quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Papai Noel e o Grinch na Marambaia



Quando criança, gostava do Papai Noel. Ele até me trouxe certa vez um velocípede que eu chamava de "Motoca" e que fazia meu pai rir toda vez que eu tombava de lado. E com o tempo, fui aprendendo a história da dura luta dos ajudantes de Papai Noel, nossos pais e nossas mães, em adquirir os presentes, vindos salários escassos para se comer e se vestir. Fui compreendendo que Papai Noel explorava meu pai e minha mãe a mando de um sistema maior, que era um sujeito elitista pra caramba, enfim, um velho batuta, como diria Os Garotos Podres. 

Peguei ranço.

E ontem, caminhando nas ruas com meu filho Vicente, autista de nível 3 já adolescente com todos os desafios aderentes nessa faixa etária, fui parado por um homem vestido de Papai Noel.

E eu na frente dele, com expressão facial mais para O Grinch.

Foi então que percebi que suas vestes tinham o esforço de parecer com as do Papai Noel. De algo improvisado, lutado, pano aqui, pano acolá, todo estampado. De vermelho, apenas o gorro tradicional. No rosto, um amontoado de algodão que sim lembrava uma barbona farta.  Pude observar que seu caminhar tinha problemas, de uma Pessoa com Deficiência. Sorriu com o olhar pra nós e disse: "ainda bem que alcancei vocês, olha o que o Papai Noel trouxe pra você, garotão! Veja que bola bacana!!".

Vicente sorriu e pegou a bola para bater com os dedos. Tum! Tum! Tum!

O Grinch de repente sorriu também, pois aquela bola lembrava as que ele chutava na parede de sua caverna onde vivia, em Monte Dourado, no Jari. 

Quando aquele Papai Noel desejou "Feliz Natal", o Grinch desconcertado apertou sua mão com muita vontade de pedir desculpas por todo o mal humor que carregou ao longo dos anos no Natal.

Ele ficou feliz por ter recebido um aceno do Vicente.

Vicente ficou feliz pelo som que saia da bola ao ser batida com os dedos.

Eu, não mais o Grinch, fiquei feliz por existir gente com boa vontade em dar alegria para as pessoas em puro ato de empatia. 

Agora, ao lembrar de seu caminhar se dirigindo para outras entregas, concluo:

- É... Nesse Papai Noel eu acredito.


Feliz Natal.


 


Nenhum comentário:

Postar um comentário