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domingo, 30 de junho de 2024

Cabelos astrais



Belém, 30 de junho de 2024.


Alerta para um papo de velho. Mas é que hoje é o último dia oficial das festas juninas. De quadrilha, de milho quente, de pipoca, roupas quadriculadas, forrós, Luiz Gonzaga e arraial. Ahh, quermesse, de roda gigante, de maçã do amor, tiro em caixinha de fósforo valendo urso de pelúcia. Enquanto isso, em 1987, em Monte Dourado, no Vale do Jari, nós aguardávamos ansiosamente por estas festas. Ano que também foi da explosão do grupo RPM, de Olhar 43, Loira Gelada e Flores Astrais. E antes, é bom explicar que eu era uma criança caminhando para a pré-adolescência, mas já admiradora do RPM, banda boa, bons sons. Muito da molecada da época queria ter aquele cabelo do vocalista Paulo Ricardo. Inclusive eu, que deixei crescer um tufo de cabelo na parte do cangote, um mullet, tipo de cabelo grande na parte do pescoço.

Coisa feia, cabeludinha eu estava a correr pela rua, aspecto de cabelo melado de suor. Porém, que não mexessem ou falassem mal de minha cabeleira que mirou no Paulo Ricardo e acertou no Zezé de Camargo em início de carreira. Eu me achava o máximo naquele visual, já minha mãe nem tanto.

- Carlinho, vai cortar esse cabelo, menino!

Meu pai gargalhava com os amigos na rodada de Antártica:

- Cabelo do Menudo!

- Menudo, Não!! - Eu protestava quase chorando. 

E tinha a Priscila. Sim, a menina que eu paquerava (termo de velho) de longe e que eu queria convidar para andar na roda gigante no arraial. Na primeira noite, nada pra mim, sequer uma reação dela a passear com as amigas. Tudo bem, a noite não foi tão perdida, ao menos ganhei uns trocados nas apostas de acertar a bola nos desenhos de time de futebol. Lembro bem, apontava e jogava a bola no escudo do Botafogo. Toma-te! Mais uns cruzeiros no bolso. Azar no amor, sorte no jogo.

E já aguardando a outra noite de passeio, minha mãe me ordenou que fosse cortar o cabelo. E fui quase na base de vassourada. O barbeiro cortou o projeto de rabo de cavalo que eu nunca teria. Acertou aqui, ali, deixou "rapazinho".

Cheguei em casa. Minhas irmãs olharam-me surpresas e sorridentes. Minha tia me caducou. Minha mãe disse:

- Agora simmmm!.

Eu realmente não entendia nada daqueles comentários. Fui à quermesse.

Minhas colegas de escola me viram e sorriram. Achava aquilo meio exagerado. De repente, vem a Priscila com sorvete na mão.

- Carlinho?

- Oi.

- Vamos andar na roda gigante?

- É... Vamos, é, vamos sim.

E naquele quinze minutos, o mundo lá embaixo ficou pequeno, tão pequeno e na minha frente uma menina tão bonita me oferecia sorvete, como se fosse a própria Lua me iluminando. Sem saber o que fazer, só aproveitei o momento de subidas e descidas naquela cadeira enferrujada e barulhenta. De vez em quando, passava a mão no cangote e sentia a ausência de minha cabeluda beleza. "Será que a Priscila tá me achando estranho sem meu cabelo maneiro?", pensei.  

Quando a roda-gigante parou, ela se despediu. 

- Tu é sempre tão calado?

- É... hã... o quê?

Deu-me um beijo no rosto e partiu. E meses depois, Priscila foi embora do Jari.

Naquela mesma noite, tentei a sorte no jogo. Errei todas jogadas. 

E tenho sido assim na vida: acerto mais do que erro, muitas vezes sem saber o que está realmente se passando. Caso contrário, como estaria aqui escrevendo sobre arraial, festa junina, roda-gigante, corte de cabelo, beijo no rosto e alvorecer da juventude com a saudade serena de quem teve uma história sortuda? 








sábado, 20 de abril de 2024

A maçã do Jari



Dos borrões de minha memória.

Aconteceu naquele dia a coincidência de um coleguinha de escola e eu irmos juntos ao supermercado de Monte Dourado naquela manhã ensolarada de 1984, quando o sol das nove horas tinha a quentura das sete horas matutinas de hoje. Seguíamos no bate-papo sobre futebol adentrando no estabelecimento, todo empolgado eu estava a falar que o meu time, o Palmeiras, iria para a final do extraclasse. De repente, o amigo pegou uma maçã e tacou-lhe uma mordida.

- Que é isso??? Como tu come assim a maçã sem pagar?? 

Indignado, tirei a fruta da mão do menino e fui colocar no lugar. A mão de um homenzarrão segurou nossos braços:

- Ahá!! Peguei vocês da gangue dos comedores de maçã!! Vamos pra gerência, agora!

E lá estavam meu amigo e eu, ambos com 9 anos de idade, sendo interrogados na salinha do gerente:

- Então vocês fazem parte da gangue dos comedores de maçã??!!

