segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Rio Gurupi precisa de ajuda

O rio Gurupi separa os Estados do Pará e Maranhão. De um lado Boa Vista do Gurupi, em território maranhense. No lado paraense, Cachoeira do Piriá. Além da ponte, dividem vários povoados ao longo de suas margens, tribos indígenas, comunidades quilombolas.

    Figura 1 - Ponte sobre o rio Gurupi separando os Estados do Pará e Maranhão. Foto: Carlos Augusto Ramos

Em julho e agosto de 2012, visitei as localidades quilombolas de Camiranga, Bela Aurora, Paca, Aningal e Vila Mariana. Destas, somente a última ainda não tinha a regularização fundiária definida, mas todas em comum tem hoje a certeza que mais cedo ou mais tarde terão que discutir como se usa o rio Gurupi, maior fonte de pescado e meio de transporte da região, suas matas, suas margens.

A confusão está em trabalhar a gestão dos recursos naturais em meio a existência de fazendas e olarias que desmatam a mata ciliar e a pessoas que pescam sem respeito na época do defeso. Estão abertas ao diálogo para proteger o rio? Mas o problema é mais complexo: em lugar de fronteira, os órgãos dos diferentes Estados não jogariam (acho que já jogam) a responsabilidade ambiental um para o outro, enquanto os igarapés secam, o rio Gurupi passa por assoreamento, os cardumes ficam escassos, as comunidades ribeirinhas tem menos acesso aos recursos antes abundantes?

    Figura 2 - Porto da Comunidade Paca e Aningal. Foto: Carlos Augusto Ramos

O que serve de consolo do que vi são famílias quilombolas dispostas a recuperar o que se desfez  e desenvolver novos conceitos. E nas conversas que tive com as lideranças, acharam muito pouco os 15 metros sugeridos pelo Novo Código Florestal como área a ser recuperada nos desmates perto de cursos d´água. São vozes que escutaram outras vozes mais antigas dos tempos de fartura no rio Gurupi. Desejar seu retorno em mata é um direito desta e das novas gerações.

Figura 3 - Caminho por terra até a comunidade Bela Aurora, área preservada após a luta das famílias   locais contra o desmatamento das margens do rio Gurupi. Foto: Carlos Augusto Ramos.

Pessoal, o rio Gurupi precisa de ajuda.


Um comentário: