segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

À Bauman




Morreu Bauman.
Zigmunt Bauman.
Aquele que não liquefez o mundo, mas o acusou de líquido.
Uma Modernidade Líquida.
Pecamos, Bauman. Não separamos mais o sagrado tempo pessoal para nós mesmos, entregamo-lo aos lobos.
Tornou-se fácil termos amigos. Mas a conquista, que era boa, ficou fútil e supérflua.
Fomos avisados pela sua sólida passagem por esta Terra.
Não foste nota de rodapé. Seremos?
De minha parte, teimo na poesia deixar as estruturas sempre sólidas.
Pouco te conheci, muito aprendi.

Vá em paz, mestre.




Líquido

Gurupá, Rio Amazonas, 6 de novembro de 2015


Transbordou meu peito em Ais!
Não me venha com papo líquido
Descarte no ralo o sonho
Liquefez o respeito a quem te quis
Que filosofia é esta?
Assim tão passageira
O amor não te foi sólido?
Meu travesseiro encharcou

Não tão líquido
O primeiro estágio é a negação
Ah disgrama!
O segundo estágio é a ira então
Foi tão rápido
O terceiro estágio negociação
Foi tão líquido
O quarto estágio é a depressão

De uma tristeza que inundou o lar
Não havia esteios que suportassem
Tal enxurrada
Foi me a vida arrastada a esmo
Mas é assim mesmo
No banho-maria que foste
Pouco efeito fizeste
Saudade tive do que não houve

Não não pode!
O primeiro estágio é a negação
Cobardia!!
O segundo estágio é a ira então
Voltas um dia?
O terceiro estágio negociação
Eita nós
O quarto estágio é a depressão

Fui um lago
O quarto estágio é a depressão
São canais
O quinto estágio é a aceitação
Sou um rio
Sugiro estágio a percepção
Afluente é o mundo
O novo passo é a redenção


Pantoja Ramos


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