Pelos furos que navego
Com meus sonhos
Vou dentro do casco
Pelos braços dos rios
No som da fala ribeirinha.
Pelas águas dessa história
A ribeira
E o ribeiro
Com mãos no remo
E olhos no horizonte
Afirmam nossas existências
Por entre furos
Por entre tempos
Por essas vias
Somos águas
Somos vidas
Por toda bacia Amazônica
Boiam resistências.
Durante 04 anos a palavra de ordem em minha vida foi essa: Resistência! Ora eu precisava resistir à saudade de casa e colo de meus pais, ora às dificuldades financeiras, e a resistência mais difícil e dolorida era contra o sistema universitário, ao preconceito por ser pobre e ribeirinha.
Mas me desafiei a provar que ali era meu lugar sim, eu e mais 96 companheiros lutamos e conseguimos deixar nossa marca e nosso recado nesta casa chamada UFPA, dissemos em alto e bom som: "Que a universidade se pinte de povo".
No dia 28 de maio de 2019, 97 alunos diversos (ribeirinhos, quilombolas, sem-terra, indígenas) colarão grau, provando assim que já ocupamos esse espaço de conhecimento e que não é só rico que produz ciência.
Rosiele Pimenta.
Geógrafa, filha de extrativistas-pescadores
comunidade São Sebastião- Rio Muaná
Muaná, Marajó.
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