MANIFESTAÇÃO DOS MORADORES DOS MORADORES DA RESEX
VERDE PARA SEMPRE
“AGORA QUEREMOS CELEBRAR NOSSO CONTRATO COM O GOVERNO”
(Edilene Duarte – líder do CDS/comunidade Juçara)
Dia 20 de novembro de 2012, às 06h00, líderes de 20
comunidades da Reserva Extrativista Verde para Sempre, iniciaram a paralisação das
obras de implantação das torres para transmissão de energia elétrica pelo
interior da Unidade de Conservação Verde para Sempre.
No primeiro dia as lideranças interditaram os acessos
à obra, apreenderam todos os maquinários: caminhões, caçambas, retroescaveiras,
carregadeiras e outras máquinas e equipamentos que estavam às margens do Rio
Aquiqui, a cerca de 8km da cidade de Porto de Moz.
O pátio onde os equipamentos estavam depositados
estava composto por grande quantidade de sarrafo de madeira serrada, e
permitia acesso a um ramal aberto e aterrado com o mesmo material. No entanto,
esse tipo de operação não estava previsto no plano de operação licenciado pelos
órgãos ambientais, ou seja, a construção de acesso com pó e sarrafo de madeira
configura crime e/ou infração ambiental.
No final da manhã do primeiro dia, representantes da
ISOLUX, empresa responsável pela construção das linhas de transmissão,
procuraram os manifestantes para negociações. Os lideres reafirmaram a
necessidade de paralisação da obra por duas rações principais: os impactos
sociais e ambientais provocados estão afetando substancialmente a vida dos
moradores ribeirinhos; e a obra foi licenciada sem a construção e aprovação dos
instrumentos de gestão da Resex – enquanto para os moradores não é permito
acessar crédito para melhoramento das cadeias produtivas já existentes, por
exemplo.
No segundo dia, por volta de 15h00 min, representantes
da empresa acompanhados pelo representando do ICMBio - gestor da Unidade de
Conservação chegaram ao local para negociar com as lideranças.
Resultados
- Paralisação das obras entre os Rios Aquiqui e Jaurucu até que o governo apresente respostas às reivindicações das comunidades relativas: fomento às atividades produtivas, assistência técnica, acesso à tecnologias aplicadas a produção familiar, implantação de sistemas de energia elétrica nas comunidades, e etc.;
- Limpeza imediata de entulhos depositados no interior da Resex;
- Vistoria, no prazo de 15 dias, de todos os impactos da obra dentro da Resex;
- Uma equipe compostas por moradores vai monitorar o trabalho de limpeza dos entulhos depositados nos locais de obra;
- Resolver de imediato os impactos provocados pela circulação de lanchas voadeira pelos rios Aquiqui e Uiui;
- Procedimentos administrativo aplicados pelo ICMBio: multa e embargo das atividades no local onde foi realizado a manifestação.
Próximos passos
As obras só serão retomadas à medida que o governo
sentar com as comunidades e apresentar um cronograma de execução das medidas
que foram prometidas para a passagem da obra e atender as demandas apresentadas
pelas comunidades relacionadas ao fomento das atividades produtivas. Caso a
empresa insista em dar seguimento às atividades da obra antes do governo
apresentar um plano claro e objetivo em respostas às reivindicações das
comunidades, haverá novas ações das comunidades mais enérgicas: “vamos ficar
monitorando, se houver tentativa de retomada das obras antes do governo
apresentar uma resposta, não vamos nos responsabilizar pelo que vai acontecer.
Podem construir cadeias para prender ribeirinhos,” declarou uma líder
comunitária. “Agora estamos a espera de respostas do governo para selar nosso
contrato com ele, a urgência da obra é igual a das famílias. Se não houver
respostas às famílias não haverá linhão!” concluiu.
Hoje, 22, pela manhã o ICMbio já se reuniu com
representante da concessionária para agendamento de reuniões em Brasília com os
Ministério de Minas e Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário para
encontrar caminhos para responder às exigências das famílias moradoras da Verde
para Sempre. O Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz apóia e
acompanha a luta das comunidades.
Agostinho Tenório
Coordenador Geral / CDS