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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Endoscopia

 Em 2023, fiz minha primeira endoscopia. E é normal não falar coisa com coisa depois desse exame, enquanto a gente desperta e começa a caminhar atordoado, até como se fosse um porre.

- Sabrina (minha filha), parece que eu falei algo?

- Sim, pai. O senhor me perguntou se eu sabia o que eram os rios voadores e explicou, explicou, explicou sobre eles até chegar em casa. Muito palestrinha (risos).


Em 2025, tive que repetir o procedimento. Acordei com minha filha Bianca e a enfermeira rindo.

- Vamos pai. 

- O que aconteceu? Falei algo.

- O senhor cantou pai. 

- Cantei?

- De tanto levá "frechada" do teu olhar / Meu peito até parece sabe o quê? / "Táubua" de tiro ao Álvaro/ Não tem mais onde furá...


Não bebo, mas tenho alma de bêbado.

domingo, 5 de maio de 2024

Analisador de espectro



Belém, 05/05/2024.


Espectro, espectro, eis que sou um espectro.

Espectro, espectro, eis que cuido do meu filho, no espectro.

Espectro sobre o bem e o mal, sobre a ganância e o desapego, sobre felicidade e dissabores.

Espectro também é fantasma.

Espectral é o universo, visagens de pessoas que já se foram mas que quanticamente pode ser possível reunirmo-nos.

Olha lá, meu pai evitando o gol, buscando a bola no ângulo. Era o meu ângulo.

Espectro da vida, de corpo e mente oscilando para prosaicamente escrever.

Na música tocada de cada destino.

segunda-feira, 25 de março de 2024

Carta de Organizações Não Governamentais para que o enviado especial em assuntos climáticos dos EUA, John Podesta, se oponha aos mercados de carbono e às compensações nos termos do Artigo 6 do Acordo de Paris


 

Carta de Organizações Não Governamentais para que o enviado especial em assuntos climáticos dos EUA, John Podesta, se oponha aos mercados de carbono e às compensações nos termos do Artigo 6 do Acordo de Paris

 

20 de março de 2024

Ao Honorável John Podesta

Conselheiro Sênior do Presidente para Política Climática Internacional

Casa Branca

1600 Pennsylvania Ave 1600 Pennsylvania Ave

Washington, DC.

 

Re: Aliança Contra Compensações de Carbono relacionadas ao Artigo 6º do Acordo de Paris e em Apoio a Alternativas Eficazes para a Legislação e Tratados Climáticos dos EUA.

 

Prezado Sr. Podesta,

Instamo-lo, como Conselheiro Sénior do Presidente para a Política Climática Internacional, a opor-se ao desenvolvimento de um mercado global de carbono nos termos do Artigo 6º do Acordo de Paris, pelas razões relacionadas abaixo, e apelar a políticas que abordem eficazmente os crise climática. Há várias décadas de experiência que demonstram como as estratégias do mercado de carbono não afetam a extração e o uso de combustíveis fósseis ou o desmatamento. Em vez disso, os mercados e as compensações de carbono permitem que as indústrias poluentes aumentem as emissões de gases com efeito de estufa, ao mesmo tempo que afirmam falsamente que reduzem as emissões, bem como adotam tecnologias e práticas que também podem aumentar as emissões de gases com efeito de estufa.

Instamos você a se opor aos mercados de carbono e às compensações de carbono porque eles são inerentemente falhos:

  • Pela falta de adicionalidade - as compensações de carbono especificamente são adicionais, o que significa que muitas vezes se baseiam em reduções de emissões que ocorreram na ausência dos esquemas de compensação de carbono. Isto desvia recursos para atividades que ocorreram na ausência de esquemas de compensação de carbono e permite a dupla exclusão de quaisquer benefícios potenciais[1].
  • Por serem perigosos para os Povos Indígenas - os projetos de compensação de carbono têm dividido comunidades indígenas e ameaçam os seus direitos e soberania.
  • Por prejudicar comunidades com prioridade de justiça ambiental – as compensações de carbono justificam erroneamente a continuação das emissões de gases com efeito de estufa, o que, por sua vez, pode aumentar a poluição atmosférica prejudicial, com impacto desproporcional nas comunidades mais vulneráveis.
  • Por serem projetos impermanentes – os projetos de compensação de carbono incentivam práticas que têm o potencial de reduzir temporariamente as emissões de gases com efeito de estufa, ao mesmo tempo que justificam práticas que podem liberar tais gases e resultar num aumento de líquido das emissões.
  • Por serem projetos não verificáveis - as compensações de carbono são dependentes de profissionais verificadores terceirizados que têm incentivos financeiros para manipular o sistema, avaliando as compensações que também são impermanentes.
  • Por poderem prejudicar os Objetivos Climáticos Globais - as compensações de carbono criaram um forte incentivo perverso, permitindo às partes do Acordo de Paris evitar reduções reais e significativas nos gases com efeito de estufa, optando por esquemas internacionais de compensação de carbono ineficazes.

