Técnica permite explorar a mata e deixar que ela se recupere.
Levantamento foi feito na Ilha de Marajó.
Dennis Barbosa
Do Globo Amazônia, em São Paulo
Levantamento
feito por pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) para o
Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor) aponta que, quando
respeitadas as leis ambientais e trabalhistas, o manejo florestal é mais lucrativo
que a pecuária extensiva e o cultivo de grãos na Amazônia.
De acordo
com o professor Antônio Cordeiro, que coordenou o estudo, cada hectare (10 mil
metros quadrados) de floresta amazônica pode render R$ 22,05 com manejo
florestal por ano, em comparação com R$ 6,00 da pecuária e R$
14,00 das lavoura de grãos. “A ideia é que as entidades financiadoras que
não conhecem essa rentabilidade, disponibilizem linhas de crédito para a
exploração florestal”, explica.
O manejo florestal consiste na
exploração planejada e controlada da mata, de forma a permitir que se recupere,
reduzindo o impacto ambiental. O estudo foi feito para orientar os processos de
concessão de manejo em florestas públicas estaduais no Pará. O mercado local de
madeira em tora foi usado como referência para estabelecer o preço da floresta
em pé a ser manejada. O valor médio da madeira em pé foi estimado
em R$ 27,20 por metro cúbico.
Cordeiro destaca que a pesquisa foi feita na região da Ilha do Marajó, nos municípios de Bagre, Chaves, Afuá, Portel e Juruti, que proporcionalmente tem menos madeiras nobres que outras partes do Pará, e que, ainda assim, o manejo se mostrou rentável. “Ali há alto índice de madeira branca, que tem menor valor e é muito usada para laminado e compensado”, explica.
A comparação com a agricultura
e a pecuária foi feita considerando os custos de cumprir as leis ambientais e
pagar os trabalhadores corretamente, o que muitas vezes não ocorre nessas
atividades no Pará. Os casos de trabalho análogo ao escravo ou com remuneração
abaixo da mínima, por exemplo, são comuns em algumas fazendas de gado. Sem
cumprir a legislação, explica Cordeiro, a pecuária é mais rentável que o
manejo, mas não é sustentável ambientalmente.
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