terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para os meninos que se engatam nos barcos - em Breves

Meu Pai do Céu
Protegei pra engatar
O meu gancho no barco
Que lá vem a passar

Eu preparo a corda
A canoa aprumar
E eu miro certeiro
O pneu acertar

Meu Pai do Céu
Consegui engatar
Me agüenta irmãozinho
Que só falta amarrar

E eu pulo no barco
O palmito mostrar
É um conto cumpadre
Pra poder me ajudar

Cresço em fel
A tardinha chegou
Com o vento bem frio
E a noite um horror

E na volta pra casa
A tormenta pegou
E se o casco se vira
Irmãozinho quedou

Cresço em fel
O meu medo passou
Os meu doze inteiro
Mais vale um avô

Pois tem homem medroso
No escuro cegou
Que se liga no luxo
E os outros esnobou

Tiro o chapéu
Pra quem vem me ajudar
Que me tira da lida
Desse duro penar

Que me bota na escola
E que vem me ensinar
Be com a be-a-bá
O que é manejar

Tiro o chapéu
Pra quem vem gargalhar
Duma prosa animada
Uma festa dançar

E esquece a má vida
O exemplo apontar
Pro irmãozinho que tenho
O caminho guiar

A vida é mel
Brincadeira eu sou
Me divirto remando
Maresia pulou

Se errei no navio
E a canoa afundou
O balanço da bicha
Dou um tchás e voltou

A vida é mel
E o sol me queimou
Camarão que levei
Minha fome catou

O que vendo não rende
Minha mãe me avisou
Ela sonha de um dia
De me ver um dotô

Meu Pai do Céu
Vou me aventurar
Nesses rios do Senhô
O Riozão enfrentar

Pois eu sei que seu Porto
É um bom de abraçar
É a melhor esperança
Nesse mundo que há

Enquanto os homens
Não aprendem a brincar
Ser criança de engate
E um sonho atracar

Açaí uns paneiro
Umas vagens de ingá
É limão é banana
Compre taperebá...
Pantoja Ramos - Outubro de 2007
Enviado por Pantoja Ramos em 28/04/2011
Reeditado em 18/08/2011
Código do texto: T2936398

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