quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Crônicas, Passageiro: Responda Rapidamente



Rádio Comunitária de Gurupá. Foto: Gilvandro Torres



Belém, 15 de janeiro de 2020.



Esta é uma crônica expressa como as perguntas que me motivaram escrever. 

Às 5 da manhã de 2005, lá em Gurupá, fui gentilmente trocar ideia com Sabá Pena, "o comunicador que vos fala", na Rádio FM do município. Eu, todo remelento, sonolento e outros adjetivos que inspiram o que é lento, recebo a pergunta de Sabá:

"Estamos aqui com o engenheiro florestal da ONG Fase, que finalmente aceitou o convite deste comunicador que vos fala para uma entrevista. Senhor Carlos, responda rapidinho para os nossos ouvintes: COMO SE RESOLVE OS PROBLEMAS DA AMAZÔNIA??".

A cabeça deu um pinote. Acordei de supetão. Soltei um palavrão tal a surpresa da indagação. Saiu no ar. Nem sequer tinha dado bom dia. Em poucos segundos, já estava na adrenalina no ato de procurar um caminho que me guiasse até uma resposta plausível.

"Co-co-mo se resolve os problemas da-da-da Amazônia??", Gaguejei.

Enrolei, enrolei, firulei nas palavras como se fosse o jogador Robinho pedalando por sobre a bola sem chutá-la ao gol. De tanto subjetivar, não consegui responder. Até hoje, alguns amigos me zoam: "E aí, como se resolve os problemas da Amazônia, Carlos?"

Talvez ainda não consiga dar retorno, apesar de me fazer esta indagação todo tempo.  Ainda mais nestes obscuros marcos que vivenciamos. Ao menos tal questionamento e analisar os ciclos históricos de ataque destrutivo à natureza me fez concluir que tenho Mátria e não Pátria.

Nesses primeiros dias do ano publiquei  um poema na principal ferramenta atual de comunicação. Uma pessoa elogiou e me perguntou algo forte pois também queria aventurar-se a escrever: "O QUE É UM POEMA?". 

Paradoxalmente, sobre o indagar de algo tão conceitual e antes de tudo, subjetivo, não hesitei e disse:

"Poema é a fotografia da alma".

Pareceu-me natural esta frase. Margarida Di sentenciou algo semelhante.

Assim, o que deveria ser sucinto de responder - "como se resolve os problemas da Amazônia?" - tornou-se seu contrário; e o que deveria ser divagado - "o que é um poema?" - teve uma afirmação de bate-pronto.

Puxa vida, esta crônica não ficou tão expressa como eu queria. Continuará martelando na cabeça por alguns momentos.

Hummm...

Próxima pergunta?




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