, quer seja por sua freqüência e intensidade de ocorrência, como pela vulnerabilidade das populações e ecossistemas.

Segundo pesquisas do IPCC (2007), eventos como inundações e secas prolongadas estão relacionadas às alterações do clima global, mas são também potencializados por ações e intervenções humanas no meio ambiente. Os efeitos projetados pelo IPCC poderão tingir tanto as áreas mais urbanizadas quanto as áreas rurais.

Conclui-se que as predições de clima futuro indicam riscos consideráveis para a Amazônia, assim como uma incerteza significativa, uma vez que a região tradicionalmente possui um regime climático naturalmente feito de extremos. A maneira como estes fatores estão sendo incorporados nas políticas pode fazer uma grande diferença nas decisões a serem tomadas.

O conhecimento sobre possíveis cenários climáticos e hidrológicos e as suas incertezas pode ajudar a estimar demandas de água no futuro e definir políticas de uso e gerenciamento desses recursos. Para o Secretário do Meio Ambiente, Edegard de Deus,

“uma vez que estão ocorrendo mudanças climáticas significativas na Amazônia, o objetivo deste evento onde formamos um painel de especialistas é o de melhor entendermos o que está ocorrendo com os rios do Acre, uma vez que tivemos nesta estação seca a menor cota em 40 anos de medidas. A partir destas discussões e estudos, poderemos formular políticas mais adequadas, bem como orientações mais precisas à sociedade, visando nos preparar para minimizar os impactos dos eventos climáticos extremos que estamos enfrentando”.


http://www.agencia.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=16909&Itemid=26

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Secretaria de Educação de Breves Entre as 100 Melhores do Brasil



O Secretário de Educação de Breves, Prof. Benedito Viana, acaba de receber convite para receber a premiação Gestor Nota 10 – Educando 2011 Jornada Nacional de Educação. O Prêmio é um reconhecimento aos Secretários que se destacaram no esforço concentrado por uma Educação de qualidade. A entrega da premiação acontecerá no período de 02 a 05 de outubro de 2011, em Florianópolis, Santa Catarina.

Esta premiação também ratifica o grandioso trabalho do Prefeito Xarão Leão que vê, na Educação, a única forma de mudanças. Daí a necessidade de contar com recursos para que sejam feitos esses investimentos.

http://www.prefeiturabreves.pa.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=118%3Asecretaria-de-educacao-de-breves-entre-as-100-melhores-do-brasil


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sugestão de leitura - Regularização Fundiária e Manejo Florestal Comunitário na Amazônia


Regularização Fundiária e Manejo Florestal Comunitário na Amazônia


Descreve o protagonismo de comunidades de Gurupá/PA, que, de forma participativa definiram as formas de uso de suas terras em meio a um processo de criação de unidade de conservação. Os relatos apontam que a garantia dos direitos fundiários das populações tradicionais é pré-condição para a adoção e consolidação de boas práticas de manejo e uso sustentável dos recursos naturais.

http://www.iieb.org.br/?/downloads/exibir/62

Thiago de Mello - entrevista a um dos maiores poetas da Amazônia


Thiago de MelloE-mail
Fonte: 
http://www.almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6009:o-animal-mais-ilustre-que-a-natureza-criou-se-transformou-num-grande-desumano&catid=12906:literatura&Itemid=28
  

"O animal mais ilustre que a natureza criou se transformou num grande desumano."
Ele é um dos mais respeitados poetas da atualidade, com obras traduzidas para 30 línguas. Exilado durante o regime militar (1964-1985), morou no Chile, Argentina, Portugal, França e Alemanha. De volta ao Brasil, escolheu a cidade em que nasceu, encravada no meio da floresta amazônica, para viver. “Em vez de ir estudar em Oxford, decidi morar em Barreirinhas”, diz. “Não estou lá para ensinar, mas para aprender com a própria floresta e, sobretudo, com o homem que vive nela e vive dela”.

Autor de cinco livros dedicados à preservação da região, entre eles o livro Amazonas, Pátria da Água (Gaia/Boccato, 2008), Thiago não mede palavras para condenar a ação nociva do homem sobre a natureza. O escritor conclama cada um a fazer sua parte: “É preciso trabalhar pelas crianças que ainda vão nascer”.