 

O tempo está se esgotando. O Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável e a Agência Internacional de Energia Time concordam que os novos desenvolvimentos no setor do petróleo e do gás são “incompatíveis” com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais prevista no Acordo de Paris. Permitir compensações enganosas para a continuação das emissões seria um erro grave para o nosso planeta. Já estamos atentos aos impactos das alterações climáticas, com fenômenos meteorológicos extremos cada vez maiores, resultando em inundações, secas, incêndios florestais e temperaturas extremas, que afetam a produção de alimentos, o acesso à água potável e provocam mortes e destruição sem precedente. Com a produção de petróleo e gás e o CO₂ atmosférico nos EUA nos seus níveis mais elevados da história, não podemos permitir que uma política climática nacional e internacional seja baseada na fraude climática  e atrase ainda mais a necessidade de suprimir rapidamente os combustíveis fósseis.

À medida que as negociações sobre o Artigo 6º do Acordo de Paris prosseguem e as lacunas para os combustíveis fósseis reduzidos são consagradas, é fundamental que se destaquem as graves consequências de continuar no caminho da implementação de mercados globais de carbono e resistir que estes avancem. Apostar em compensações de gases com efeito de estufa para salvar o nosso planeta não é sensato nem possível. Desde que o Acordo de Paris foi aprovado em 2015, as partes passaram nove anos a debater como estruturar o Artigo 6.º, a fim de facilitar um mercado global de compensação de carbono patrocinado pela ONU. Apesar das inúmeras evidências de inconsistências nas compensações, as partes estão atualmente trabalhando em metodologias para quantificar e verificar projetos falhos de remoção de dióxido de carbono (CDR) como compensações de carbono negociáveis.

A CDR biológica no mercado de carbono, como o sequestro de carbono por meio de árvores, corais e biomassa não funcionou como uma solução para as alterações climáticas. Os estudos começam a demonstrar que os projetos de compensação biológica de carbono carecem de justificativa científica, são difíceis ou impossíveis de verificar e podem aumentar conflitos graves ao ameaçar os direitos e a soberania dos Povos Indígenas. Da mesma forma, apesar de décadas de desenvolvimento, as tecnologias CDR, como a captura e armazenamento de carbono, continuam a ser “soluções” dispendiosas, que consomem muita energia e são impermanentes para um planeta em crise. Na maioria dos casos, são utilizados principalmente para prolongar a produção de combustíveis fósseis. O pior é que estes esquemas ilusórios de comércio de carbono criam riscos adicionais para as comunidades e para o nosso clima. O armazenamento de camada de carbono pode causar terremotos, contaminar a água potável, aumentar a poluição do ar e vazar gases de efeito estufa através de tubulações e infraestruturas de armazenamento.

Além disso, os mercados de carbono também têm impacto na alimentação e na agricultura. As negociações de créditos de carbono em terras agrícolas têm sido associados à apropriação de terras, beneficiando muitas vezes mais os poluidores do que os agricultores. Fornecer créditos de carbono para digestores de metano incentiva o aumento no tamanho do rebanho, resultando em mais estrume, criando assim emissões adicionais adicionalmente com a poluição da água e do ar. Os digestores são caros e usados ​​principalmente em fazendas industriais de grande escala, onde os digestores já recebem vários subsídios estaduais e federais, portanto, não são “adicionais”. Os digestores também consolidam ainda mais a indústria do gás natural, utilizando infraestruturas de combustíveis fósseis e sistemas energéticos que são perigosos para o planeta. É hora de mudar de rumo.

Sabemos como reduzir as emissões de gases com efeito de estufa – uma eliminação rápida e estratégica dos combustíveis fósseis, incluindo regulamentação, investimento público e tratados internacionais. As compensações de carbono e os mercados associados são o oposto de uma ferramenta eficaz para esta eliminação rápida e estratégica. Eles obscurecem a contabilidade transparente do nosso progresso no cumprimento das metas necessárias para estabilizar o nosso clima. Como novo enviado climático dos Estados Unidos, pedimos-lhe que nos conduza num caminho que se oponha à utilização de fraudes climáticas específicas ao comércio de carbono, para que possamos eliminar gradualmente os combustíveis fósseis na fonte e construir comunidades saudáveis.

 

 

 

Signatários Originais

Indigenous Environmental Network

Food & Water Watch

Institute for Agriculture and Trade

Policy National Family Farm Coalition

 

 

Signatários Adicionais

ADOS Mississippi/ADOS Empowerment Project

Alaska Community Action on Toxics

Animals Are Sentient Beings, Inc.