- Moço, eu até coloquei na prateleira pra não piorar!

O amiguinho calado.

- Quem vai pagar pelo prejuízo? Vamos ligar para os seus pais.

Pronto. Veio a sentença.

- Não conta pro meu pai, não, moço. Por favor. Vou apanhar!

E choro. Muito choro.

Depois de uma hora de ameaças, fomos liberados. O assunto não foi levado pra frente. Mas podia jurar que eles riram quando nós saímos daquela sala escura e mofada, que deixava passar poucos raios de sol.

O amiguinho continuou calmo. Reclamei horrores:

- Bicho, eu nunca mais vou contigo no supermercado!!

Tempos depois meu coleguinha foi pego novamente, desta vez terminando de sugar um copo de iogurte, escondido atrás de sacos de farinha, já que não haviam nesta época as câmeras que atualmente nos flagram e nos julgam. E quando conheci a casa de meu amigo, casinha humilde de muitos irmãos e irmãs, espalhados nos quartinhos lá da Vila Facel, cujo pai recebia baixo salário, desproporcional para as necessidades de sua família, surgiu-me na mente uma desconfiança que meses depois virou um pé-de-vento crescente do entendimento sobre uma possível injustiça.

Perguntei pra minha mãe enquanto ela fazia o almoço:

- Mãe, de quem é o supermercado?

-  Da Jari, meu filho.

- O papai trabalha pra Jari, né?

- Isso. 

- O papai trabalha pra Jari, recebe o salário da Jari e depois compra o rancho do mês no supermercado da Jari?

- Isso, isso, Carlinho, agora vai reparar teus irmãos!

Saí matutando: "A Jari, o amiguinho, a família do amiguinho, a fome, o iogurte, a maçã...".


Seria essa a tal maçã do conhecimento?




sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

O portão do clima

 


Belém, 8 de dezembro de 2023.



Passei 2023 debatendo sobre os tais mercados de carbono, e digo que é cansativo, pois o tema é complicado. Propositalmente, eu diria.

Por outro lado, infelizmente é fácil entender discriminação e racismo, beliscão na mente que recebi desde o dia em que fui barrado no próprio colégio em que estudava nas altas terras do Jari. Pensam que esqueci??

 - Você não pode passar por este portão!

- Por quê??

- Porque aqui é lugar apenas dos meninos que são “americanos”.

- Por quê, se aqui é Brasil??

E aquele homem brancão com olhar severo disse algo entredentes inaudível e virou as costas para este menino curioso de sete anos.

Tantas décadas depois, quero adentrar pelo portão novamente para dizer que amazônidas merecem atenção, mas o portão permanece fechado para a maioria.

O vigia alvo, ocidente de ideias que mata florestas, memórias e crianças palestinas nos olha severamente, vira as costas e nos deixa, resmungando ameaças de não-futuro.

E quando eu alerto daqui de fora do portão que o capitalismo está nos massacrando e que nos deixem passar para ajudar a resolver a situação, o homem brancão sorri com ar de empáfia e diz que tudo está sob controle, que os mercados solucionarão a mudança do clima, enquanto uma adoecida Terra segue febril, tossindo.

- É, gente, é deste lado do portão que teremos que achar saídas.

As nossas saídas.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Sofá de napa: o fenômeno


Era uma vez um sofá. 

Era um sofá destes de napa que eu nem sei se ainda são fabricados, onde eu sempre me jogava pra assistir televisão, às vezes a TVS (hoje SBT), às vezes a Globo. 

Talvez fosse 1985 ou 1986, não recordo. Só sei que certa vez eu ganhei o raro momento de ficar sozinho em casa à noite. Num lar em que vivam meu pai, minha mãe e meus quatro irmãos, não era algo fácil de acontecer. Ahh, vejam só: iria atacar a latinha de chocolate em pó como bom gatuno de dispensa que fui.

E nesta dita noite fiquei a assistir TV sozinho, ali por volta das 21 horas. O filme? Poltergeist, O Fenômeno, de Steven Spielberg.

E assim que a película iniciou, logo percebi que não era tão boa ideia ficar em casa, solitário, de noite, vendo o desenrolar de uma trama onde espíritos tramavam contra moradores de uma casa, numa bagunça ectoplasma hostil. Muita visagem e muita misura perturbando de tudo quanto era canto aquela família, morada feita onde antes havia um antigo cemitério. Aliás, que raios eram essas construções feitas em cima de lugares sinistros! Era melhor perguntar antes de comprar: "com licença, senhor vendedor, mas esta casa está assentada onde?". Ao que o outro responderia: "nada não, no máximo um assassinato".

E desenrolou-se a história. "Tô sozinho e sou corajoso", pensei.

E no ápice do filme, com os mortos brincando de pira pra cima e pra baixo, eis que venho com minha colher cheia de achocolatado extraviada quando o tudo-de-ruim mete a cara pra fora do guarda-roupa e espanta a todos. Eu, vidrado, me sento no exato instante que o monstro urra!

