quinta-feira, 12 de março de 2015

Lamberto, o Traumatizado: Lambada

Lamberto odiava lambadas. No início dos anos 90 foi a febre das danceterias.  Logo ele que era um verdadeiro prego para movimentos corporais.

Beninha,  sua musa, só dançava a peste. Nas tertúlias, sempre que Lamberto se aproximava da pequena pra puxar conversa, ouvia-se: "Chorando se foi...". Outro espinhento pegava - a e lá se ia saracoteando pelo salão.

"Chorando de foi...".

Em casa lutava pra aprender os passos. Nada. Cintura dura demais.

Enquanto isso, Beninha rebolava.

"Chorando se foi...". 

Maldito Kaoma.

Décadas depois, após ter se tornado um pé - de - valsa de todos os estilos, fruto da revolta adquirida na adolescência, resolve ir para mais uma noitada de divorciados de meia idade misturada à juventude.  Na festa,  uma jovem chamou sua atenção por lembrar,  por lembrar... Beninha!

Chama-a para um embalo.

"Você dança Melody? ", convida a moçoila.

"Danço,  é só começar, princesa". Dispara seu olhar 43, como diria Paulo Ricardo.

O DJ solta a próxima:  uma versão Melody. de: "...chorando se foi...".

Lamberto surta, fica suado, bota as mãos no ouvido e senta na primeira cadeira pra tomar um ar. Grita:

"Kaoma, sua desgraçada!!!".

Caramba, Lamberto sequer sabia que Kaoma era uma banda e não uma mulher.

A jovem Beninha já estava no roda-roda com outro caboclo no meio da multidão de dançarinos.

Quanto à Lamberto?

"Chorando se foi...".


Sem traumas.

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