Better Path Coalition

Between the Waters

Beyond Extreme Energy

Biofuelwatch

Boone County Farmers & Neighbors

Bucks Environmental Action

CASE Citizens Alliance for a Sustainable Englewood

Catskill Mountainkeeper

Center for Biological Diversity

Center for Common Ground

Citizens Caring for the Future

Clean Energy Action

Climate Communications Coalition

Climate Reality San Diego

Colectivo Voces Ecológicas COVEC

Collective Abundance

COMMUNITY ACTION FOR HEALTH & DEVELOPMENT (CAHED)-Director

Cooperation Jackson

Corporate Accountability

DivestNJ

Don’t Gas the Meadowlands Coalition

Earth Action, Inc.

Edmund Rice International

Elders Climate Action

Environmental Communion NJ

Association UCC

Ephram Mwangi Foundation

Extinction Rebellion Seattle

Extinction Rebellion Western Mass

Family Farm Defenders

Farm Forward

Fat Cat Farm

Fellowship of Scientists and Engineers

Fox Valley Citizens for Peace & Justice

For Love of Water (FLOW)

Fossil Free Tompkins

Fresh Approach

Friends of the Earth, International

Friends Of the Forestville Dam, Inc.

Grassroots Environmental Education

Grassroots Global Justice Alliance

Great Plains Action Society

Greater New Orleans Growers Alliance

Green Finance Observatory

Green Foster Action Uganda

GreenLatinos

HobokenRESIST

IBON Africa

Institute for Policy Studies Climate Policy Program

Intheshadowofthewolf

Iowa Citizens for Community Improvement

Just Transition Alliance

Kapchanga

Kewaunee CARES

Lombard Art Gallery

Long Island Progressive Coalition

MARBE S.A., Costa Rica

McDonough NY Concerned Citizens

Methane Action

Milwaukee Riverkeeper

Movement Rights

Network for Ecofarming in Africa

New Mexico Climate Justice

North American Climate, Conservation and Environment (NACCE)

Northeast Organic Farming Association of New York (NOFA-NY)

NYCLASS (New Yorkers for Clean, Livable, and Safe Streets)

Peace Action WI

Physicians for Social Responsibility

Physicians for Social Responsibility Pennsylvania

Plant Based Treaty

Public Employees for Environmental Responsibility

Public Goods Institute

Pueblo Action Alliance

RerootD Futures Initiative

Rise Up WV

River Queen Greens

Rural Vermont

Rural-VT

SPROUT

Sprout NOLA

St. Croix County Defending Our Water

Stop the Algonquin Pipeline Expansion

The Enviro Show

The Oakland Institute

The Phoenix Group

Too Tall Farm & Nursery

Unitarian Universalists for a Just Economic Community

United Native Americans

Vibrant Littleton

Waterspirit

 

 

Para acesso à carta original - https://www.ienearth.org/wp-content/uploads/2024/03/FINAL_No-Offsets-Group-Letter-to-Podesta-2.pdf?utm_medium=email&utm_source=MyNewsletterBuilder&utm_content=2743027000&utm_campaign=Call+to+Reject+False+Solutions+Expanding+Fossil+Fuels+1416919825&utm_term=a+letter+sent+by+over+100+environmental+and+frontline

 

Ver também a publicação de Redd Monitor - https://reddmonitor-substack-com.translate.goog/p/more-than-100-ngos-urge-us-special?utm_source=post-email-title&publication_id=1442627&post_id=142882667&utm_campaign=email-post-title&isFreemail=true&r=2bjk37&triedRedirect=true&utm_medium=email&_x_tr_sl=auto&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-BR&_x_tr_hist=true

 

 

Tradução: Google.

Organização: Carlos Ramos.



[1] Nota: em outras palavras, falta a comprovação do efeito do projeto em reduzir emissões que não teriam ocorrido na ausência do projeto.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

2023: saída pela realidade esperançosa



Carlos Augusto Pantoja Ramos[1]

 

 

Deste ano de 2023, saio com a impressão de estar um "realista esperançoso" como diria Ariano Suassuna em relação ao debate climático ao refletir que:

  1. Precisamos realmente colocar as pessoas que mais sentirão os efeitos das mudanças climáticas no centro do debate. Contribui neste ano juntamente com as engenheiras florestais Alynne Maciel e Taiane Sousa em estudos para a OXFAM Brasil sobre a participação da sociedade nas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas)[1]. Aprendi com os entrevistados que a construção da primeira NDC (2015/2016) teve a atuação decisiva do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e de instituições ambientalistas que fomentam pesquisas sobre mudanças climáticas, mas que não contou com a participação de organizações de base advindas de comunidades tradicionais e de periferias grandes cidades. A segunda atualização em 2020, e a terceira de 2022 foram feitas de forma unilateral por parte do governo federal, na gestão dos execráveis Salles e Bolsopeste. Eis um desafio para o Brasil para os anos que antecedem a COP 30 que acontecerá em Belém;
  2. No ano mais quente da história[2], as pessoas mais empobrecidas[3], as mulheres[4] e as meninas[5] tornaram-se as mais vulneráveis pelas mudanças do clima e num cinismo que gritou nas nossas caras, nos nossos rios e igarapés, uma horda de empresários do ramo petrolífero[6] ocupou os espaços de negociação da COP28 de Dubai, presidida inclusive pelo chefe da empresa petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, o sultão Al Jaber[7]. Felizmente, a sociedade civil organizada apresentou ao mundo essa desfaçatez e a própria ONU reconheceu que o interesse dos 1% mais ricos do planeta é uma das principais barreiras para a humanidade conseguir limitar a emissão de gases de efeito estufa nas próximas décadas[8]. Celebridades mundiais começam a ser questionadas por cada voo de jatinho, cuja emissões de gases de efeito estufa equivalem a um ano de uso de um carro convencional[9].
  3. A COP30 precisa resolver pendências que foram criadas na COP28. Uma delas é saber o quanto será efetiva, daqui dois anos, a execução do fundo de perdas e danos dos países vulneráveis, isto é, aqueles que mais sofrem pelas mudanças climáticas, que foi aprovado em Dubai. A COP29 deverá produzir alguns ajustes, mas será na COP30 que teremos o amadurecimento dessa discussão. Em um País como o Brasil, que tem municípios muito pobres e que deve receber recursos nessa reparação histórica, será visto como um tira-teima em 2025[10].
  4. Preocupa-me a criação da Companhia de Ativos Ambientais e Participações do Pará S.A. (CAAPP), aprovada pela Alepa por meio da Lei 10.258 em 11 de dezembro de 2023, sem um amplo debate com a sociedade paraense. Por ser uma empresa de capital misto a tratar de um tema muito valioso para nós Amazônidas que são os bens e serviços florestais, poderemos ter um perigoso passo para o rentismo a partir de florestas em terras públicas e a financeirização da própria natureza. Trata-se de uma estratégia que usa o próprio sistema poluidor para tentar resolver os problemas ambientais do nosso tempo sem revê-lo substancialmente, onde as empresas são aquelas que mais ganham com o negócio[11]. Estaríamos falando com a criação da CAAPP de um “processo híbrido” de privatização do bem público? Apesar do Estado do Pará poder deter o controle acionário da sociedade da companhia (artigo 9º da lei 10.258), em um estado capitalista, para quem penderá o rumo das decisões? Como ex-diretor de gestão de florestas públicas nos anos de 2009 e 2010 do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará, hoje IDEFLOR-BIO, pergunto se não estaria esse órgão sendo esvaziado de suas funções, inclusive substituindo o serviço público do IDEFLOR-BIO pela contratação sob regime CLT de colaboradores (artigo 13º) à mercê de rotatividade e interesses da recém criada agora na nova companhia criada para tratar do valor público da floresta? A crítica aos chamados “ativos ambientais” que fiz em 2020 ao texto-base da ideia de Amazônia 4.0 publicada na revista Futuribles da neoliberal Fundação Fernando Henrique Cardoso[12] alerta-me que é preciso continuar comunicando às pessoas sobre o que realmente nos trouxe até aqui em matéria de sofrimentos causados pelas mudanças do clima: o capitaloceno.
  5. Tenho acompanhado desde 2018 a execução de mercados de carbono no estuário amazônico e todo desrespeito à convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, temerário às gerações de comunidades tradicionais[13], o que me faz desconfiar da criação de uma companhia de ativos ambientais em pleno desenrolar de grandes projetos de logística de soja, de possibilidade de extração de petróleo na foz do rio Amazonas e da teima dos grandes produtores de petróleo em não retroceder em seus planos de expansão no uso de combustíveis fosseis e acumulação de capital, inclusive indicando o Brasil como última fronteira do petróleo para grandes empresas[14]. Junto com o colapso ambiental, o modelo industrial dependentes de combustíveis fosseis costuma alimentar e mesmo criar guerras[15].
  6. Entender nosso protagonismo é assumir a importância de criticar e responsabilizar por erros metodológicos e mesmo de letramento das injustiças globais aqueles que influenciam as políticas climáticas como no caso do tema carbono em que a ONG estadunidense Verra, a maior certificadora de créditos de carbono no mundo, não possui sistema de governança sobre a origem do dinheiro que compra os créditos[16].
  7. Começamos a entender que nosso protagonismo na COP30 será determinante sobre o futuro das próximas gerações e patinamos muito sobre isso. Não fomos aprovados enquanto formuladores de políticas públicas ao seguir metodologias como da ONG TNC que assessora o estado do Pará na construção do Plano Estadual de Bioeconomia, que a meu ver não aprofundou o conceito de (socio)bioeconomia que deveria ser tratada no estado, diluiu o real debate ambiental e de ordenamento territorial e que não deveria ser a relatora do referido plano[17].
  8. A esperança é saber que estamos vivos e lutando contra os grandes desequilíbrios sociais, econômicos e ambientais no mundo e que necessitamos no Pará voltar a "politizar a política" como assim reflete Guilherme Carvalho em https://macareuamazonico.blogspot.com/2023/12/e-logo-ali.html , saindo do incômodo institucional e partidário de criticar o governo do estado.
  9. Finalmente, ao fechar os olhos para escutar com atenção a entrevista do “global” Luciano Huck a Yuval Harari, autor do bestseller Sapiens, que trataram do cerco israelense a Gaza em busca de terroristas do Hamas[18], pude perceber as retóricas para não admitir o próprio estado de Israel também como agente terrorista a massacrar milhares de crianças palestinas[19]. Yuval Harari reconhece o extremismo do governo de Benjamin Netanyahu, porém entende que é primeiramente necessário estabelecer tratado de paz, tangenciando sobre toda injustiça de 70 anos que o povo palestino sofre, parecendo-me até certo constrangimento em se posicionar sobre o tormento dos povos da região causado pelo Ocidente. Percebi com essa entrevista que justiça é algo inegociável e primordial e que vale para qualquer setor da vida. Assim, ouso dizer que a Paz também será filha da Justiça Climática.

