Abaetetuba, comunidade Laranjituba, 28 de abril de 2017.
Sou um pobre catador de latinha
Do meu esforço o feijão e farinha
Te alimento
Do meu suor eu sustento
Só não vale dizer que não tento
Sou homem que trabalha no mangue
Caranguejo meu parceiro de sangue
Se duvidas
Repares as marcas da vida
Só não digas que minha luta é perdida
Sou um pobre catador de esperança
Trago um fardo que a ideia me lança
Espalhar
Para modo de você ir juntar
Meu trabalho e o seu misturar
Sou o porteiro daquela escola
Cumprimento o seu dia na hora
Com sorriso
Mesmo em casa sem lajota no piso
Não ajeitei pois ando bem liso
Latinha
Caranguejo
Esperança
Sorriso
Por que protestar?
Meu trabalho valorizar
Sou uma pobre a vender um biscoito
Faço isso desde cedo aos dezoito
Sobe e desce
Cada ônibus faço uma prece
Um bombom pro cobrador que merece
Sou uma pobre que corrige uma prova
Eu semeio e colho geração nova
Novas mentes
Pedacinhos de anjos emergentes
E pensar que agora uso lentes
Sou assim de lutar na cozinha
Nesta quentura e com esta touquinha
Meu tempero
Cuidado com muito esmero
Que esteja bom de sal eu espero
Biscoito
Caderno
Esperança
Tempero
O que vou exigir?
O que é justo pra mim e pra ti
Nós somos lutadores de fé
A igualdade nutre o homem e a mulher
Tão bonita
A dívida que a gente então quita
A Casa Comum nos habita
Nós somos despertadores do dia
E travesseiros no final de uma lida
E o cansaço
Se alimenta do passo
Que não recebe um abraço
Então me dê um abraço
Pra acabar o cansaço
Dia primeiro eu quero um abraço
Quem trabalha sabe bem o que eu faço
Pantoja Ramos
do Recanto das Letras
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