Sento-me no sofá de napa que faz:

- Fuuuuuuuuuuuuuu...

...

Quando dei por mim, estava no final da primeira quadra da rua 92, e pelo jeito, corri com a colher na mão.  

Quando meus pais e irmãos chegaram, eu estava no banco de fora da casa tossindo. 

- Tudo bem Carlinho?

- Tá sim. Cof! Cof!

- Mas também? pegando friagem. Entra menino!


E assim fui dormir desconfiado do meu guarda-roupa, com as narinas cheias de pó de chocolate.




Pantoja Ramos.


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Companital-86: marcação pra virar o jogo

A camisa tinha o tamanho de um vestido em mim. Eu, pequenino, só teria as duas mãos de fora, a canela e os pés. O resto do corpo estava envolto por aquela camisa amarela surrada, timinho de futebol para jogar atrás do Ginásio de Monte Dourado, num campo de areia não tão pedrado quanto o famoso "sangue de areia", porém suficiente pra ralar qualquer joelho.

Eu nem iria escrever hoje. Sei lá. Estou pra baixo. Influenciado pelo aumento vertiginoso dos casos de Covid-19 no país. Sentei aqui na frente do computador a ensaiar uma tecladas até deixar o momento me levar. Faria uma montagem-charge? Faria um áudio da Rádio Buca da Noite? Não, não, sem vontade. Lembrei-me desse primeiro jogo meu, em 1986, na ideia que eu seria atacante. Saí de casa todo animado pra esse jogo das cinco da tarde para estrear na ponta-direita. 

"Lá vai Carlinho, rápido, insinuante, guisa pra cá, guisa pra lá, é muita habilidade... Uóooooo grita a torcida. Olé. Olé. Parece o Renato Gaúcho".

Pára.

Renato Gaúcho é Bolsonarista. Vai pra lata de lixo da História.

...

Tanta gente a nos sufocar hoje em dia. Atacando-nos de todas as formas, em todas as almas.

E eu, Carlinho, naquela memória pendurada na árvore do Jari, fui indicado pelo arremedo de técnico do meu time a não ser atacante e sim lateral-direito. 

"Carlinho, Tu vais marcar aquele lá, o Gilberto".

Esse sim um pequeno craque. 

Minha expectativa de driblador murchou. Franzi a testa chateado. Fazer o quê? Vou marcar o tal Giberto. E pelas embaixadas na hora do aquecimento, o cara era fera.

Na primeira bola que disputo, recebo um balão. Os homens do alambrado gritam "OLÉ!". Fui novamente: bola debaixo das pernas. 

"OLÉ".

No início até pensei que teria uma crise, daqueles meus arroubos, sentar no chão e chorar; ou sair quebrando tudo pela frente. Resolvi que não. Segui no jogo. 

Drible da vaca (que chamávamos "chagão"). O moleque corre muito!

Chapéu (diferente do balão, que é mais alto).

Guisa de Gilberto pra cá.

Guisa de Gilberto pra lá.

Caí de bunda no chão numa freada de bola que ele deu.

Os homens no alambrado rindo de mim. Gargalhavam. "Pede pra cagar e sai!!". Gritavam.

O jogo rolando. Fim do primeiro tempo.

Começa o segundo tempo.

E num momento tocante à todos simultaneamente, os expectadores barrigudos do alambrado começaram a perceber que o jogo estava empatado e que Gilberto só firulava, driblava-me sim, mas não prosseguia muito perto da trave, eu sempre na perseguição. Não dei pernada. Não fazia falta. Perseguia, perseverava. Atrapalhava, chutava pra lateral. De repente Gilberto cansou-se, estava sem paciência, pois eu não o largava. Eu sei que individualmente estava sendo humilhado, mas o foco de marcação não me abandonava. 

O jogo terminou empatado. Gilberto não fez gol. Olhou pra mim, passou a mão na minha cabeça, meio carinho, meio alertando. Admitindo que eu não desistia fácil.

Os homens do olé passaram a grunhir comentários. Alguns me elogiaram. Talvez eu tenha virado o jogo das opiniões quando Gilberto e eu fomos atrás da bola e juntos demos com as caras na cerca de arame demonstrando que o esforço estava nivelado. Falávamos de brio na atitude.

O brio de quem está sendo driblado pelos acontecimentos como os de hoje.

E caído por ter sido driblado vergonhosamente pela estupidez das pessoas na pandemia que nos assola, eis que o menino Carlinho me chama pro jogo.

Tá certo, Milton, "... toda vez que o adulto fraqueja, ele vem pra me dar a mão...".


Aí, você que me lê, deixa a tua criança te levantar.


Bora pra luta.





sábado, 2 de janeiro de 2021

Companital-86: prefácio

Belém, 2 de janeiro de 2021.


Filha, estamos em 2021 e quando criança, lá em 1986, eu jurava que veria agora carros voadores. 