 





Notas:

[1] Relatório Experiências de envolvimento da sociedade civil Brasileira no plano climático nacional, com foco nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), em consultoria para a Oxfam Brasil.

[2] Ver a publicação 2023: o ano mais quente da história em https://jornal.usp.br/radio-usp/2023-o-ano-mais-quente-da-historia/

[4] Na COP26 realizada em 2021 em Glasgow, Escócia, foram discutidos o alto percentual de 80% dos deslocados por desastres e mudanças climáticas no planeta serem mulheres. Ver em https://brasil.un.org/pt-br/157806-cop26-80-dos-deslocados-por-desastres-e-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas-s%C3%A3o-mulheres .

[5] Um estudo da Organização Não Governamental (ONG) Plan International em oito países, entre os quais o Brasil, revelou os efeitos das transformações do clima na vida de garotas menores de 18 anos de idade. Ver em https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2023-12/crise-climatica-afeta-mais-meninas-afirma-estudo#:~:text=Crescimento%20dos%20casamentos%20infantis%2C%20abandono,a%20desigualdade%20entre%20os%20g%C3%AAneros.

[13] Compartilho com o leitor a análise que fiz pra o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais – WRM sobre contratos de mercado de carbono e as gerações, disponível em https://www.wrm.org.uy/bulletin-articles/regarding-carbon-projects-in-the-amazon-region-why-contracts-that-last-a-generation .

[15] Recomendo a irretocável análise de conjuntura global do professor Luiz Marques em https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/luiz-marques/guerra-e-colapso-socioambiental .

[16] Um exemplo desta falta de governança sobre a origem do dinheiro que compra créditos é o que ocorreu com a empresa ADPML que possui projetos de carbono em Portel, Marajó, Pará. Ver em m https://www.mirror.co.uk/news/world-news/amazon-people-had-no-help-31271025 .

[19] Recomendo a leitura do texto Apagar a Palestina, de Chris Hedges , disponível em https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/apagar-a-palestina/

domingo, 8 de outubro de 2023

Choveu no Círio

 Belém, 8 de outubro de 2023.


Do ano mais quente da história.

Da seca que assola o Amazonas,

a cada notícia eu rezei inconscientemente.

Queria que o drama das pessoas, e dos peixes, e dos botos terminasse.

Trazia orações para que os rios fossem o leito das vidas, 

não o cemitério que mesmo de longe senti.


Hoje de manhã, porém, eu vi nuvens no céu,

mas qual nada seria novamente, de nuvens que respingavam 

para logo evaporarem.

É o vapor da panela de pressão que transformamos o mundo,

e não tendo água, iminente a panela para queimar, quem sabe explodir,

enquanto carruagens aladas levam nobres que torcem os narizes para a Humanidade.

Só lhes interessa o fedor do dinheiro.


Desculpem, são pensamentos preocupados com o amanhã.

Falha-me a esperança,

sobra indignação.

Só que Krenak agora é imortal das letras e disso eu já sabia.

Só não percebia que era possível no país inventado chamado Brasil.

Brota-me olhares de quem sabe, até poderia, eu teimando comigo,

ser tudo mais ameno, ser justo.

Quando começa a chover.


Não a chuva sofrida de pingos mal chegados na terra.

Uma chuva digna de ser chamada de chuva, barulhenta em minha janela.

Uma chuva no Círio de Nazaré.


De águas que escorrem para as profundezas do solo

que irão abastecer poços, veios, rios subterrâneos,

até emergir em igarapés.

Que em algum lugar daqui onde chove, imaginei, rega açaizeiros, mututis,

araras, quatipurus, cutias e sumaumeiras.

Sumaúmas em que Nazinha, a santa indígena, está a nos advogar, apesar de nossos erros.


Choveu no Círio de Nazaré.

