Os materiais utilizados para a construção civil estão cada vez mais escassos e caros, principalmente o seixo que é um dos principais itens para as calçadas e pisos. Ao perceber essa problemática, munida dos melhores instintos científicos, da observação, anotação e experiência prática, Maria Rosa Monteiro, do município de Curralinho, no Marajó, cria uma função inusitada e barata para o caroço de açaí descartado das batedeiras no Marajó: o AçaíPiso.
O Blog Meio Ambiente, Açaí e Farinha se
sente honrado em entrevistar esta liderança feminina de Curralinho que corajosamente
seguiu sua curiosidade para gerar esta promissora tecnologia socioambiental.
Blog Meio Ambiente, Açaí e Farinha - Rosa,
explique o uso prático do caroço do açaí como aliado da construção civil?
Rosa Monteiro - O caroço de açaí pode ser um grande aliado das
famílias nas construções de pisos e calçadas podendo fazer a substituição
do seixo. Em 2014 fiz uma experiência. Nesse experimento, observei que o
caroço do açaí possui uma durabilidade e resistência muito próxima do
seixo misturado ao cimento e areia. Vi que ali havia uma alternativa de
baixo custo para a construção civil, pelo fato de ser mais leve, pela
facilidade de obter o caroço, além de dar um destino para esses resíduos
sólidos que são um problema ambiental, um lixo ainda sem solução para os
marajoaras.
Blog Meio Ambiente, Açaí e Farinha - Como
surgiu essa ideia na sua cabeça?
Rosa Monteiro - A ideia surgiu em 2014, a partir de uma experiência
que fiz quando estava fazendo o piso da cozinha da minha mãe. Eu mesma estava
fazendo o processo de mistura do seixo com cimento e areia quando acabou o
seixo e o piso ainda não estava concluído. Nesse momento tive a ideia de
colocar o caroço de açaí para substituir o seixo, e fiz um pequeno piso, em 3
tipos de mistura: fiz só cimento com o caroço; cimento com areia e o caroço; e
por fim o cimento com caroço areia e um pouco de seixo. De todos os tipos
testados de mistura, concluí que o cimento, com areia e o caroço ficou ótimo e
mais ainda o caroço de açaí como se fosse seixo.
Blog MAAF - Sou testemunha que lá em 2014 já
testavas essa tecnologia. Como está em 2018 o piso que fizeste?
Rosa Monteiro - Em 2016, resolvi ir mais além com minha
experiência. Mandei fazer o piso do ponto de açaí que fica na minha casa.
Novamente substituí o seixo pelo caroço do açaí, dessa vez mandei
"lajotar". No início deste ano (2018), como tive que ampliar o ponto
e o piso teve que ser quebrado, para minha felicidade verifiquei que o piso
estava em perfeito estado após quase três anos de uso. Na ampliação do piso,
repeti a mistura e coloquei lajotas. Hoje em dia, lavo todo dia o piso e nem
sinal de rachadura ou umidade. Concluí que o cimento protege o caroço do
açaí e a lajota com o rejunte defende da agua ou umidade fazendo com que se torne
resistente e durável tanto quanto o seixo.
Blog MAAF - Existe algum cuidado
em especial nesta prática do AçaíPiso?
Rosa Monteiro – Apesar de ter dado certo, recomendo apenas que o
caroço do açaí tem que estar bem enxuto na hora da mistura e no momento de
fazer o piso ou calçada, deve-se se escolher um local seco.
Blog MAAF - Qual o potencial de ajuda que sua
tecnologia social oferta às famílias mais pobres?
Rosa Monteiro - A partir da experiência com o caroço de açaí,
conclui-se que essa tecnologia social pode ser muito bem aproveitada pelas
famílias de baixa renda do Marajó que tem intenção de construir pisos de
alvenaria, uma vez que substituir o seixo, cujo metro cúbico é bem mais caro. Essa
tecnologia permite também enfrentar um dos maiores problemas das pequenas cidades,
o calçamento das ruas. Utilizando o caroço do açaí, o custo vai ser mais baixo,
o acesso ao produto substituto ao seixo será facilitado e o melhor: vamos estar
ajudando a preservar o meio ambiente utilizando um produto que se tornou lixo e
já é um problema em cidades marajoaras como Curralinho.
Blog MAAF – Qual seu próximo
passo na aplicação desta tecnologia?
Rosa Monteiro - Meu próximo passo é
fazer a experiência em local úmido para testar a durabilidade e o comportamento
do caroço de açaí junto ao cimento e o chão molhado. Já comecei os testes e até
o final desse ano devo ter esse resultado.
Quem quiser entrar em contato com Rosa Monteiro para maiores detalhes e construção de parcerias e projetos, enviar e-mail para maria.rosapm@hotmail.com.
Gostei da ideia. Realmente pode ser muito útil sim. Parabéns, Rosa Monteiro.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho, com certeza um grande avanço para a construção civil. Já quero fazer na minha casa.
ResponderExcluirNo próximo dia 20 de setembro às 9h será apresentado o projeto açaí piso para a população Curralinhense o mesmo tem autoria de Maria rosa Monteiro o projeto também e tema do tccda autora do projeto que está sendo desenvolvido desde 2014 espero ser um sucesso
ResponderExcluirParabéns Maria Rosa Monteiro, ótima alternativa p reutilizar o material bjs descartado, porém para fazer pisos e calçadas utilizaremos outros materiais de custo não baixo como,cimento ... Me preocupo com o pouco tempo de incubação da experiência ..
ResponderExcluirOlá bom dia ,ja obteve resultado em piso úmido, molhado ?
ResponderExcluirRosa Monteiro está defendendo seu TCC e deve ter avançado em seus estudos. Vou passar sua pergunta à ela e depois responder aqui. Grato por sua pergunta.
ExcluirParabéns Rosa pela proposta inovadora e arrojada 👏👏👏
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