Raimundo Santos Rodrigues,
conhecido como José dos Santos, é mais uma vítima da ganância dos saqueadores,
da violência impune do interior do Maranhão e da ausência do Estado.
José dos Santos era Conselheiro do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Reserva
Biológica do Gurupi, último fragmento da floresta amazônica em terras
maranhenses, a área mais degradada da Amazônia Brasileira. A Rebio Gurupi é
circundada por 3 áreas indígenas: Alto Turiaçú, Awá e Caru, que, como a
floresta, sofrem os ataques dos madeireiros.
O Conselheiro, atuante junto ao
ICMBio desde 2012, foi assassinado no 25 de agosto na cidade de Bom Jardim
(MA), a 275 Km de São Luís. José dos Santos estava acompanhado por sua esposa, que
foi atingida por tiros e ainda se encontra no hospital.
Ao longo de todos esses anos,
José tem denunciado os madeireiros e defendido sua comunidade, também em
qualidade de membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STTR) de Bom Jardim.
O corpo do conselheiro está em Buriticupu,
a 200 km de Bom Jardim, cidade onde outro membro do STTR, Raimundo Borges “Cabeça”,
tem sido assassinado três anos atrás.
José dos Santos deixa a esposa
ferida e seis filhos. Em nota pública, o presidente do ICMBio, Claudio Maretti,
definiu o acontecido como “um ataque covarde”. Outros conselheiros do ICMBio
daquela região, em especial Maria da Luz, Maria do Socorro e Alaíde Abreu da
Silva, temem por sua própria segurança.
As comarcas de Buriticupu e de
Bom Jardim frequentemente são consideradas pela população como “Terras sem
lei”, onde o Estado está particularmente ausente, as instituições de defesa dos
direitos coletivos são extremamente fragilizadas e a violência dita a lei do
mais forte.
Nós, entidades de defesa dos
direitos humanos, movimentos populares, organizações religiosas, instituições
eclesiais, sindicatos, jornalistas, membros de redes e organizações atuantes em
nível local, nacional e internacional, expressamos nossa solidariedade para com
a família de José dos Santos, indignação pela violência sem fim que está
destruindo pessoas e territórios nessa região do Maranhão e imediatas
reivindicações nos seguintes sentidos:
- que a morte de José dos Santos,
de Raimundo Borges e de vários outras vítimas nos municípios de Bom Jardim e
Buriticupu (MA) não passem impunes; que haja investigações acuradas,
identificação e punição dos assassinos e seus mandantes;
- que o Estado garanta proteção
permanente às comunidades e aos defensores de direitos humanos nessa região;
- que as operações em defesa da
Rebio e das terras indígenas dessa região erradiquem eficaz e definitivamente o
saque de madeira e punam os empresários e políticos que se enriquecem
ilegalmente através disso;
- que o Estado Brasileiro e o
Governo do Maranhão reforcem as forças de segurança e as instituições de acesso
à justiça nos municípios de Bom Jardim e de Buriticupu;
- que o Estado Brasileiro e o
Governo do Maranhão invistam, a partir do discernimento com a população local e
de mecanismos de gestão participativa, para a promoção de atividades de geração
de renda alternativas ao saque e comércio de madeira.
A morte de um companheiro que
lutou por justiça e a morte da floresta são a morte de todas e todos nós!
Queremos viver, queremos justiça e dignidade!
28 de agosto de 2015
Assinam:
Rede
Justiça nos Trilhos
Missionários
Combonianos do Brasil
Fórum
de Políticas Públicas de Buriticupu
(podemos
coletar assinaturas de entidades através de diversas redes no Brasil e afora)
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