sexta-feira, 31 de março de 2017

Menino Pássaro


              




Baía do Guajará, 26 de março de 2015.


Menino
Ou Pássaro
Parado ali pensando
No teu mundo
Empresta ele um pouco
Pra mim?

Apego
Ou desapego
Silêncio comentando
Diz-me tudo
Traduz o teu encanto
Ouvi

Só entendi
Quando me desprendi
Agora sei que nada sei

O que passas
No teu sonho?
Eu fico imaginando
Curioso
Você tá idealizando
Aprendi

Intransigente!
Até insolente!
Fui obrigado a repetir

Até aprender a lição
Do amor em sua mão
A rodinha gira em teu sorrir

Pássaro
Ou Menino
Minha vida recomeçando
Quando fundo
Te pego reparando
Em mim

Pantoja Ramos
(Publicado no Recanto das Letras)





segunda-feira, 27 de março de 2017

Mobilize-se Contra as Propostas Bisonhas do Golpe 2016

Caríssimos e Caríssimas,


Ao analisar os números do Portal da Transferência do Governo Federal e site do IBGE, respectivamente do repasse financeiro da União aos Municípios Brasileiros e da Estimativa Populacional Anual e avaliando o caso da região do Marajó, no Pará, constatei que cada brasileiro e brasileira desta parte do Brasil recebeu em 2016 o valor de R$1.541,74, valor para dar conta de seus gastos com saúde, educação (ensino infantil e fundamental) e infraestrutura. Isso significa que o Estado Brasileiro gastou ano passado o valor mensal de R$128,48/habitante para tais itens básicos da população.

Este cálculo está publicado na página da internet https://meioambienteacaiefarinha.blogspot.com.br/2017/01/sobre-os-repasses-federais-ao-marajono.html?showComment=1484915981814#c3727402774491733442

Considerando as situações dos municípios marajoaras de Melgaço (menor Índice de Desenvolvimento Humano do país), Curralinho (menor Produto Interno Bruto per capita do Brasil) e Anajás (com a preocupante história de ser a localidade com o maior número nacional de casos de malária), entendo que os repasses federais nestes locais deveriam aumentar e não diminuir como aconteceu em 2016. Para ter uma ideia do que um país pode investir, a Argentina em 2011 (único dado que tive mas que ajuda a comparar), gastou R$1.728,00/habitante apenas com saúde de seus cidadãos.

Pode ser uma audácia pensar assim, misturada com um sentimento de utopia (que é prima da Esperança, acho eu), mas se os moradores de Melgaço, Curralinho, Anajás e os demais municípios brasileiros com baixo IDH, PIB Per Capita e outros notórios problemas sociais entrassem com uma AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRA A UNIÃO, CONTRA O CONGRESSO NACIONAL E SENADO FEDERAL PARA BARRAR A REFORMA DA PREVIDÊNCIA, O TETO DE GASTOS PÚBLICOS DE 20 ANOS E A TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO, ACHO QUE VENCERÍAMOS. BARRARÍAMOS TAIS PROPOSTAS ABSURDAS CONTRA A POPULAÇÃO pelas justificativas que você e eu sentimos na pele em nosso dia a dia, na carestia da falta de um médico e remédios, de uma escola de qualidade gratuita, de segurança pública, etc.

Como o judiciário Brasileiro se posicionaria? Como o STF julgaria tal causa? 

Renato Russo ainda confirmaria a frase: "Nosso Estado que não é Nação..."?


Repasse esta análise como se fosse um abraço de quem está unido pelo que é justo.


Mobilize-se e lute pelo ontem, por hoje e pelo amanhã!



terça-feira, 21 de março de 2017

Dia 21 de Março - Dia Mundial das Florestas/ Almeirim, Brasil



Almeirim, 2006: Comunidade Repartimento dos Pilões luta para conservar seus castanhais nativos, principal meio de sobrevivência das famílias locais.

Com o plano de uso dos castanhais nativos e o Cadastro Ambiental Rural Coletivo, a comunidade Repartimento passou a ter importantes ferramentas de defesa do seu território.



As mulheres de Repartimento dos Pilões são hoje as protagonistas do beneficiamento da castanha na localidade.




Castanhais Para Sempre.






Dia 21 de Março - Dia Mundial das Florestas/ Gurupá, Marajó, Brasil




Gurupá, 2004: Grupo de jovens de comunidades remanescentes de quilombos aproveitam as madeiras caídas de suas roças para fazer móveis rústicos.






Até um tatu (com corpo de maçaranduba, cabeça, rabo e pés de macacaúba) foi criado.



Foto: FASE, Projeto Demonstrativo Gurupá.



21 de Março - Dia Mundial das Florestas / Gana





















Um grupo de mulheres de Gana, que normalmente ganham a vida através da venda de peixe, cultivam um terreno para diversificar a sua produção. O custo da madeira - utilizada como matéria-prima para os fornos de defumação do pescado - ficou tão alto que as aldeãs decidiram plantar sua própria fonte de energia. 




Original: FAO inFO news / © FAO / Roberto Faidutti. Moree, Gana - http://forestry.fao.msgfocus.com/q/121UfCtvwZh9j9habSfY/wv



quinta-feira, 16 de março de 2017

Rio Voador

Sobrevoo na Cordilheira dos Andes, Colômbia, parede dos rios voadores.


"...Num típico dia ensolarado na Amazônia, uma árvore grande chega a colocar mil litros de água através de sua transpiração...Esse rio de vapor que sai da floresta amazônica é maior que o rio Amazonas..."

Antônio Nobre.






Belém, 08 de março de 2017.