Filho, constato que estamos mais para Mad Max do que para Jornada nas Estrelas. Bacurau no meio desta estrada.

E por que eu decidi escolher o ano de 1986 para contar memórias minhas? Entre os possíveis motivos que sondam a minha mente, martelam o fato que neste dito ano tudo clareou, fixou-se, sinalizou que eu estaria saindo da infância para uma pré-adolescência, onze para doze anos de idade, nem lá, nem cá. A primeira confusão realmente mental, nem tanto influenciada pelos hormônios e sim principalmente pela curiosidade e grandeza dos fatos, para o bem e para o mal, que chegaram-me. Confesso que a morte recente de Maradona influenciou pela decisão de escrever sobre Monte Dourado, região do Rio Jari, município de Almeirim, divisa entre os estados do Pará e Amapá, driblada a minha timidez junto com os zagueiros ingleses naquele golaço de El Pibe. O nome primeiro eu já tinha ensaiado: Companital, auto intitulada variação do termo Company Town, aquela que seria a cidade, a vila de uma empresa.   Aqui no Pará eu conhecera além de Monte Dourado, a Companital Vila dos Cabanos, em Barcarena; e a Companital Carajás, no sul do Estado. São lugares, como o nome já explica, em que a vida gira ao redor das indústrias que os construíram e cuja rede de relações sociais é profundamente marcada pelo efeito do trabalho nestas firmas e vice-versa.

Companital já estava acordado há tempos entre as partes que envolvem meu pensar e meu teclar. O acréscimo 86 veio-me das imagens ainda coloridas da Copa do México e do Rock In Rio! Ahhhh, eu já queria ser jovem! Era um frangote que tentava sem sucesso me destacar no papo dos mais adultos e que frustação de ser colocado no meu devido lugar, menino de cara lisa sem um fio de bigode ainda. No ano anterior, 1985, a Organização das Nações Unidas o decretara como Ano Internacional da Juventude. Virou o ano e eu mantive a sensação de ainda estarmos celebrando os jovens mundialmente, afobação que me bagunça a mente. Portanto, se eu misturar fatos ocorridos em outros anos, favor desculpar a minha equivocada linha temporal. Talvez lance pitadas de 1984, 1985 e até mesmo até 1989, mas fica por aí. Sei da década vivida perfeitamente balizada no meu cognitivo, cujo símbolo dos sentimentos vários que tive está representada no ano de 1986. 

Assim, fica: Companital-86. Fiz a checagem. Título escolhido: certo. Período da vida abordado: certo. Quando escrever... Hum? E agora? Não estava certo de quando começar e aí tenho que informar que sou muito fiel ao que leio ou escrevo porque realmente crio verdadeiros relacionamentos literários com minhas obras. Muitas pessoas conseguem ler vários livros ao mesmo tempo, escritores produzem mais de um livro simultaneamente e eu gostaria muito de também ter tais características profícuas, mas não. Mantenho o foco nestas construções e como tenho um projeto de livro (já iniciado) para 2021, veio o dilema. Chamei pelo gênio que me acompanha, minha esposa Neri:

"Amor, estava pensando, que tal se eu fizesse uma série de textos como crônica para falar de Monte Dourado? Desse jeito, acho possível conciliar com o outro livro sem causar conflitos a mim mesmo. O que você acha?".

O gênio respondeu envolto em uma nuvem cheirosa de café:

"Parece que já tens a resposta. Então por que perguntas?".

Gênio magnífico me acompanha. Não tenho dúvida que a voz do gênio que perseguia Sócrates era na verdade de sua esposa, Xantipa.



Pronto! Companital-86 caminhará.



quinta-feira, 27 de abril de 2017

"Castanhais Para Sempre", o lema da Comunidade Repartimento dos Pilões, Almeirim-Pa

CASTANHAIS PARA SEMPRE!
E BISCOITOS TAMBÉM!


Dilva Araújo, vice-presidente da Associação dos Micro e Mini Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade Repartimento dos Pilões - ASMIPPS.



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

MONTES


Do E-Livro Aforismos do Grande Rio - http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/4069719


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Plano de Uso dos Castanhais do Avanço da Comunidade Repartimento dos Pilões


No dia 22 de março de 2016, a comunidade Repartimento dos Pilões aprovou seu o Plano de Uso dos Castanhais do Avanço, primeira etapa do Plano de Uso Geral dos Recursos Naturais daquela localidade.  Os Castanhais do Avanço são áreas de coleta de castanha-do-brasil onde todos os moradores da comunidade podem acessar, cuja ordem obedece a chegada e a capacidade familiar de trabalho. Tais áreas precisavam de um plano de gestão, agora aprovado em assembleia.




Esta ação da ASMIPPS ocorre no âmbito do projeto Gestão dos Recursos Naturais e Valorização da Castanha-do-Pará da Comunidade Repartimento dos Pilões, Almeirim-Pa, apoiado pelo Fundo Dema. Também são parceiros importantes de Repartimento dos Pilões a Comissão Pastoral da Terra e o Instituto Internacional de Educação do Brasil.


