sexta-feira, 6 de julho de 2018

Postagem sobre um dos sambas mais bonitos que ouvi: Zaquia Jorge, Estrela de Madureira

Caríssim@s,

Ao ouvir o samba Zaquia Jorge, Estrela de Madureira, vedete do Subúrbio, veio-me a curiosidade de saber de quem se tratava. Assim, achei a publicação do Blog Raiz do Samba, transcrito a seguir:




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Zaquia Jorge, Vedete do Subúrbio, Estrela de Madureira


Publicado em 06/01/2014 no Blog Raiz do Samba

Quando fiz o artigo enumerando sambas-enredo campeões no gosto popular, mas que não foram campeões na avenida, citei Zaquia Jorge (foto à esquerda), por protagonizar um dos sambas mais famosos e queridos do mundo, e, na ocasião, prometi falar mais sobre ela futuramente. Pois o futuro chegou (pam paam PAAAM!!!). O samba que ganhou o direito de defender o Império Serrano na disputa oficial não foi o que Roberto Ribeiro gravou. Acontece que o concurso para escolha do samba de 1975 teve Zaquia Jorge, Estrela de Madureira, vedete do Subúrbio, de Avarese, como campeão. O que Acyr Pimentel e Cardoso compuseram, não fora aproveitado na escola, assim, o imperiano Roberto Ribeiro gravou com o sucinto título de Estrela de Madureira. Na apuração, o Império Serrano ficou com um honroso terceiro lugar, já a canção gravada por Ribeiro, tornou-se uma campeã de público, tocada até hoje em diversos shows e rodas de samba. Mas quem foi Zaquia Jorge afinal?

Antes, precisamos falar uma coisa, Zaquia Jorge  (1924-1957) foi um ícone cultural, mas em nada teve a ver com Samba, não diretamente. Ela nasceu em 6 de janeiro de 1924 e morreu a 22 de abril de 1957, teria hoje 90 anos. Ela revolucionou algumas frentes que, hoje em dia, ainda encontram preconceito da sociedade, naqueles tempos, deve ter sido um exemplo e tanto e uma figura admirável de se ver em ação. Bem, já que se eu ficar imaginando, eu paro de escrever, vamos falar da vedete principal do subúrbio da central. Zaquia foi uma vedete do Teatro de Revista (peças de teatro onde se fazia paródias de fatos e eventos de conhecimento público num misto de humor e – mais tarde – nudez… talvez uma espécie de embrião das pornochanchadas e essa mania ‘zorratotalizada’ de associar mulheres nuas e humor que não sei de onde vem, mas estou divagando…).

Zaquia fez sucesso em diversas companhias teatrais até que decidiu levar o teatro de revista para o subúrbio, lugar pouco agraciado com espetáculos culturais, e que Zaquia achava que precisava desse tipo de manifestação artística. Isso para não deixar na mão, diversos profissionais que poderiam amargar o desemprego da arte, com o fim da companhia da qual fazia parte. Sendo assim, ela conseguiu angariar subsídios para criar o Teatro de Revista Madureira, com direito a ações de ‘marketing’, anunciando, promovendo abate no valor de ingressos e outras medidas para atrair aquele público pouco habituado com essa forma de entretenimento. O espetáculo de estreia, adivinha? Trem de luxo (aquele que parte para exaltar a sua arte, que encantou Madureira).

O ‘’Madureira” só encontrou seu fim por causa da morte de Zaquia, por afogamento, na praia da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ, 5 anos após sua inauguração. Mas, mesmo com o palco apagado, a apoteose é o infinito, continua a estrela brilhando no céu, como diria o samba imortalizado por Roberto Ribeiro, do mesmo Império Serrano que mandou uma coroa de flores para o velório da vedete, atriz e empresária, às vésperas do dia de São Jorge, santo cuja uma imagem se localizava sobre o palco do Madureira, santo padroeiro do Império Serrano. Pensando bem, não é à toa que Zaquia e Império tenham tanta ligação, a ponto de muitos nem saberem quem foi a estrela e adorarem o samba assim mesmo.

Enfim, atriz, cantora, empresária, escritora e, sendo mulher, na década de 1950, ela poderia ser considerada uma mulher à frente do seu tempo ainda hoje, quando mulheres ativas e independentes são motivo de desprezo da sociedade conservadora, pelo ‘atrevimento’ de lutar pela arte e cultura brasileiras e no interesse em leva-las a um público carente desse tipo de intento. A moça, falecida aos 32 anos, hoje em dia, quase não é lembrada pelo grande público, mas para quem conhece sua história só por alto, tem uma boa noção de porque sua partida mereceu uma homenagem de Carvalhinho e Júlio Monteiro, Madureira Chorou: “Madureira chorou / Madureira chorou de dor / Quando a voz do destino / Obedecendo ao divino / A sua estrela chamou”.

Mais de 4 mil pessoas compareceram ao velório da estrela de Madureira no teatro que levou o nome do bairro. Até o então presidente Juscelino Kubitscheck teria ido se despedir se não fossem “tarefas imprevistas, no Palácio do Catete”, conforme noticiou O Globo. A inegável importância de Zaquia Jorge para Madureira e o teatro brasileiro é evocada a cada roda de samba onde se canta um desses sambas em homenagem a ela, principalmente Estrela de Madureira, mesmo que não se lembrem dela, o subconsciente popular, tão bombardeado de regrinhas preconceituosas e inúteis, também é espaço a ser permeado com boas referências.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre essa figura tão marcante para a cultura e para o subúrbio carioca, só podemos terminar com o clássico mais conhecido em homenagem à musa do teatro e do cinema que foi a visionária Záquia Jorge".
Como a verdadeira morte é a não lembrança, aqui revivo Zaquia Jorge.
Presente!
 

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