Se o rio é voador
então vou ser
Explorador
vou devagar remando
nas nuvens
minha canoa

O vento é maresia
a Liberdade
a minha quilha

o Amor da gente
o nosso leito
Imensidão
aves são peixes
arribação

Olha lá embaixo
as cidades tão pequeninas
formigas
vi mão amiga
não vejo maldade
tão tenra a idade
da Humanidade

Passou um avião
trazendo saudade
na velocidade
e o Sol ilumina
tão Nobre o barco
que singra a mata
de onde foi que vim mesmo?
onde embarquei?


Se o rio é voador
então que chova
nosso amor
espalha perfume
Um patchouli da Amazônia
Fonte da Vida
e deste rio
que vamos


Frutificou
nos germinou
e o Rio dos Céus
nunca mais secou



Pantoja Ramos
Publicado também no site Recanto das Letras.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Projeto Lançante: Marluce Moraes, a Dama Negra


Marluce Moraes  - conhecida artisticamente como Dama Negra - nasceu em Breves, no Marajó, Pará. Nasceu, cresceu e aprendeu a ler à margem do rio Parahuaú.

Formada em Letras pela Universidade Federal do Pará, tem se dedicado desde a adolescência a escrever poemas advindos de uma alma inquieta que possui. Seus trabalhos viajam no tempo exterior e interior, misturando estilos diversos.

A Dama Negra de Breves é uma poetisa multifacetada: vai do regionalismo amazônico dos botos, igarapés e açaizais, passando pelo sentimento bucólico, intensidade do romantismo e modernidade para construir uma poesia rica, ao mesmo tempo intimista, universal, mas com toque marajoara.

Abaixo, um dos poemas do livro FACES, de Marluce Moraes:



"Mar(a)Jó

Meu nome não é um poema,
mas há quem reconheça nos meus olhos
a poesia e a musicalidade do rio.

Sou a margem plácida com açaizeiro no cio,
porque meu nome é Terra,
é igapó,
é canoeiro.

Meu horizonte é proa,
miriti boiando,
as talas do paneiro
que vai secando como um rio que desce goela abaixo.

Meu nome é sol,
chuva e vazante,
Sou enchente, serpente e mururé.

Sou aquilo que passa por entre a massa que por mim passa.
A beleza que mil desatentos não preservam.

Sou terra líquida,
forte e consistente.
Sou chão,
o pão,
o berço,
o terço,
a sepultura,
a luz do dia,
a noite escura,
sou minha gente.
Mar(a)Jó!".



Para saber mais sobre a autora, recomenda-se ler: FACES - Poemas



Dama Negra de Breves, mistura de intimismo e universal a serviço da poesia no Marajó.



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O Projeto Lançante é uma iniciativa do Blog Meio Ambiente, Açaí e Farinha de divulgação de ilustres pensadores do Marajó e jovens que começam na arte da escrita.

Leia, escreva, cresça e apareça!


Vamos Lançante, escorrei mundo afora!



segunda-feira, 6 de março de 2017

Anajás


Rio Anajás, 05 de março de 2017.



Eu prefiro o nascer do Sol de Anajás.
Prefiro a gente forte de Anajás.
Não falemos mais da maleita como não fosse possível combatê-la.
Escolho falar da lágrima no porto para aqueles que partem.
Do filtro do Tempo mais forte deste lugar para meditar na rede
Na opção de estar no âmago de um território
O cúmulo da várzea marajoara.
Redescobrir que nada sabemos e que talvez nem o próprio Destino saiba.
Prefiro pensar que Anajás é antes de tudo, um Rio
E que como todo rio tem seus Altos, Médios e Baixos.
Eu quero e falo da resistência anajaense
No corpo e na alma
que foram esquecidos pelos poderosos
que foram saqueados por tantos outros
Todavia um entretanto de questionadores brota da terra.
Eu decidi falar do nascer do Sol de Anajás
cegando-me a vista para que eu me concentre na beleza da vida
na curva do rio
no gosto de seu açaí
no milagre de resistir.
Mais um dia começou em Anajás
e eu testemunhei.

Pantoja Ramos

Publicado no Recanto das Letras - http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5932629 

quarta-feira, 1 de março de 2017

Com cacos na floresta me trouxeram profetas a dúvida




                                    Belém, 22 de fevereiro de 2014.

No sonho um homem que juntava cacos
Me falou: “não pise na sua história”
Olhei para cima e vi erguido no céu
Sambaqui, ciência e vitória

Sobressaltado
Eu revirei de lado
E neguei sua mensagem
Já estava acostumado

E no sonhar avistei uma senhora andando
Cabelo branquinho e um livro na mão
“O fim da floresta é o fim da vida”
Seguia repetindo em refrão

Olhei pro chão
E assim brotou um gavião
Que alçou tão alto voo
Carregando a nova canção

Que quer dizer isso?
Agonia da Dúvida
E não me convenço
A neblina tão turva

A mente pode querer?
Os braços vão entender?
Tenho Dúvida

Vi um profeta com a barba cheia de frutos
Arrastado espalhava seu sangue
Para beber 500 mil passarinhos

Que quer dizer isso?
Agonia da Dúvida
Chico, responda
Minha visão tá tão turva

“Sua mente tem que querer
Seus braços tem que fazer
Caia a Dúvida”

Acordei da mentira
Não restou mais a Dúvida
Sonho em terras ricas
Paisagens não mais turvas

Penso que vou fazer
Faço no meu entender
Sem a Dúvida.
Pantoja Ramos


Do E-Livro Semente de Sumaúma - http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/4838930