E o coração esperançou.



quinta-feira, 4 de maio de 2023

O Expresso 30



Belém, 3 de maio de 2023.



Partiu o amanhã

No som do passarinho

Mas cortaram o canto lindo

Metal diapasão


Expressão

Expressivo

A Expressão

A Expressão


- Licença pra eu passar

Por cima das tuas grotas

Licenças prévias marmotas

Que eu possa atravessar


A Expressão

O Expressivo

O Expresso

O 30 Expresso

O 30 Expresso

O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso 30


- E corro encharcado de grãos

Qual Bíblia das vacas gordas

De tantas esfomeadas pontas

Anti-José dos sonhos vilão


O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso do grão

O Expresso do grão

O Expresso do grão

O Expresso do grão


- Zunindo passei na tua vida

Sem tempo para responder

Palestras em telas esconder

Os trilhos de sua ferida


O Expresso do grão

O Expresso do grão

O Expresso do grão

O Expresso do grão

COPiii!

O Expresso da COP

O Expresso da COP

O Expresso da COP

O Expresso da COP


- Possível ali a chegada

A nova velha estação

Que insiste num passo caminhão

Que odeia paisagens mulheradas


O Expresso da COP

O Expresso da COP

O Expresso da COP

O Expresso da COP

O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso 30


- Parece que tem gente no trilho

Não temem a força do trem?

De esperança em esperança alguém

Convence até do acionista seu filho


O Expresso 30

O Expresso 30

O Expresso 30

O 30 Expresso

O 30 Expresso

O Expresso

Expressivo

Expressivo


Quedou o entardecer

No som de uma cigarra

Parou o expresso a garra

Quem sabe, quem irá saber?


A COP expressa

A Expressão

Expressão


A Impressão

E a pressão

Pra um mundo são


São.




Pantoja Ramos

sábado, 16 de maio de 2020

Assim Falou Zarazilda para Hannah: A Banalidade do Mal Paraense


Cara Dona Hannah (é assim que se escreve?),

Hoje li em uma dessas revistas na internet que um dominador de tudo, um ditador, é mais cruel que um dono de escravo ou um tirano e que tal dominador destrói mais que a miséria ou um grileiro desmatador[1]. Que um controle total das pessoas coloca no matapi os homens. Diminui eles a tal ponto que nem parecem mais pensar ou querer pensar.

Lendo isso, percebi que era um pensamento seu e resolvi escrever. Isso, sobre a Banalidade do Mal. Quando o Mal fica assim, assim, espalhado. Quando o sentimento sobre o Mal é tipo nem-fede-nem-cheira. Que quando isso se prega nas pessoas, elas nem ligam mais se alguém está morrendo, se está sofrendo e até participam desta matança, sem mais matutar sobre essas coisas que fazem.

Umas visagens vivas, ruins, ruins, da maldade.

Aí eu pensei no Seu Marciano. Pobre Marciano.

Marciano era um faz-tudo. Era bom na carpintaria, bom como pedreiro, bom como encanador. E mais do que isso, Dona Hannah, Marciano, que era um vizinho meu, era um bom sujeito. Uma pessoa de coração grande, calmo, calmo. Não mexia com ninguém. Sempre falava como que estivesse cantando um trecho de Martinho da Vila. É devagar, é devagar, é devagar, devagarinho...

Voltando ao que li da senhora, Dona Hannah, percebi que as pessoas podem se tornar maléficas por um conjunto de situações que as fazem parecer que anestesias foram aplicadas nelas, na principal artéria da alma. É esquisito, pois ao mesmo tempo elas mesmas a modo que se negam a ser boas, até de certa forma sabendo o que está sucedendo. Fico confusa.

Por que uns meninos e umas meninas que são informados às vezes agem com maldade? Olha que chegam neles as notícias, vá la, mesmo que não como deveria ser, pois zap-zap não é escola e sim uma ferramenta que nasceu pra gente fofocar. Mas é tempo em que quase ninguém pode dizer que é desinformado e ainda assim, brincam com a doença que tá por aí a tirar o ar das pessoas até matar num repente.

Aí que penso que o Marciano poderia estar vivo. Ele tomava todos os cuidados. Era álcool-gel em tudo, na porta, nos móveis, andava de máscara dentro de casa até, sabia? Ficava no quarto dele se resguardando. Mas os netos, ahh, os netos passavam com aquele amontoado de meninos e meninas pro quintal pra fazer farra. Isso mesmo, farra! A casa era um entra e sai danado e o coitado do Marciano a reclamar, mas não tinha força pra enxotar toda aquela algazarra a beber e babar pela casa toda.

Mas esses meninos e essas meninas sabiam... Tamanho mais de 20 anos e por cima faziam era xingar o velho que reclamava do barulho e do furdunço. Não era desinformação. Não. Não era. Tá tudo aí nos celulares falando. Gritando até.

