Marabá, 06 de fevereiro de
2013.
Por muitos anos, um século e pouco, muitos interpretaram que a máxima “mais apto” surgida da obra de Charles Darwin em sua Origem das Espécies falava do mais forte. Apesar do erro de interpretação, soou como música aos ouvidos do capitalismo que a competição agressiva deveria ser a motivadora para o crescimento, selecionando os líderes e os países que dariam as cartas.
E cá estava eu a pensar nas formigas. E dirijo o olhar para as abelhas. De forma coletiva, vivem na objetividade de manter a espécie em cada um tem seu dever, sua tarefa para o grupo sobreviver. E no caso destes insetos, quanto mais organizadas, mais aptas estão para enfrentar os desafios de sua vida e continuar nesta terra. E nós, seres humanos, ao escolher a individualidade exagerada, permaneceremos por quanto tempo?
Nestas semanas estive em Itaituba, em Tailândia, em Marabá e ouço vozes do Marajó. Em todas as falas, percebi que demos às costas à floresta e aos rios, apesar de precisarmos bastante de seus recursos. Nos desmatamentos que vi, nos dendezais que passeei os olhos, nos novos grandes projetos que me informei, nas novas frentes agrícolas que constato, reflito a imensa dificuldade de nossa sociedade em reconhecer a natureza como objeto de zelo e cuidado. Sem manejar, poderemos levar a Amazônia a possuir no século 22 apenas 40 por cento de sua cobertura original, contra os nossos 80 por cento atuais . E daí inimaginável as consequências não somente para os nortistas, mas para o Brasil e para o mundo.
Acontece que o problema está em cada um de nós. Existe uma mania que chama a atenção: a de tentarmos sermos imperadores. Ganhar territórios, ser influentes, obter muito dinheiro, poder, influência, sermos temidos. Vangloriar-nos de levantar divisas sem ao menos morar na terra onde exploramos. Só de longe: imperadores. Sermos os mais fortes.
Tão metidos a imperadores que achamos que temos a solução para tudo. Que vamos lá de nossos gabinetes resolver o déficit em energia elétrica mesmo que seja em troca do afogamento de direitos, que vamos ganhar muito com a venda de cimento, que vamos colocar mais carne no mercado, que vamos transformar o município com a venda de madeira, que vamos salvar economicamente o Marajó com uma nova empreita patronal. E queremos espaço, terra, poder, dinheiro, admiração.
A educação nos oferecida tem sido campo fértil para formar imperadores. Nos
governos militares serviu para impedir saberes e conhecimentos de fatos para
poucos lucrarem absurdamente. Com a ignorância geral tentou-se despir a
Amazônia. Nas décadas seguintes, começou-se a retirar a cortina que escondia a
imensidão de riquezas que possuíamos, mas nosso olhar permanecia como a de
imperadores: “o mundo é dos espertos”. E parodiando Garrincha que era convocado
a driblar todos os jogadores adversários para fazer um gol, dizia “falta
combinar com os russos”.
E o planeta ao parece e não devia, é o adversário dos imperadores. Entretanto, faltou combinar com o clima que ao mexermos demais com a natureza, colocaríamos a nossa condição humana em dificuldades. Faltou combinar com as matas do município de Tailândia que a cidade teria que mudar o ramo da madeira, pois se garimpou a floresta ao máximo e que morreria o rio Tailândia. Esqueceu-se de acertar com os rios que ficassem para irrigar os novos dendezais, mas o pasto anterior secou-os e não passam agora de fantasmas. Faltou combinar com o bacurizal que pintava o quadro de nossa infância que não sumisse. Só que agora, é grande plantio sem acerto prévio com a história das pessoas. Não estamos combinando com a Terra.
Na esperança nunca diminuída apesar dos dissabores, só uma educação distinta da atual pode nos mostrar um novo curso, com mais humanismo e holística. De desenvolver o ser e não o ver. A competição entre as pessoas e entre os países nos fere a cada dia e se alguém ganha materialmente com isso, é só durante a sua passagem na vida, ficando a herança para os vindouros tentarem equilibrar ou mesmo consertar.
Poxa, Sr. Paulo Freire, como posso ajudar a libertar as pessoas de serem imperadores, que tanto está levando a Amazônia e o planeta para o buraco?
Lá, de seu livro, o mestre responde:
- Meu caro, ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão. Pense nisso.
E o planeta ao parece e não devia, é o adversário dos imperadores. Entretanto, faltou combinar com o clima que ao mexermos demais com a natureza, colocaríamos a nossa condição humana em dificuldades. Faltou combinar com as matas do município de Tailândia que a cidade teria que mudar o ramo da madeira, pois se garimpou a floresta ao máximo e que morreria o rio Tailândia. Esqueceu-se de acertar com os rios que ficassem para irrigar os novos dendezais, mas o pasto anterior secou-os e não passam agora de fantasmas. Faltou combinar com o bacurizal que pintava o quadro de nossa infância que não sumisse. Só que agora, é grande plantio sem acerto prévio com a história das pessoas. Não estamos combinando com a Terra.
Na esperança nunca diminuída apesar dos dissabores, só uma educação distinta da atual pode nos mostrar um novo curso, com mais humanismo e holística. De desenvolver o ser e não o ver. A competição entre as pessoas e entre os países nos fere a cada dia e se alguém ganha materialmente com isso, é só durante a sua passagem na vida, ficando a herança para os vindouros tentarem equilibrar ou mesmo consertar.
Poxa, Sr. Paulo Freire, como posso ajudar a libertar as pessoas de serem imperadores, que tanto está levando a Amazônia e o planeta para o buraco?
Lá, de seu livro, o mestre responde:
- Meu caro, ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão. Pense nisso.
Pantoja Ramos
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