Para você, que vive no meio da floresta, qual é a gravidade da situação da Amazônia?
A comunidade científica internacional, muito especialmente o organismo chamado Painel Internacional de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em seu terceiro relatório, adverte não só os poderosos que se pretendem donos do mundo, mas também cada pessoa filha da Terra a fazer sua parte. No dia 13 de março caiu uma geleira, uma imensa plataforma de 20 quilômetros, na Antártica. Parecia eterna e desabou. O mesmo calor que derrete o Kilimanjaro e as neves que pareciam eternas na Cordilheira dos Andes ameaça cruelmente a vida da floresta amazônica. Minha preocupação não é só em relação à floresta, o maior manancial de vida do planeta, tão cruelmente devastada e degradada pelos madeireiros perversos, pelos empresários opulentos, pelos criadores de gado e soja. É também em relação à própria existência do ser humano.

É possível imaginar uma boa saída para isso?
Há tempos eu fiz uma opção entre a utopia e o apocalipse. Optei pela utopia. Há aqueles que se satisfazem com a degradação, com a devastação, com a morte, com a ruína. A floresta é um ser vivo que o próprio planeta respira. Com lástima e perplexidade eu cito como exemplo a posição do País mais poderoso do planeta, os Estados Unidos. Eu trago grande perplexidade com a obstinação daquele país tão poderoso em se manter na indiferença com o resultado da emissão de gases tóxicos, como o gás carbônico, o etano, o óxido nitroso. E os cientistas há tempos vêm alertando. Primeiro foi o efeito estufa, as chuvas ácidas. Depois veio a abertura da camada de ozônio. A natureza é tão boa conosco! É preciso trabalhar pelas crianças que ainda vão nascer. A comunidade científica mundial avisa, com comprovação objetiva da realidade, que o aumento da temperatura chegou a um grau irreversível. Isso vai causando seus efeitos ao longo deste século, que termina com a desgraça do próprio planeta e dos seres que vivem nele.

Como você define sua escolha pela utopia?
A minha posição é de esperança. Acho que o sonho e a utopia devem ter os pés e todo o corpo fincados na realidade. Mas eu tenho a esperança de que, a cada dia, o maior número de pessoas se conscientize de que é preciso fazer a sua parte. Tenho cinco livros em prosa e verso sobre a preservação da floresta amazônica. Eu falo de preservar a vida. Nos anos 1970, estive exilado na Europa. Eu nasci na floresta, sou filho da floresta. Mas durante muitos anos, como escritor e diplomata, vivi longe de lá. Meus alunos de literatura latino-americana e professores das universidades, tanto da França quanto da Alemanha, sabiam muito mais do que eu, que sempre estudei sobre a floresta. Eles tinham os dados de satélite, sabiam o número de hectares devastados, do genocídio dos índios, dos problemas de terra. Eu, então, em vez de ir estudar em Oxford, decidi morar na terra onde nasci e onde estou até hoje, há cerca de 30 anos. Eu não vou lá para ensinar, mas para aprender com a própria floresta e, sobretudo, com o homem que vive nela e vive dela, o chamado ribeirinho, que mora à beira do rio mais caudaloso e mais extenso do planeta, que dá vida à floresta.

Qual deve ser o papel do governo na luta pela preservação?

Eu consagro minha vida a causas muito difíceis. A principal é a construção de uma sociedade solidária. Ou seja, a eliminação cada dia mais extensa e intensa das grandes diferenças sociais, da terrível desigualdade que existe entre uma minoria de poderosos que têm tudo e querem ter cada dia mais, e uma legião de deserdados, os chamados miseráveis, que nada têm nem podem ter. Eu não vou fazer nesse momento nenhuma referência ao que me consterna muito, que é a concessão de bolsas pelo governo. Mas o governo do Brasil tem que, em primeiro lugar, tomar medidas muito completas através do Ministério do Meio Ambiente, entregue a uma mulher extraordinária, minha querida amiga Marina Silva, com todo o ardor, vigor e alta consciência que ela tem da necessidade de preservar esta floresta. A verdade é que cada dia mais os poderosos, os grandes empresários, além da cobiça internacional que tradicionalmente existe sobre o verde amazônico, aumentam a devastação. Como se o boi e a soja fossem mais importantes do que o ser humano e a grande biodiversidade da floresta. Cada árvore que cai é uma grande quantidade de vida que se extingue. O pior é que, com a floresta desabada e queimada, acabam as riquezas e virtudes de vegetais que nem sequer foram estudados ainda. Nosso povo precisa se conscientizar de que pode e deve a cada dia fazer sua parte.

E o que se pode fazer?

Tudo que é consumo de energia vem dos combustíveis fósseis: petróleo, gás natural, carvão mineral. A queima desses combustíveis produz esses gases todos e gera energia. Então, se tu desperdiças a água, deixa a luz acesa na sua casa, gasta gás em excesso, estás gastando energia. Mas vai chegar um momento, eu tenho certeza, em que todos os países vão economizar, vão plantar mais árvores. Na Suécia, estão plantando muito mais árvores do que aqui. Com a Mata Atlântica já acabaram, não tem mais nem 10% do que tinha. Como é que eu vou dizer para São Paulo que é preciso reduzir o número de automóveis? Eu soube que agora o rodízio pode ser duas vezes por semana. Já é uma boa medida, está certo. Mas a cada vez aumenta o número de carros que entram em São Paulo, assim como nas outras cidades do Brasil. Eu tenho conversado com motoristas: “Você sabe que seu cano de descarga está fazendo mal à vida das crianças? Está fazendo mal à vida daqueles que já estão doentes? Está fazendo mal à própria respiração? O ar que tu respiras está contaminado”. Eles dizem: “Ah, é nada”. É igual os caboclos da floresta de onde eu vim. A região amazônica é a menos consciente do grande perigo que a cada instante a floresta está correndo. Quando eu advirto lá, eles dizem: “Essa mata não acaba nunca, tem mata demais, Deus é grande”.

Ainda é possível salvar a Amazônia?

Até uns cinco anos atrás, aonde eu chegava para fazer palestra, conferência, congresso ou recital, eu terminava dizendo: “Faça a sua parte para preservar a floresta amazônica”. Hoje não é mais “preservar”, é salvar o que pode ser salvo. Mas me perguntam: “Você é alarmista?”. Não. Eu acredito na ciência. A ciência não mente, a ciência não brinca. Um instante que me comoveu muito foi o anúncio do terceiro relatório de simulações de mudança climática, na Inglaterra. O cientista Raymond Bradley terminou de ler chorando. O cientista ama a vida também, é gente como tu, como eu, como qualquer outro. O animal mais ilustre que a natureza criou, o humano, se transformou num grande desumano, cruel, feroz, que com gás, com fogo e com ingratidão devora a vida da floresta.

Fala-se muito em consciência ambiental. É algo que veio para ficar ou uma onda passageira?

Não pode ser passageira. Ainda é tempo de fazer alguma coisa. Os governantes são os principais responsáveis pelo esforço para que os povos de cada país participem do trabalho. Mas é muito ruim, neste estágio do processo civilizatório, com o avanço da ciência e da tecnologia, que cada pessoa hoje queira ter seu carro. A quantidade de gás carbônico que sai do cano de descarga do teu automóvel...

Você tem carro?
Eu não tenho carro; tenho canoa, tenho barco. O carro é um feroz inimigo da vida do planeta. Mas eu tenho a esperança de que, no dia em que uma parcela ponderável do povo se conscientizar das consequências do aquecimento da Terra, que já estão acontecendo – as inundações, a elevação do nível do mar, as grandes chuvas, os vulcões, as caídas das geleiras, tudo isso –, algo vai mudar. Mas é preciso que haja um trabalho conscientizador. Eu me empenho, como membro de um grupo chamado Grupo de Estudos Estratégicos do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Acontece que não é só a nossa floresta que sofre. A questão é sobre a vida dos seres, a vida da humanidade. Em toda a minha obra – quase 30 livros de verso e prosa –, eu escrevo sobre a vida do ser humano. O maior prêmio que um escritor pode receber é o apreço de leitores desconhecidos, que, com a leitura de uma página de um livro ou de um poema, ganham força para acreditar na beleza da vida, no milagre do amor e no respeito à beleza da própria condição humana. A arte não deve apenas ter um objetivo estético, deve ter também uma finalidade ética. Eu trato de fazer a minha parte, com a minha palavra, escrita e falada.