Não. Era... como dizem... um posicionamento! Sim, cadê a solidariedade? Saber que o Marciano era um idoso? Cadê? Será que tanta violência passada na televisão, será que tanta opressão das autoridades, será que tanta falta de pensar ou ter escolha de um futuro fez destes netos anestesiados a tal ponto que nem se importavam que seu avô poderia morrer?

Olha Hannah, eu vejo aqueles malucos lá em São Paulo fazendo carreata em favor da morte e do doido maior. Ali não tem espaço pra Jesus no coração, não. É maldade. Só que eu também tô falando que esse sentimento do Mal Banal pode ter pego entre o pessoal mais pobre, por que não? É mau pastor falando todo dia de um jeito de querer que o outro se lasque. É gente pobre mas metida a rica que se pudesse pisava na cabeça do irmão ferrado que nem ele. É feirante dando cotoco pra jornalista como se dissesse “vou furar a quarentena, sim e daí??”.

“E Daí?”, disse também o doido maior.

É mostra que a maldade se espalhou, Dona Hannah.

Agora é hora dos indecisos se juntarem aos bons pra lutar, não é sempre desse jeito que tudo acaba? Porque de outra forma, vai ser um massacre.

O mal banalizado em nós que o Corona só arredou a cortina.

Agora os netos estão lá chorando a morte do Marciano, sem velório, tudo rápido, tudo acabado... Que o Universo receba este compadre. Que sua energia, agora estelar, se alimente do Amor e da Memória daqueles que lhe tinham um bem querer.

É, Dona Hannah, a briga no final é esta. Valeu a pena a nossa vida? A de Marciano valeu. Os netos? Ihh, vão correr a vida toda atrás do prejuízo por esse remorso. 

Pode até ser que algum deles nem tenha. 

Quando dele se apoderou o Mal Banalizado e não enfrentado.

O Cão existe, mas o Amor é maior.


Agradecida pela atenção,

Zarazilda, Bombozeira do Paar-Ver-O-Peso.

Estudante de geografia.








[1] Ler a matéria de Odílio Aguiar, Violência e Banalidade do Mal -  https://revistacult.uol.com.br/home/violencia-e-banalidade-do-mal/








domingo, 15 de setembro de 2019

Declaração do Comitê Sul-Americano da UICN sobre a crise de incêndios em vários ecossistemas naturais da América do Sul


É isso que queremos perder com nossa ganância? Foto: Carlos Ramos.

A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) é uma União de membros composta exclusivamente por organizações governamentais e da sociedade civil. Ele fornece às organizações públicas, privadas e não-governamentais o conhecimento e as ferramentas que possibilitam o progresso humano, o desenvolvimento econômico e a conservação da natureza .
Criada em 1948, a IUCN evoluiu para a maior e mais diversificada rede ambiental do mundo. Aproveita a experiência, os recursos e o alcance de suas 1.300 organizações-membro e a participação de  15.000 especialistas.

Preocupada com as queimadas na Amazônia, a IUCN publicou no dia 6 de setembro de 2019 uma declaração aos países da América do Sul, que a seguir transcrevemos traduzido do espanhol para o português.




Declaração do Comitê Sul-Americano da UICN sobre a crise de incêndios em vários ecossistemas naturais da América do Sul

Do Comitê da América do Sul da IUCN, expressamos preocupação e alarme pelos incêndios extensos e agressivos nos ecossistemas naturais da Amazônia, florestas tropicais e subtropicais secas, o Cerrado, o Pantanal, o Chaco e o Páramo Andinos que devastam milhões de hectares de florestas e pastagens.

Diante dessa situação premente, pedimos:
- À comunidade internacional, governos, mercados e sociedade em geral, para assumir os limites biofísicos do planeta em face do crescimento e do modo de desenvolvimento predominante que promove a desigualdade social e o uso insustentável de recursos natural, colocando em risco a sobrevivência das sociedades humanas e do mundo como a conhecemos agora;
- Às comunidades e sociedade civil, para promover uma mudança urgente de paradigma que assumia o valor intrínseco da natureza e passe a considerá-lo o maior patrimônio para gerações atuais e futuras, garantindo serviços ecossistêmicos e capacidades de adaptação às mudanças climáticas;
- Aos Governos em todo o continente sul-americano, para priorizar a conservação do patrimônio natural dos países, respeitar seu povo, descartar atividades condições econômicas insustentáveis  ​​que impulsionam o desmatamento e a queima e para que promovam políticas e regulamentos para o uso sustentável do território, de acordo com sua capacidade, respeitando valores naturais, áreas protegidas e biodiversidade.

