Belém, 02 de agosto de 2019.
O Marambaia-Ver-O-Peso seguia por dentro do meu bairro nem rápido, nem lento. Fez a curva na Rodolfo Chermont tranquilamente. Quando saiu da rotatória, um barulho muito alto, de algo que tinha se chocado a um objeto metálico surpreendeu a todos no veículo. Uma senhora idosa tinha caído da cadeira batendo forte com o rosto no piso do ônibus.
Todos se apavoraram e num instinto humanitário a maioria se levantou para socorrer a senhora, que parecia não entender a situação. Mesmo os que estavam em transe-zap- zumbi se assustaram. As mulheres mais próximas e eu conseguimos erguê-la e colocá-la de volta na cadeira do ônibus. Seu supercílio começou a sangrar, a órbita do seu olho direito começou a arroxear.
Preocupados com a senhora, começamos a aconselhar que ela fosse a um posto de saúde mais próximo. O cobrador veio ver como ela estava. O motorista parou o ônibus e veio também verificar a situação. Perguntou como ela estava, zeloso, como todos nós estávamos.
"Acho que ela cochilou...", Disse a amiga que a acompanhava, outra anciã.
"Vocês querem que eu pare no posto de saúde? Numa UPA?".
"É melhor, senhora, melhor não arriscar", ponderou uma moça.
"A gente ia pro IPAMB".
Tratava-se do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Belém.
"Pessoal, eu vou deixar vocês até o Bosque e dali vou levar as senhoras pro IPAMB, tá? Aí vocês pegam outro ônibus, a gente chama um pra vocês entrarem por trás".
"Claro, Claro".
Todos prontamente concordaram.
Descemos.
Seguimos para nossas vidas, provavelmente comentando em nossas casas sobre o ocorrido.
Dentro do coletivo, somos solidários.
Código de união no busão. De que somos gente.
Em tempos em que a frase "penso logo existo" é corrompida, talvez seja justificável para a luta:
"Me importo, logo, Existo".
Nenhum comentário:
Postar um comentário