A comunidade Repartimento dos Pilões luta pela posse de sua terra contra a Empresa Jari. A partir do Empate, no natal de 2014, posicionaram-se contra a extração de madeira na região. “Queremos proteger nossos castanhais e lutar também contra a especulação de venda dos castanhais incentivada pela empresa para pessoas de fora, desrespeitando o fato de estarmos aqui vivendo da castanha desde os anos 1950. Os castanhais são bens de todos os moradores, respeitados os usos tradicionais”, alerta Dilva Araújo, coordenadora do projeto.

A seguir o Plano de Uso dos Castanhais do Avanço.









sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A Casa da Mulher







Foto: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/14/opinion/1442235958_647873.html / Lilo Clareto

Rio Paruahu, pensando em Belo Monte, pensando em Almeirim, 04 de outubro de 2015.




São homens maus,
são homens maus que destroem minha casa
em nome de outros covardes
que não tem coragem de me olhar de frente
mas espera, antes de ir, dai-lhes este recado:


Derrubaste minha casa
caiu o esteio de minha história
ali mantinha a plantinha
neste canto meu filho brincou
pisaste nas minhas memórias
que fiz de cruel para este furacão?
confesso que me balou no peito
Destroços de meu coração


derrubaste a casa
derrubaste-me um pouco
mas de repente veio-me a ideia
reerguer-me
pois a casa sou eu
afinal sou Mulher
trago a vida desde que o mundo é mundo


vou me levantar
vou ser exemplar
outras virão juntar-se
para assim sermos infinitas


vejo o medo em seus olhos
não contavas o quanto seríamos
esta é nossa casa


derrubaste a casa
suas máquinas e homens sem emoção
passarão uma vez que não há alma
e seu numerário
nada será para te dar a paz
dorme com o choro das crianças
e não sentindo consciência
nas fugirás dos meus olhos


vem prestar contas comigo
veja quanta firmeza
o espelho do que é princípio
da ternura e coragem


vejo-te o receio
e a pequenice dos atos
agora sou gigante
a exigir em todo o Universo


Derrubaste a casa!
mas acordaste a fúria!
dos extremos da Terra
vem ajudar-me Gaia!


juntas comandantes
pisaremos a cobra
juntas mudaremos
todos os destinos


A Casa é da Mulher


Tenho o rosto de todas
até de sua mãe
sua filha e esposa te condenam
veja o enlaçado que estás um nó
não percebias que somos uma só
Ao ferir Nossa Lei agora és réu


derrubaste o lar da inocente que só queria paz
todo teu dinheiro não vai te livrar
nem mil advogados irão te escapar
queres saber por que?


Justiça é uma Mulher!!!!!
Pantoja Ramos
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5406249

domingo, 28 de junho de 2015

Carta sobre a Meliponicultura

Belém, 28 de junho de 2015.
Caro Richardson,
     
Desde que conheci seus trabalhos sobre a criação de abelhas nativas para a produção de mel (de um nome complicado de decorar no início, confesso) ainda no Instituto Peabiru, percebi que ali estava uma antiga ciência socioambiental, decisiva para contribuirmos com a diminuição de nossas ações desmedidas à floresta. Assim, a Meliponicultura veio a mim como uma nova tecnologia social, mas besteira minha, é sabedoria indígena que temos subestimado desde as décadas militares e mesmo no período de redemocratização brasileira. Ainda não se firmou como política Pública é bem verdade.


Albert Einstein ao falar das abelhas, acertou em cheio sobre a soberba da humanidade em atacar a biodiversidade, ganhar dinheiro e achar que não teríamos as reações da natureza. Mostra-se, pois, a diminuição da produção de frutas onde agem os agrotóxicos e agora plantios transgênicos, apesar da insistência de alguns em dizer que não há relação[1]. O preocupante deste quadro é o efeito sobre as árvores de maneira geral. Contudo, apontas o caminho no seu Manual da Meliponilcultura: uma comunidade com 30 meliponicultores fixa 166 toneladas de carbono por ano e ajuda na conservação de 160 hectares de floresta pela simples ajuda na polinização das plantas! Bingo!


Como principais agentes polinizadoras das árvores amazônicas, abelhas sem ferrão como a uruçú e jandaíra (as mais conhecidas, do gênero Melipona sp), seu manejo somente agora começa a ter mais reconhecimento do público e das agências de apoio a projetos socioambientais. Essa vitória é sua e de todos aqueles que lutam por esta bandeira, agitada por muitos anos pacientemente até que fossem vistos como iniciativas de transformação social, econômica e de combate ao desmatamento.


E espalham-se os meliponários Amazônia afora. Sei que conheces e acompanhas os projetos junto às entidades indígenas do Amapá. Informo-te que existem pelo menos 10 projetos apoiados pelo Fundo Dema voltados para o desenvolvimento da meliponicultura em municípios das regiões Xingu e Baixo Amazonas que dariam por si só uma rede robusta de troca de experiências como forma de aprimorar esta ciência para torná-la política pública. Eis a sugestão: Uma rede intercomunitária de meliponicultores.


