"O que o mestre Rubão fazia? Tenho a impressão que já o
vi". Disse uma amiga.
Direi algo me vem à mente, de primeira, um pedacinho só,
pois sua biografia será longa. É histórica.
Rubens Gomes ou Rubão foi um músico que se encantou com o
canto da floresta e disso fez uma das suas bandeiras que era promover o manejo
florestal mais legítimo que existe: o das comunidades tradicionais.
Rubão foi um músico que viu que a arte de produzir melodias
começa ali no violão, no cavaquinho de madeira e deste baile convidou a
juventude para produzir com as próprias mãos de Luthier os sons da cidadania,
cujos acordes seguiram para marchetaria, para a informática, para a educação,
para noções de inclusão das pessoas. Que virou orquestra no pobre bairro do
Zumbi, em Manaus, que abraçou a todos nesta sinfonia que só os atentos ao tempo
percebem.
Rubão foi um mestre incansável para que a floresta se
mantivesse em pé, usando fala mansa e segura como método. Que a muitos encantou
com sua trova.
Um trovador da natureza. É isso amiga, Rubão foi um trovador
da natureza. Que fixou em mim a lembrança da confraternização de um encontro em
Gurupá com toda sua leveza e talento. Nunca vi alguém bailar no meio da
multidão e cantar ao mesmo tempo. Certa hora eu nem já o via tão misturado que
ficou com o povo dançante de sua seresta.
Agora, amorosamente, está misturado em nós.
Como uma canção.
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