Declaramos que:

1. As conseqüências geradas pelos incêndios na região violam os direitos dos sociedade para um ambiente saudável, afetando a saúde e a qualidade de vida da população urbano e rural;
2. As partículas finas geradas pela fumaça dos incêndios impactam saúde da população e da vida selvagem, causando lesões nos olhos, coração e migrações respiratórias e animais podem expandir doenças e particularmente algumas zoonoses;
    3. A perda de vegetação natural em áreas protegidas e territórios indígenas leva à destruição e degradação da biodiversidade e perda de serviços ecossistêmicos, afeta fontes de água, impulsiona processos de erosão e desertificação e viola nossa capacidade de avançar em direção à adaptação baseada no ecossistema;
    4. Incêndios nas florestas amazônicas, áreas secas tropicais e subtropicais, savanas e Mouros andinos, estão contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa responsável pelas mudanças climáticas com impacto global, regional e local; interrompem o ciclo de nutrientes e o ciclo hidrológico; afetam a fertilidade do solo e condições climáticas, como chuvas, vitais para a produção agricultura e segurança alimentar;
   5. Comunidades indígenas e locais, comunidade científica e organizações ambientalistas são aliados-chave nos processos participativos de gerenciamento de riscos baseados em ecossistemas, tanto na prevenção, análise de danos e perdas quanto recuperação da biodiversidade (ecossistemas, espécies) e comunidades afetado.
  6. Aderimos e apoiamos os manifestos e declarações das comunidades científicas, ambientais e sociais que fazem apelos à ação urgente neste estado de emergência e promovem a recuperação de ecossistemas danificados e comunidades afetadas.

Apelamos aos Estados:
1. Sobre incêndios em ecossistemas naturais.
- Priorizar a atenção ao combate a incêndios e suas conseqüências, solicitando e aceitar ajuda internacional para alcançá-lo no menor prazo possível.
- Não adote uma postura partidária na análise das causas e consequências desta crise de incêndio. As reações e medidas para resolver este problema. Eles devem ser baseados nas melhores evidências científicas disponíveis.

2. Sobre a gestão de áreas devastadas por incêndios.
- Interromper a venda e a alocação do uso da terra nas regiões afetadas pela incêndios, a fim de avaliar o impacto de maneira objetiva, técnica e legal produzido.
- Garantir que nessas regiões a alteração do uso original não seja ativada, permitindo a recuperação e convidando a comunidade ambiental e acadêmica a acompanhar sua restauração com objetivos claros e verificáveis, com diretrizes que evitem uso da terra afetada por incêndios na agricultura, pecuária e colonização e envolvendo as comunidades locais.
- Estabelecer um programa internacional e interinstitucional que envolva a comunidades locais e contemplar a geração de conhecimento e avaliação de danos e perdas resultantes de incêndios, bem como recuperação e restauração nas áreas afetadas com base nas espécies nativas da fauna e flora de cada ecossistema.
- Garantir a qualidade de vida da população afetada, cuidando dos impactos sobre a saúde e favorecendo o desenvolvimento de práticas sustentáveis ​​e resilientes em nível local.

3. Sobre políticas públicas.
- Revisar as políticas e regulamentos públicos de cada um dos países que contradizem os acordos internacionais, como a Convenção sobre Diversidade Biológica, Mudança Clima, Desertificação e Secas, entre outros, e retardam a consecução dos Objetivos da Desenvolvimento sustentável; é preciso modificar o modelo extrativista  atual contrários ao patrimônio natural e produção e consumo responsáveis.
- Fortalecer as medidas de proteção, para garantir a proteção das áreas que não foram afetadas por esses incêndios graves.
- Garantir a conformidade com os regulamentos existentes que buscam manter a gestão sistemas de produção sustentáveis, respeitando a proteção das florestas e desencorajando práticas insustentáveis.
- Garantir as condições de vida da população, levando em consideração os impactos na saúde e seu bem-estar geral.
- Parar os ataques contra defensores de direitos humanos e ambientais, bem como fazer cumprir as leis que os protegem no desenvolvimento de suas atividades pela bem comum.

Do Comitê Sul-Americano da IUCN, rejeitamos as acusações, sem evidências ou fundamentos que alguns governos fizeram às organizações ambientais, ligando-os à provocação de incêndios. Nossos laços como organizações da sociedade civil estão mais fortes do que nunca para apoiar-se nesta emergência.

Várias organizações membros da IUCN na América do Sul já estão em ação, com um impacto efetivo no campo, demonstrando outra abordagem à gestão territorial, onde a valorização e conservação da natureza é possível e necessária para o desenvolvimento sustentável.

Da mesma forma, reiteramos a disposição do Comitê Sul-Americano da IUCN e de suas organizações a continuar contribuindo com suas capacidades técnicas e a favor de uma maior articulação entre organizações da sociedade civil, cientistas, organizações indígenas e camponesas, comunidades e governos locais, pela implementação das medidas aqui estabelecidas.


Comitê Sul-Americano da IUCN
Contato nos países afetados:
Comitê Brasileiro da IUCN
Comitê Boliviano da IUCN
Comitê Paraguaio da IUCN
Comitê peruano da IUCN