É esse o dever do escritor?
Eu acho que o dever do escritor, seja com seu conto, seu poema, seu romance, é servir à vida. No Brasil, se está perdendo cada vez mais a ética. Há uma devastação da floresta, mas também uma devastação de valores morais, com a violência, o desrespeito à vida humana. As crianças é que são cada vez mais atingidas pelo desrespeito e pelo desamor. Há uma grande crise de amor. Eu conheço companheiros de 60, 70, 80 anos que são jovens, cheios de esperança, querendo fazer coisas para mudar; assim como conheço universitários, colegas de 25 anos, que já envelheceram, só pensam em enriquecer. Estamos na vida para servir aos outros. Para isso, é necessário que o escritor consiga cada vez mais uma linguagem acessível a um número maior de pessoas. Não somente escrever para aqueles iniciados, que têm curso de Literatura e de Letras na universidade. Vale o mesmo para os cientistas, que não devem somente escrever com suas terminologias complicadas. Todos nós que usamos a palavra falada e escrita devemos ter uma linguagem acessível, para que ela penetre e crie a consciência de que cada um pode fazer a sua parte.

Como você define sua atuação?

Eu me dedico à construção de uma sociedade mais justa, limpa e solidária para nós que vivemos nesta parte do planeta. Trabalho muito pelo que chamo de integração cultural da América Latina. Sem que o povo conheça a vida dos países da América Latina, jamais haverá uma integração política e econômica verdadeira. Somos países que mal nos conhecemos. Eu fui adido cultural da Embaixada do Brasil em três países da América Latina. Como acho que a arte – no meu caso, a literatura, a poesia, o romance, o conto, seja o que for – é um instrumento de comunicação poderoso de aproximação, trato de fazer minha parte, traduzindo escritores, particularmente poetas da América Latina. Entreguei recentemente os originais da primeira antologia de poetas da América Hispânica que vai sair no Brasil. É uma antologia pioneira. Se tu vais a uma livraria procurar antologias de poesia francesa, inglesa ou russa, eles te dão quatro, cinco de cada. Mas da América Latina não há nenhuma. Eu mesmo já traduzi cinco livros de Pablo Neruda, de quem fui grande amigo quando vivi no Chile, de Mário Benedeti, de Jorge Luis Borges.

Você segue fazendo caminhadas solitárias pela floresta, declamando Manuel Bandeira e Joaquim Cardozo?
Quase todo dia e quase toda noite também. Ainda ontem eu declamei para um grupo de amigos o poema Última Canção do Beco, de Manuel Bandeira, de quem mereci frequentar a intimidade de sua ternura. Um deles me pediu para lembrar um poema de Neruda, Puedo Escribir los Versos Más Tristes Esta Noche. Eu disse a ele que queria dizer um poema mais alegre, e não apenas lembrar as coisas tristes. Última Canção do Beco é um dos poemas de amor mais belos que existem. Eu tive um filho, a quem dei o nome de Manuel, o Manduca, meu querido filho, compositor, músico, poeta, que morreu há três anos. Ele declamava o poema para um beco onde morou, no Rio de Janeiro: “Beco das minhas tristezas, das minhas perplexidades, mas também dos meus amores, dos meus dons, és como a vida, que é santa apesar de todas as quedas”. Com o beco ele aprendeu a amar a vida cada vez mais, e amar também a tristeza humana. Termina aqui o dever e a missão de cada um que chega à Terra. Cada criança nasce para ajudar a vida a ser mais culta, a ser melhor.

papopapopapo

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Roteiro Geo Turismo dia 02 de outubro em Belém




O GGEOTUR - Grupo de Pesquisa de Geografia do Turismo da Faculdade de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPA


CONVIDA A TODOS PARA PARTICIPAREM
  
DO PROJETO DE EXTENSÃO
  
ROTEIRO GEO-TURÍSTICO
  
Do Complexo do Ver-o-Peso ao Porto:

 Percorrendo e revelando

 paisagens no centro histórico de

 Belém

  
DIAS 02 DE OUTUBRO (Domingo)

           16 DE OUTUBRO  (Domingo)

          06 DE NOVEMBRO (Domingo)

         20 DE NOVEMBRO  (Domingo)
  
SÁIDA= Hall de entrada da Estação das Docas (Portão da Avenida Boulevard Castilho França) às 8.30 h
  
INSCRIÇÕES GRATUITAS PELO E-MAIL = roteirosgeoturisticos@gmail.com



http://geoturisticosroteiros.blogspot.com/

terça-feira, 20 de setembro de 2011

AMAZÔNIA DARÁ CONTRIBUIÇÕES À RIO + 20

Seminário no dia 27/9 em Belém receberá sugestões da sociedade civil para a agenda da economia verde

Será realizado no dia 27 de setembro em Belém (PA) o Seminário Regional sobre Economia Verde da Amazônia: Amazônia Rumo à Rio + 20. O evento faz parte dos Diálogos Nacionais sobre Economia Verde que estão sendo realizados em todo o país pela organização Vitae Civilis.  O seminário em Belém deverá discutir temas como  inclusão social, educação, regularização fundiária e áreas protegidas, economia da floresta, grandes obras e o papel do Estado e da sociedade civil.

