Foto: Sérgio Alberto
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Museu
Paraense Emílio Goeldi realizaram a recuperação da Fortaleza de Santo Antônio,
que a partir do dia 20 de abril de 2018 passa a ser conhecido pelo grande
público. A exposição Gurupá na Encruzilhada da História apresenta os
achados arqueológicos realizados durante as ações de recuperação que iniciaram
em 2014[1].
A ideia é que após o período de inauguração, a Fortaleza seja também sede da
Secretaria Municipal de Cultura e um Museu Arqueológico aberto à visitação.
Foto: IPHAN
Os pesquisadores do IPHAN e Museu Goeldi encontraram na região mais de
50 sítios arqueológicos na região, o que leva a uma estratégia do projeto para
além dos muros do Forte, pois considera-se que a cidade de Gurupá está quase
toda assentada em um grande sítio arqueológico. Portanto, há muito trabalho
para os jovens historiadores e arqueólogos, riqueza desta ciência para nos
empoderar. Para isso, é fundamental a mobilização da sociedade gurupaense para
a proteção deste patrimônio, ligada à nossa formação enquanto amazônidas.
Fonte: rede social de Gurupá
A Fortaleza de Santo Antônio, tombada pelo Iphan em 1963 foi
construída em meados do século XVII, após a fundação de Belém, em 1616. Naquele
momento histórico, as forças lusitanas direcionaram-se a Corupá[2],
na calha do rio Amazonas, para expulsar os holandeses instalados em uma
construção fortificada armada num lugar conhecido como Mariocay[3],
que dava nome à nação indígena local, a quem se tem poucos registros[4].
“A história escrita de Gurupá começa com uma guerra”, afirma o Bispo Erwin
Klauter[5]
sobre a origem da localidade, marcada de batalhas travadas entre holandeses,
portugueses e nativos mariocay. Com a vitória portuguesa, restaurou-se as
paliçadas e o forte provisório, com nome agora em homenagem ao santo católico
Santo Antônio de Corupá, em vigilância apontada para o estuário amazônico. Ao
longo dos séculos, o local passou por diversas modificações, momentos de
abandono e promessas de restauração, concretizada em 2018 pela mobilização das
entidades responsáveis e habitantes de Gurupá.
Foto: Carlos Ramos
Ou Corupá?
Ou Mariocay?
Senhora Memória, como és gentil e capaz de amedrontar os opressores...
[1]
Sobre a recuperação da Fortaleza, acessar o link do IPHAN para mais informações
- http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4613/exposicao-arqueologica-marca-entrega-da-fortaleza-de-santo-antonio-do-gurupa-pa
[2]
Corupá chamado pelos portugueses, depois derivando para Gurupá pode ter origem
na associação de palavras Iguaru = canoa e pába= porto, iguarupaba.
[3] Os holandeses chamavam de Mariocay o grupo de
índios que viviam no local onde atualmente é a cidade de Gurupá. Segundo
Gilvandro Torres (http://gilvandro-gilvandrotorres.blogspot.com.br/2015/09/um-pouco-da-historia-dos-mariocay-em.html),
acredita-se que os holandeses fizeram amizade com os índios e até
comercializavam produtos, num sistema produtivo indígena que envolvia o que
vinha das roças, pesca de tartaruga e seus derivados como o óleo, caça de
animais silvestre (pele de onça) em troca de espelhos, roupas e utensílios para
agricultura.
[4]
Girolamo Treccani e Paulo Oliveira estudaram a região e descrevem que única
informação disponível sobre a presença destes povos está esculpida
no obelisco do
forte onde se fala da: “aldeia dos Mariocae” e se afirma terem eles
pertencido: “a Nação dos Tupinambá”.
Recomendo baixar a Tese de Doutorado de Girolamo Treccani sobre a Regularização
Fundiária em Gurupá em http://www.ppgdstu.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/teses/TESES/2006/GIROLAMO%20DOMENICO%20TRECCANI.pdf
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