Sobre esta possível rede, não poderia de deixar de mencionar o trabalho feito por vocês na comunidade Praia Verde, em Almeirim, que poderia ser incluída neste rol. Estive lá no período de 19 a 21 de junho de 2015 e fiquei surpreendido com a desenvoltura dos comunitários locais em explicar as técnicas e com a pequena cidade das abelhas sem ferrão na posse de “seu Marabá”. Ainda não produzem a quantidade de mel que desejam, uma vez que estão em fase de consolidação das colmeias, mas um fato dito pelo senhor que nos acolheu nos deu dimensão da importância ambiental e econômica desta atividade: “a produção de frutos, principalmente de açaí aumentou muito depois que começamos a criação de abelha nativa”. Vejam só que interessante aliar abelha e açaí, então pronto: o manejo florestal de açaizais nativos se depender de mim andará junto com a meliponicultura, não somente por causa do açaí, mas para garantir a reprodução de outras plantas para o enriquecimento da flora que rebate na fauna que rebate nos olhos dos que virão amanhã.

Foto: Comunidade Praia Verde e seu Meliponário

No final das contas aprendi com sua arte (sim, pois acho uma arte) que deveríamos pensar como as abelhas: polinizar nas mentes que outro mundo é possível, diverso, equilibrado, mais justo e muito mais interessante.
    


Aos mestres, escrevi.

Pantoja Ramos



[1] Segundo reportagem do site http://www.biodiversidadla.org/Principal/Secciones/Noticias/Agrotoxicos_matam_populacao_de_abelhas_e_comprometem_biodiversidade, em Araraquara, apicultores lutam para diminuir a carga de agrotóxicos nas plantações que estariam matando abelhas e prejudicando nesta região a apicultura. 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Empate no Projeto Jari - Pará / Manifesto das Comunidades de Repartimento dos Pilões e Vila Nova


Ao longo dos séculos as populações tradicionais da Amazônia têm sido penalizadas pelos processos econômicos de colonização. Saque de riquezas, execução de índios, negros e extrativistas tem sido o  enredo. São estas populações que compartilham todos os tipos de passivos sociais e ambientais, enquanto uma pequena parcela da sociedade concentra as riquezas.
Foto (ASMIPPS) 

No sentido de ampliar os nossos direitos e garantir a vida de gerações futuras, que nós extrativistas das Comunidade de Repartimento dos Pilões e Vila Nova, do distrito de Monte Dourado, município de Almeirim, oeste do Pará, região o Baixo Amazonas, Amazônia brasileira, vimos a público esclarecer sobre o Empate organizado no fim de dezembro de 2014, pela população extrativista contra a exploração de madeira pelo Grupo Jari em nosso território:


1) 240 pessoas, aproximadamente 70 famílias moram no território de 61 mil hectares das Comunidades de Repartimento dos Pilões e Vila Nova há mais de cem anos. Nela sobrevivemos do extrativismo da castanha, cipós, copaíba, andiroba, cumaru, jatobá, preciosa, da pesca, da caça e do cultivo do cacau, mamão e de hortifrutigranjeiros;

2) É a partir dos recursos da floresta que podemos garantir a sobrevivência e a reprodução econômica, social, política e cultural de nossos idosos, adultos, filhos e netos;

3) Esclarecemos que o Projeto Jari, instalado na região desde 1968, período marcado pela ditadura civil militar, passou a controlar enormes porção do território da região. Ao longo dos anos a ação dos
sucessivos empreendedores tem sido marcada pelo desrespeito aos direitos das populações locais, ameaças, coerção pública e privada;

4) No fim do ano passado a empresa passou a extrair madeira de lei do território de nossas comunidades; ação que consideramos ser equivocada, por defendermos que a área pertence há mais de cem anos aos moradores das comunidades;

5) Avaliamos que a medida da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará em expedir o Plano Operacional Anual (POA) ao Projeto Jari, viola acordo firmado em maio de 2013, onde ficou decidido e lavrado em ata, a decisão em não expedir autorização até a resolução sobre a questão fundiária; além de expedir o documento, há indícios de erros técnicos sobre a delimitação da área, ou sobreposição, que merecem ser investigados;

6) Do Grupo de Trabalho participam entre outros, os seguintes entes: Ministério Público do Pará (MPE), Instituto de Terras do Pará (ITERPA), Defensoria Pública do Estado do Pará, Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, Ministério da Justiça (Polícia Federal), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Federação doso Trabalhadores\as rurais do Estado do Pará (Fetagri), Grupo Orsa (atualmente Grupo Jari), Vara Agrária de Santarém;

7) A decisão em organizar o Empate na madrugada do dia 23\24 tem como motivos os elementos citados acima, além da luta, resistência, sobrevivência da população extrativa das Comunidades de Repartimento dos Pilões e Vila Nova.