De acordo com o coordenador da Vitae Civilis, Aron Belinky, a intenção é garantir ampla representatividade da academia, organizações socioambientais, movimentos sociais, organizações indígenas e quilombolas, movimento sindical, empresas privadas e suas organizações associativas e organizações públicas.

O objetivo do seminário é elaborar um documento que apresente a Agenda da Amazônia sobre Economia Verde. A agenda deverá incluir propostas concretas para ampliação da economia verde na região, indicando o que deve ser feito, quem deve fazer, quais os resultados esperados, os segmentos da sociedade envolvidos, os prazos e recursos necessários.

O documento final do seminário em Belém será somado aos demais encaminhamentos regionais. As sugestões irão compor a base para a contribuição da sociedade civil à posição brasileira sobre os temas da Rio+20. O documento final será entregue no início de novembro às Nações Unidas, que organizarão as propostas de todos os países para discussão durante a conferência e em seu processo preparatório.

Além dos seminários regionais, outras formas de reflexão, como a consulta a especialistas e as contribuições encaminhadas via web também ajudarão a compor a agenda brasileira sobre economia verde. Além de ser oferecida como insumo para a posição oficial do Brasil, essa agenda também será compartilhada nacional e internacionalmente por meio da Green Economy Coalition e de outros parceiros.

Colaboram na organização do evento em Belém o Fórum Amazônia Sustentável, o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e o Instituto Peabiru. 


Diálogos Nacionais
Os Diálogos Nacionais sobre Economia Verde: rumo à RIO + 20 fazem parte de uma ação global da Green Economy Coalition (GEC – www.greeneconomycoalition.org). Trata-se de uma iniciativa do IIED (Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, de Londres), apoiado pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), e coordenados no Brasil pelo Instituto Vitae Civilis, parceiro brasileiro da GEC.

O propósito é acelerar a transição para uma economia verde, ajudando a consolidar esse conceito - que incorpora os aspectos ambientais, econômicos, sociais e culturais, criando consensos sobre critérios e práticas essenciais prioritárias e mobilizando os vários atores sociais.

Seu foco de atuação mais imediato é a conferência Rio +20, quer sobre seu conteúdo e resultado oficial, quer nos processos que acontecem em torno da mesma. Entende-se que esta conferência da ONU dará visibilidade ao tema (que é um de seus eixos centrais) e facilitará a introdução do assunto em relevantes políticas públicas brasileiras e nas considerações dos demais atores econômicos, sociais e políticos.

Os trabalhos no Brasil iniciaram com a realização do 1º Seminário Nacional, em novembro de 2010, em São Paulo. O seminário proporcionou diálogo entre um grupo bastante diversificado de lideranças e organizações brasileiras que possuem alguma relação com os vários aspectos da Economia Verde. Os conteúdos trabalhados, registros e resultados das discussões, lista de participantes e demais informações referentes ao 1º seminário nacional estão disponíveis no sitewww.greeneconomy.org.br.

As atividades propostas para 2011/2012 partem dos resultados da 1ª fase do projeto (seminário 2010) para a construção da Agenda Essencial da Economia Verde no Brasil, a qual deverá ter expressiva representatividade da realidade brasileira, sólida consistência técnica, forte aplicabilidade prática e amplo respaldo dos diferentes setores da sociedade. Essa Agenda Essencial da EV deve tornar-se um importante insumo do Brasil nos trabalhos da Rio+20 e uma referência para as ações e propostas em âmbito nacional. Para que isso de fato ocorra é preciso combinar uma alta qualidade do documento final com um processo de construção que seja representativo, legítimo e mobilizador.  O seminário em Belém tem o patrocínio do Fundo Vale e Natura e apoio da ADVB-Amazonas e Federação das Indústrias do Pará (Fiepa)
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