Foto: Suane Melo.
Em 2008, o Governo Federal instituiu o Programa Territórios da Cidadania, coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, classificando o Marajó como uma marca territorial. De fato, a centenas de anos os habitantes da região se reconhecem como marajoaras, identificação esta formada ao longo dos anos pelos distintos sistemas agrários que prevaleceram no Marajó, desde os sistemas Indígenas (Schaan, 2004) , até o classificado como Contemporâneo (Souza, 2013) , passando pelos sistemas Agrário Colonial e da Economia da Borracha. Em comum a todos, a forte ligação das atividades humanas a mercê da abundância ou escassez de produtos florestais, agroflorestais e aquáticos.
Historicamente esta região tem sofrido com a ausência de investimentos em infraestrutura, notadamente transporte e energia, dificultando a promoção do desenvolvimento em todas as suas dimensões. Isolamento geográfico/espacial, estagnação econômica e subdesenvolvimento político são as características que configuram a condição de abandono e pobreza do Marajó no momento atual. Mesmo os investimentos feitos no Marajó serviram para enriquecer financeiramente a poucos, em detrimento dos trabalhadores rurais e urbanos. Tal negligência estatal e mesmo da sociedade em geral por séculos acabam por manter os números de IDH e PIB como dos piores do país.
Na observância dos ciclos agrários apresentados que tem como fundamento a sobrevivência do homem e da mulher marajoara a depender dos recursos naturais que dispõe, é o Marajó um território que precisa ter o desenvolvimento científico voltado para estas características. De políticas públicas que aperfeiçoem as tecnologias industriais a respeitar as regras de resiliência dos ecossistemas regionais. De consolidar a economia gerada do Marajó menos especulativa e mais produtiva para o bem estar da população, geradora de renda e ocupação a enfrentar os riscos sociais. De aplicação das diretrizes globais de aperfeiçoamento humano pautados nos objetivos do milênio. De uma agenda educacional baseada na realidade vivida por cada estudante do Marajó, seja morador da região dos campos, das florestas de várzea ou das áreas de terra-firme.
referências:
SCHAAN,
Denise Pahl. O povo das águas e sua expansão territorial: uma abordagem
regional de sociedades pré-coloniais da Ilha de Marajó. Revistade Arqueologia,
n. 17, p. 13-32, 2004.
Souza, A. L. de. Evolução
do Sistema Agrário da Mesorregião do Marajó: uma perspectiva sócio-histórica.
Disponível em: http://www.isssbrasil.usp.br/isssbrasil/pdfs2/tcms_4.pdf
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