Associação dos Micros e Mini Produtores Rurais e Extrativistas da Comunidade de Repartimento dos Pilões e Vila Nova.

Rede Comunitária Almeirim em Ação (RICA)

Monte Dourado\Almeirim, Pará- Amazônia, 12 de janeiro de 2015


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A luta da Comunidade Repartimento pelo uso de seus recursos naturais - PARTE 4



Desde o dia 26 de dezembro de 2014, as famílias da comunidade Repartimento dos Pilões, Almeirim-Pa,  reuniram-se em protesto às operações florestais da Empresa Jari. Alegam que as operações de extração de madeira adentraram na área de uso dos comunitários.

Policiais foram ao local tentar retirar as pessoas, que mantem-se na posição até que o poder judiciário se manifeste sobre a regularização fundiária das famílias locais e limites do Plano de Manejo Florestal Empresarial.

Foram enviados a este blog fotos do protesto na área florestal de Repartimento, segundo relatos, feito de forma pacífica, porém, firme em suas opiniões.












sábado, 27 de dezembro de 2014

A luta da Comunidade Repartimento pelo uso de seus recursos naturais - PARTE 3

Em Dezembro de 2010, a Rede Intercomunitária Almeirim em Ação (RICA) enviou à Secretaria Estadual de Meio Ambiente ofício demonstrando sua preocupação sobre as atividades florestais da Empesa Jari em áreas próximas de comunidades.

No documento, a RICA expressa a intenção de debater o assunto no município, convidando entidades como SEMA, Ministério Público Estadual , ICMBIO, Defensoria Agrária e FSC a comparecerem em 03 de março de 2015 para discutir os impactos das operações da referida empresa na vida das comunidades adjacentes à FLOTA Paru e Estação Ecológica do Jari.

Abaixo, segue o convite da RICA para esta discussão.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A luta da Comunidade Repartimento pelo uso de seus recursos naturais - PARTE 2



Denúncia de setembro de 2014 feita por moradores da comunidade Repartimento dos Pilões, Almeirim-Pa sobre o desmatamento causado por pessoas ligadas a grupos empresariais da região.

Desde então, foram tomadas providências?



Para mais detalhes ver os links:

  • https://www.youtube.com/watch?v=3CAmiQvyb4U
  • https://www.youtube.com/watch?v=797jwjqfoT0





A luta da Comunidade Repartimento pelo uso de seus recursos naturais - PARTE 1

Nos últimos anos a comunidade Repartimento dos Pilões passou a se mobilizar para defender seus recursos naturais. A contenda envolve a comunidade e as atividades da Jari Florestal em plantios de eucaliptos e exploração de madeira nativa. Neste primeiro relato, Dilva Araújo, liderança comunitária descreve a comunidade e o conflito existente sobre a terra na região:


"A história da Comunidade Repartimento

F
Foto: Dilva Araújo


Quero contar uma história que muito me chama atenção de uma comunidade chamada Repartimento do Pilão. Em 5 de janeiro de 1960, montados em uns burrinhos por caminho de mata fechada, chegamos neste lugar. Acompanhados de nossos pais –  Sr. Osvaldo Antônio de Araújo e D. Isaurina Almeida de Araújo – e de outras famílias que vinham somente para a colheita de castanha, neste belo lugar que só existiam duas famílias (o Sr. Paraíba e D. Gita, Sr. Raimundo Lopes e D. Joana).

As famílias tinham roças, só tinham algumas plantas de raiz em seus quintais e não havia luz elétrica, era somente lamparina a querosene. Existiam duas estruturas, sendo um galpão de colocar a castanha e a cantina onde os castanheiros ficavam até irem para seus castanhais. Essas estruturas pertenciam ao comprador de castanha, o Sr. Otavio Simplício dos Santos, que morava na comunidade de Paga Divida.

 No final da safra de castanha meu pai e o sr. Jose Santana, resolveram não ir mais embora, aí que começou a agricultura na comunidade. em 1961, já tinham roças com plantios de mandioca, meu pai fazia farinha em um forno feito com duas latas de querosene, enquanto minha mãe moía milho em moinho para fazer cuscuz, complemento de nossa alimentação.

Foto: Dilva Araújo


Em 1962 já havia um morador, porém, ainda continuava ruim, não tinha estrada para irmos para a Comunidade Bandeira, tínhamos que ir montado em burros. No dia 24 de dezembro de 1962, meu pai faleceu... A coisa mais triste que aconteceu, mas mesmo assim, minha mãe e nós continuamos aqui. Em 1963 chegou um Sr. chamado Raimundo Coutinho, juntamente com o Sr. Feliz Matias de Sousa. Eles reuniram os homens que aqui já estavam e abriram uma estrada para que o carro chegasse até aqui. Não existia motosserra, só existia machado e facão, e esse cidadão tinha na época um trator pequeno, que ajudou a fazer a estrada e esse campo que hoje existe aqui na comunidade.

E assim foram se passando os anos e a comunidade foi desenvolvendo os trabalhos de agricultura e extrativismo.  Ai, chegou a vez de uma empresa chamada Jari, que mesmo trazendo alguns benefícios para a comunidade, junto veio muito sofrimento. Tudo era difícil: não podíamos fazer casa, só se fosse com ordem da empresa, pois os seguranças não deixavam e assim por diante.

A comunidade só deu passo melhor com a entrada dos prefeitos. Em 1985, um sr. Alfredo Hage, doou um motor de luz para nossa comunidade, isso foi uma alegria. Logo depois veio a Sra. Marta Feitosa e o Sr. Jaime Boi na Brasa, que presenteou a comunidade com a primeira televisão e antena parabólica.

Hoje graças ao nosso Deus, a comunidade já se encontra com escola, duas igrejas, uma evangélica e a outra católica, cada morador tem seu plantio. Os conflitos nunca deixam de existir, mas também temos uma associação que com muita luta esta organizada. Ah! Quero tirar uma dúvida a respeito deste nome de Repartimento do Pilão: primeiro, Repartimento, por existir um igarapé que se divide em três partes, segundo, Pilão, por ser o lugar de referência para chegar a comunidade.  

E, continuando a historia, quero lhes dizer que hoje, já tem pessoas que se deslocam de seus lugares para habitar aqui, no caso de algumas famílias que vieram de Altamira/Xingu para conseguir a sua sobrevivência neste lugar. Não tinham nada como quando chegamos, mas encontraram uma comunidade com muito mais. Uns vieram com vontade de trabalhar e ajudar a comunidade a crescer, como é o caso do Sr. Eugenio e sua família. Outros vieram somente para gozar do que já tinha e melhorar suas vidas, colocando bar na comunidade, fazendo roçado nas áreas de tradição dos moradores (em castanhais) que somente as pessoas que já moravam aqui utilizavam.

Em nossa comunidade cultivamos: mandioca, milho, arroz, feijão, banana, mamão papaia, também plantamos aqui plantas de raiz como: laranja, pupunha, manga, caju, abacate, acerola, cupuaçu, biriba, açai, cajá, jaca, graviola, noni, coco e jambo, também temos hortaliças: pepino, alface, couve, maxixe, cebolinha, cheiro-verde (coentro), salsa, pimentão, tomate, etc. Temos também criação de animais: pato, galinha, porco, gado, burro, carneiro e picote (galinha da angola).

Então, meus amigos, eu escrevo esta carta para que vocês saibam o que já passamos para chegar até aqui, para que outros venham se aproveitar de nossa luta, gostaríamos que os órgãos públicos entendessem o por que nós pedimos o documento (coletivo) para a nossa comunidade e nos ajudasse a melhorar a nossa tradição, porque somos tradicionais, temos 35 pessoa que trabalham na agricultura e na castanha e outros que só trabalham com a agricultura."
Dilva Araújo, liderança comunitária

Foto: Dilva Araújo


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Rede Intercomunitária Almeirim em Ação – RICA/ Proposta de Ordenamento Territorial Reconhecendo o Uso das Comunidades Rurais Locais

Mensagem da Rede Intercomunitária Almeirim em Ação:



"Senhores e senhoras,

A Rede Intercomunitária Almeirim em Ação – RICA, é um fórum de discussão sobre desenvolvimento local, regional e sustentável de Almeirim. Criado a partir da necessidade de organizar o debate sobre o ordenamento territorial e condições de vida das comunidades rurais de nosso município, a RICA surgiu no primeiro encontro sobre segurança fundiária, ocorrida nos dias 16 e 17 de fevereiro na comunidade Barreiras, cuja carta final (em anexo), resume nossos anseios sobre segurança da terra e paz no campo.
Na oportunidade, enviamos também a carta proposta da Rede Intercomunitária Almeirim em Ação - RICA, produzida no seu 4o Encontro sobre Segurança da Terra realizado no dia 16 de maio de 2014.

Atenciosamente,


Rede Intercomunitária Almeirim em Ação."







domingo, 18 de maio de 2014

Almeirim quae sera tamen


    Foto: IFT
                      
      Almeirim, 17 de maio de 2014.


A liberdade é invisível
não tem pompa
nem tem salário
são mãos dadas num passeio de namoro com a Felicidade
em fim de tarde de sol a escolher o sabor do sorvete.

Amedronta
incomoda
é buscada
mas dá um trabalho a danada
quando conquistada.
Porque é moça de princípios.

E o que isso na sua mão Bené?
"é minha mão pronta para ajudar a mim mesmo"
e o que é isso no seu rosto, Nete?
"é sorriso meu pronto para levantar os meus dias"

Não tenho permissão mais de escrever sobre Liberdade
quer saber? Tenho sim!
é a Felicidade perguntando a todo tempo a Ela
"o que você acha?"
"Eu acho que a sua alma basta para te mostrar o caminho...".
Pantoja Ramos
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/4811456

Foto: Rafaela Dumont